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foto cedidas por Jurandi |
Encontrei
aqui entre meus papeis, um escrito cujo título é “ Os judas nossos de cada
dia”, escrito há exatamente dez anos, quando vésperas de Semana Santa, de nossa
ida ao Povoado Cajazeiras para acompanhar uma sessão ordinária da Câmara de
Vereadores em que o Presidente da Câmara pretendia em sua supremacia aprovar
umas prestações do executivo, na ocasião, papai havia me alertado , caso
escreva algo não fale sobre nomes; evite fazer citações sejam quais forem, eu
(dez)obediente que sou, contei o fato. Marcante fato porque nomes grandiosos se
fizeram presentes e compreenderam a sentido da luta coletiva. “ Em cada década
um grande homem”,
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foto cedida por Iran Avellar |
Naquele ano
havia sido deflagrada a greve de professores, considerando algumas
arbitrariedades, entre elas, a retirada de uma matrícula de alguns colegas
nossos, não foram dias fáceis, de um lado, o entendimento de que não lutávamos
apenas pelas perdas salariais, de outro, a conivência de uns poucos que comungavam
com a ideia do executivo e legislativo de que não passava de “insatisfação dos
derrotados” no processo eleitoral. Coincidentemente nós vencemos! Os
Professores
Clemilton Barros e Paulo Costa
lideravam o sindicato de professores;
havíamos ajudado a eleger
Professor
Raimundo para a
Câmara (este foi
nosso braço forte); nosso amigo,
o
Sociólogo
Iran Avellar havia criado
um blog,
(nosso canal de comunicação)
não tínhamos direito de resposta no canal de comunicação local, e “ a meia
dúzia de baderneiros”
, uma forma de
desqualificar a categoria, ia sendo execrada a todo instante. Não nos calamos!
E com perseverança, confiantes na união e com apoios, nossa voz foi ouvida !
Nosso capitão, nosso querido José, era nosso aliado forte, dizia ao nosso
coordenador
“falem nos quatro cantos,
nalgum deles serão escutados”, não nos intimidamos porque houveram ameaças,
rememorar mais uma vez esse ano, porque sei que outras gerações precisam
lembrar desse feito! E a meia dúzia transformou-se em seis centenas e a
respeitabilidade pode ser notada logo em seguida; tivemos orgulho daquele
momento, nos sentimos representados, eu falava sobre isso com Professora
Ivanildes Marques, com nossa Vereadora Alda, com minha amiga Francinete-Thana;
com nosso representante sindical Jurandir Pedrosa ...O poeta deixou sua
orientação para nós “ nossa vida, construímos a cada passo de mãos dadas”; e
não temos nos afastado. Urbano Santos nossa terra querida , não é apenas a
retórica de quem a administra ; é efetivamente o “orgulho e glória de sua gente”;
mais do que as palavras e páginas nossa cidade tem sido construída por “várias
mãos”, e é um lugar bom de se viver e quando aquela turma que ensaiou o motim
para conclamar sobre direitos e deveres celebra uma década , minha querida
cidade adulta que é, comemora 90 anos! E nós respeitamos tua história!
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Foto cedida por Jurandi |
Ousei
escrever há quase dez anos uma metáfora sobre um recorte bíblico que trata da
parábola da Terra Prometida:
Urbano
Santos: terra prometida , quem a respeitará ? , respeitar a sua história,
reconhecer os nomes e personalidades que contribuem na realização de sonhos;
agradecer pela contribuição nos avanços e ser parte do projeto coletivo,
estará aqui minha reverencia minha homenagem
nessa década que nos deixa
um enorme
legado! Seguimos dispostos a servir ao lado daqueles que iguais a nós desejam
ver realizados sonhos e projetos de muito mais pessoas; e porque em nós não
havia o medo de perder, em tudo houve ganhos, na alegria de ter encontrado o
terreno fértil,
na conquista de
aprovação do plano , na abertura de novos cursos e atendendo a muito mais
colegas, na ocupação de espaço para o uso da voz , nas oportunidades de
compartilhamento de informações, na experiência de fazer boas escolhas e ser
protagonistas de novos ciclos; todo ou qualquer resquícios que trouxemos nos
deu equilíbrio para transitarmos com mais lucidez.
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Foto cedida por Jurandi |
Nosso
sentimento tem sido o de avançar , certamente não citarei todos os nomes ,
porém quero compreender que todos aqueles que
participaram, enfrentando as instabilidades de um retrocesso hão de saber que fomos
vitoriosos, não pretendo conotar arrogância
no ganho; posso enxergar de maneira otimistas mesmo os maiores desafios!
Eu sentir necessidade de registrar essa escrita para que
nossa luz não se extinga
assim de uma hora para outra , para que as
gerações depois de nós saibam que fizemos parte de uma construção coletiva ,
numa metáfora da escrita de Bertolt Brecht “onde estarão aqueles que carregaram
as pedras e tábuas, teriam sido os próprios
reis que as transportaram?
“ ;
acrescentemos nossos nomes para que os livros tenham mais esse registro! E
nossas seis centenas se multiplicam e celebram conosco outros ganhos, modéstia
a parte em cada ciclo nos tornamos seres mais evoluídos , e a acuidade que se
manifestava tão timidamente, tem sido frequente em nossas atitudes... porque
não somos somente as palavras! A propósito não trago possibilidade de variáveis
históricas, construo um pensamento e o descrevo do ponto de vista de quem
conviveu intrincados momentos similares às ditaduras; e se em cada década há de
se registrar pelo menos um nome, ou se para ser
mais exato devo destacar o nome que nos incentivou na caminhada; descubro
aqui pelo alcance de meu olhar e permaneço com o nome de
Clemilton Barros ... e nosso futuro está aqui nos átimos desses
contextos, em nossas ações, no compartilhar de ideias, na configuração de
sonhos! E assim se no
tie break eu
não estiver na partida, terei esbarrado na canção que fizemos ecoar nas mentes
por tantos dias “professores, protetores, das crianças do meu país, eu queria ,
gostaria ...esse é o discurso que eu fiz ! Um brinde às credibilidades dos
nomes que definitivamente são dez!
3 comentários:
2009, meu último ano do magistério, Magno Bacelar. Lembro que eu e mais alguns colegas ficavamos chateados quando aquele "bando de vagabundos" não davam aula porque estavam em manifestação, ficamos dias sem aulas, não entendíamos muito bem o que acontecia, preferiamos aceitar a versão dos gestores.
Dez anos se passaram, uma história foi contada, história construída pelos esforços conjuntos de professores. Tive maior contato com dois dos nomes citados, foram meus professores: prof. Raimundo e prof. Paulo Costa, o primeiro tem meu respeito e o segundo muito me influenciou.
Politicamente não tenho uma pegada revolucionária, mas vezes afirmo: "nalgumas vezes as revoluções são necessárias", no caso de Urbano Santos foi necessária uma revolta para mudar os rumos do município. Depois de DEZ, posso dizer que estamos melhor, os professores ganharam outro status, passaram de "vagabundos" a formadores dos nossos homens e mulheres.
muito boa a matéria.Obrigado pela referência que fizestes a mim. Tenho consciência da minha audácia de liderar aquele movimento, da mesma forma que compreendo que jamias sairíamos vencedores se nao fosse a unidade daquele grupo que pensanva cada passo a ser dado naquela caminhada sustantado pelo apoio e disposição dos demais companheiros da categoria que estiveram firmes na luta e enfrentamento no sol e na chuva. Nesse sentido lembro Fernando Pessoa quando diz: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena".
Professor Clemilton Barros à muitos anos lutando pelos direitos da categoria e por dias melhores para nossa querida Urbano Santos.
Homem de muita coragem!
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