Cem dias, sem datas ... “ tecendo manhãs”


A vida é como um trem há sempre um lugar vazio deixado por alguém”  temos repetido ou ouvido essas expressões mais vezes , um passageiro de longe, de mais perto, uma pessoa especial de nossa vida,  tem  sido assim.. há dez anos, por exemplo, em Maio, fomos acordados na madrugada com a triste noticia do falecimento de nosso irmão, era sua última viagem; em minha cidade estávamos eu, meu filho, meus pais e fomos avisados através de um policial amigo . Por que não avisariam aos meus irmãos que tem domicilio em São Luís?  Em que estaria envolvido meu irmão para que fosse morto a tiros daquela forma ? Tantos porquês e nenhum deles tiveram respostas e dentro de nós viraram cálice... Não havia o que ser questionado.  Naquele ano, havia dez anos que meu irmão estava  “ a serviço” de um Secretário de Estado , sendo que  naquele ano, estava exercendo o mandato de Deputado !  Em que isso faria diferença? Com que apoio contaríamos para averiguar em que circunstancias nosso irmão fora assassinado? As evidencias falavam por si sós,  via de regra,  seria mais um homem, um policial executado, uma operação litigiosa, comando equivocado,  e no final virou uma estatística; para nós: um filho amado, um pai idolatrado, um irmão querido, um cidadão... Sim, nosso irmão foi executado e nunca houve explicação sobre o caso! Há dez anos!
Sempre que volto a escrever sobre esse assunto, mesmo depois de tantos anos ainda me vem a memoria o momento fúnebre, a triste despedida, a indignação, as controvérsias apresentadas, não tivemos como apresentar contraprovas, depois, é fato que passei a aprimorar meus pensamentos, em lugar das constantes raivas sobre a barbárie, dei lugar às lembranças bonitas, ao comportamento de gratidão; substituindo as tristezas pelas saudades de alegrias, de conquistas, muita coisa boa continuaria viva dentro de nós! E é bem mais aceitável que nosso irmão tenha morrido por nós, e outra missão nos seria apresentada. E nosso  mês de Maio começou como os demais, mês de nossa Mãe  Maria, nossa protetora, e há quase cem dias estamos nesse embate , sem saber de que lado pode vim o ataque, o vírus é invisível, poderoso, e seja qual for o evento previsto, ele se antecipa e ataca,  havíamos planejado  uma Missa porque é de nossa cultura e faz parte de nossa fé, no entanto os planos de Deus prevalecem sobre os nossos, toda vez; adiamos e nos empenhamos com as orações em nossas próprias casas, todas as coisas tem a cada dia pertencido a um futuro bem distante e mais desconhecido de nós. Não há o que dizer , o que sentir o que fazer ! Retomei uma canção de Osvaldo Montenegro , há dez anos quantas canções que você não cantava \hoje assobia para sobreviver  ? Há dez anos com que entusiasmo “você liderava” e hoje quantos se espelham em você? Sonhar ! Sondar! Saudar! Quantas providencias!  Quantos diálogos?  Em quantas construções de mudança? O que era essa a normalidade que todos nós falávamos e começamos a sentir  falta? Nesses quase cem dias, será se já tivemos tempo de nos desfazer de nossas corriqueiras insensibilidades? E há dez anos nosso irmão fora executado e continuamos sem respostas.
E nesse mês de Maio, celebramos a vida, relembramos em oração os 7 anos dessa inovada vida de nosso pai, e nossas; celebramos a passagem de meu irmão para a eternidade;  porém , foi um mês de despedidas, de novos passageiros desceram e ou de seguirem suas próprias viagens,   foram dias  infinitamente tristes, já não era o famoso de longe, o da tv ,  o palhaço, o bêbado, o equilibrista, o politico, o petista o bolsonarista...  em nossa cidade “mãe gentil” choram Marias, Luzas, Raimundas, Franciscas, Josés,  Pedros, Claras, Éricas,  Franciscos, Darcys, Lauras, Marias,  choram os filhos, as esposas, os netos, os amigos... num dia, amanhecemos com a partida de dona Raimundinha, num outro de nosso amigo Francisco das Chagas, o Nego, lutou por alguns dias contra o vírus, mas não venceu; as famílias enlutadas nem ao menos se despediram, era até outro dia,  nossa cultura, nem ao menos 24 horas partiu seu Pedro Mendonça, e em dias seguidos seu José Ventura, dona Odete, nosso amigo José Rodrigues, aquele que era a referencia da ponte, ajudou “na travessia” de muita gente; quer dando abrigo, quer oferecendo uma palavra. Todos aqui  citados tem uma família, tem uma historia, tem um vínculo, tem um amor, uma conquista; nenhum de nós sabe o que se passa sobre o outro ; e esse vírus infelizmente, sem uma palavra vem nos dizer isso, somos mais uma vez sem aquelas chamados dos comerciais convidados a “ mais empatia por favor”. E uma cruz vazia nos diz tudo sobre isso porque só quem tem muito amor pelo outro, doa sua própria vida. E nosso mês de Maio vai se encerrando, os dias não tem sido fáceis, pelas manchetes dos jornais, do lado de onde esperamos uma sensata opinião (ao menos) vem o desequilíbrio; dos noticiários a quem não me atento muito sobre tantas fatalidades vem os números e não são poucos, dos compartilhamentos das notas de nossa cidade, ora números, e a dolorida hora dos nomes; perdemos o Tio Dedé Izidorio e as sensibilidades vão chegando perto de nós,  de quem tivemos contato, de quem sabemos os nomes e endereços..
E nosso dia 28 de Maio, sobre quem comecei falando , começa para nós com “a vida continua”, otimismo e fé, (fiz essas plaquinhas aqui em casa por causa  do José e de uma Maria) e em minha rede social havia escrito dias desses, uma passagem  “ na guerra não nos é permitido chorar”, temos vivido esses dias, presenciando a guerra sendo mais arquitetada nos gabinetes e nas redes sociais, estamos nos fortalecendo para vencer esse embate, precisamos nos manter munidos de nossa fé,  porque é muito triste não poder chorar . Antes de concluir minha escrita, soubemos da partida de Dona Maria do Aflitos,  dona Fl)ritinha, retiro das mensagens do professor Jurandi , a minha homenagem “ quando professora lá no povoado Bom Jesus, ensinava por amor, enquanto reinava no resto do país o ensino mais tradicional de nossa história nos anos 70 e 80 , ela ensinava brincando, uma professora leiga, com visão além de seu tempo”; professor, professora o entusiasmo nos segue!  Que tenhamos tempo, mais tempo, para deixarmos legados ! Talvez eu não tenha ensinado muita coisa, há quem me diga que perdi minha identidade, descarto a hipótese, mas tenho aprendido muito e sei que repetidas ou não, minhas escritas me acalentam.   Além dessas reflexões, o depoimento da neta, “da avó que se desdobrava para que não lhe faltasse nada”... E nossos dias não tem sido fáceis, tenho de forma responsável estado dias aqui, dias ali; e todos os dias com o mesmo pensamento “ quem cuida de nós não dorme” porque só Ele é o Salvador. Feitas essas considerações, há dez anos convivemos com o fato da execução de nosso irmão; há sete, temos tido a chance de aprender e saber mais sobre a força da oração com nossa Maria e nosso José;  e quando Maitê fizer dois anos, limpo as louças e arrumo a casa para meus  cinquentas, embora tenha medo de foguetes, saindo dessa, tocarei foguetes, celebrarei, e continuarei agradecendo; “tecendo as manhãs” todos os dias, com outras mãos; não haverá a festa de São João, porém sigo o pensamento de GP “ a cura esta no coração”. Saudações Marianas, saudações ecumênicas! O  bem vencerá.

De algumas construções às saudações finais


Medalha de Honra 
“Não se admire se um dia” você tiver que partir, deixar alguns sonhos para trás ouvir a canção e seguir; começa minha parte nessa historia desde que em 2000 quando fui provocada verbalmente por uma autoridade que exigia de mim que eu fosse candidata a vereadora naquele ano, não deu para mim! Papai intimado a participar da decisão, usou esse proverbio “quem meu filho beija minha boca adoça”. Depois compreendi que os riscos das carnes são de derme são de pele, só quem as tem cortadas, sabe contar sobre...   Claro sofreria retaliação, mas já era esperado, e nada disso mais me deixa ressentida, trabalhei um pouco mais de um ano no Munícipio de Belágua onde fui muito bem recebida, aprendi lições, conservo amizades até hoje, inclusive extensivas ao Povoado Piquizeiro, foi um bem enorme. E em 2002, graças a Deus, houve concurso público para professores do Ensino Médio e fui aprovada e em tudo concluo de que já  deixei passar algumas oportunidades, no entanto agarrei inúmeras e todas para meu bem, assim entendo por isso, agradeço!
     Dali em diante,  novas construções, tive inúmeros apoiadores, mas todos começaram dentro de casa, preciso reconhecer isso, e quando eu decidir filiar-me ao PT não  era uma aprovação unânime... em 2002 já escolhi em votação o Presidente  de nosso país, seguindo, em nosso município e em 2004 em Convenção Própria decidimos lançar nossas candidaturas com Julia Almeida candidata a Prefeita do Município sabíamos de nosso potencial, e da qualidade de nossos candidatos, por isso  não hesitamos, íamos cumprindo nossas agendas de reuniões e conversas,  ocupando os espaços conforme a legislação eleitoral, visitamos os povoados, fizemos intervenções e conquistas a citar ,por exemplo, através do Luz para Todos; fizemos nossa campanha com as propostas, isso nos motivava a chegar mais longe, éramos taxados de lunáticos,  e nesse contexto , uma cena nos marca nessa época : véspera das eleições , eu , meu filho, professor Raimundo, Wilson Souza, Iran Avellar, Julia Almeida,  Manoel, Mazinho saímos às ruas para de alguma forma deixar nosso material de campanha nas ruas ! Cada um numa garupa de moto e seguíamos, aos nossos opositores não fazíamos diferença, nem fomos para as estatísticas, contudo para nós, fizemos sim, votamos em nós mesmos e estávamos tranquilos quanto a isso,
Novos cenários foram surgindo, em 2008 por convenção, nos coligamos com o PDT, com o Prefeito Aldenir Santana que ia para reeleição, a quem sou grata, nessa campanha tínhamos três candidatos a Prefeito, fomos derrotados nas urnas, no entanto elegemos pelo PT nosso companheiro professor Raimundo, dali em diante, uma nova fase, subtração de direitos, cenário desafiador , nesse ano, nosso município já contava com um Núcleo Sindical atuante e nossa classe a primeira a ser atacada, foi para o campo. Nesse mandato, Vereador Professor Raimundo, foi nome forte e decisivo para todos nós durante a gestão, através dele, conseguimos assegurar alguns direitos, com apoio dos demais, claro. Muito obrigada! Depois das eleições, foram dois anos e meio em debate com a justiça para cassar o mandato do eleito, havia contas reprovadas e fazia parte de nosso cotidiano acordar ou dormir com as notas do judiciário  até que em meados de 2011 , nosso município ficou sob nova administração; os resultados foram novos nomes, outros protagonismos em nossa cidade , para nós um diferente parâmetro seria retomado a partir de agora , as projeções passaram a ser outras; consideráveis  reações ,do lado de dentro da politica social  já estávamos todos nós de nosso partido. Nossos esforços não foram em vão, em 2013 elegemos para Prefeita de nosso município Iracema Vale pelo Partido dos Trabalhadores, senti-me honrada em poder ter sido escolhida para ser gestora da Educação de nosso município, sentimento de gratidão extensivo a todos os companheiros de longevas datas que apoiaram essa empreitada. Nesse mandato, contamos com os vereadores Professor Raimundo  e Paulo Costa eleitos pelo PT. De lá para cá viemos construindo liderança, serenidade, sensação de dever cumprido; norteamos alguns trabalhos em caráter coletivo; espirito público, numa perspectiva de agradecer a oportunidade e de servir; com as falhas da pessoa e da personalidade.  Nesses anos, nunca me faltou convicção do papel que exerço, fui acolhida de forma sadia e de algum modo, minha contribuição ajudou para que eu fosse convidada a permanecer no cargo, no novo mandato de nossa Prefeita ; durante o percurso, há dez anos perdemos nosso irmão Cabo Sodré, numa ação equivocada que culminou em sua execução;  em tempos e espaços diferentes, eu e a Prefeita Iracema enfrentamos de perto a debilitação de nosso pai, de forma serena e consciente fomos vencendo; o dela foi chamado para eternidade ...
Por tudo isso que aqui coloquei omitindo alguns fatos para não tornar-me (mais) repetitiva há quase vinte anos fui filiada ao Partido dos Trabalhadores, aprendi com seu José Martins, Itevaldo, Domingos Dutra, agradeço as diversas experiências adquiridas , defensora de nosso ex Presidente Lula sim, defendi e torci para que nossa ex Presidenta Dilma não fosse cassada, legenda em nível nacional e municipal da qual me comprometi em atuar; defendi, comunguei com ideias, eu as vi virando matéria,   felizmente, assim como um dia me sentir a vontade para ingressar no partido, hoje venho dizer que eu pedir para sair, no entanto,  mantenho acesa em meu coração, minha gratidão aos ex gestores de meu município com quem não tive grandes relações de amizade mas adquiri o respeito de cada um, nesses processos de deveres e direitos , de direitos, quando ouvi certa vez:
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“aqui quem manda sou eu” , hoje eu diria está certo, não me caberia ter razão ! Mantenho vivo o legado de todos os ensinamentos, de todas as consequências de escolhas precipitadas, sair de uma legenda não me tornará uma pessoa mais ou menos preterida, pois em todo tempo tudo é processo, tudo muda! Para mim, perseguir a saúde, poder ir e vir sem a assombração dessa pandemia, e daqui a um mês completar meus cinquenta,  procurar no campo de minha atuação ser mais humilde. Essência de amizades, de gratidão, de reconhecimento de méritos deixo aqui em nome de meus companheiros Clemilton Barros, Professor Raimundo, Paulo Costa, Wilson Souza, Iran Avellar, Mazinho,  Julia Almeida, Anita Batista, Vereador Edinilson Moura,  afinal, comungando  da crônica do escritor José Sanches “ nenhuma conquista é mérito isolado de seu próprio dono...”  Aos demais companheiros sintetizo meus agradecimentos em nome de Iracema Vale Prefeita de nosso município, a quem reconheço e enalteço os trabalhos através de nossa pasta ...”   Por enquanto eu canto “ um dia a gente chega no outro vai embora” e posso dizer que meu partido agora é uma razão, um coração, uma saudação! Noutras voltas,  quem sabe ... obrigada a todos pelas conquistas conjuntas, o Partido continua sendo importante para nosso município deixá-lo agora tem um preço afetivo... contudo, bençãos divinas me fazem trilhar outros  percursos com os pés no chão...a todos meu respeito, minha gratidão, minhas saudações !






Tempo de oração, de gratidão





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Era o ano de 2020, carnaval, festa e tal, todos comemoram as alegrias , brindam , cantam, ninguém quis saber dos noticiários ..  Até que Março chegou trazendo a avalanche de informações e a triste notícia de que um vírus se espalhara pelo mundo ... De repente, não havia mais tempo de fechar as portas, então o vírus adentrou as casas, sem escolher nomes endereço ou situação. Ele não pediu licença, não ouviu os apelos, fosse de um ou de uma multidão!  Avassalador, impiedoso e cruel, com os fortes bate de frente e os mais fracos lhe serve o fel, o amargo gosto da impotência e da vulnerabilidade diante do inimigo invisível, que de repente entra num corpo qualquer e faz do medo um rosto conhecido. Eu nunca havia, em meus 33 anos, ouvido um grito silencioso tão aterrorizante! Clamar tão alto como no interior das residências que tiveram seus entes queridos arrancados sem dó, sem piedade, sem velório, sem dignidade... por lá? Lá não teve despedida, só a dor da partida que teve, o silêncio implorava de volta o que foi tirado, o silêncio gritava e gritava insistentemente... mas a pressa estava ali! Agora, outro lar invadido, outro irmão espera uma vaga/vala...um adeus que não houve tempo de dar.
  Não deu tempo de fechar as portas, “ porque nada é em nosso tempo”  mas e o coração deu tempo abrir? Houve tempo para a gratidão?  Para tempos de horror a empatia e a fé hão de servir!  Para o momento: portas fechadas cidades vazias, mãos estendidas,  mais  corações  abertos e joelhos no chão... orar é um bem necessário... ah, quão lindo é poder da oração! Da gratidão, da oração e ambas de mãos dadas darão vida a nova humanidade !
Sairemos dessa!
                                                    Professora Ilma Cristiny

De Domingo a Domingo: das lutas ao LUTO


"Há muito mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”, pensador esta muito certo , porque não cabe a nós humanos, controlarmos nada, definir sobre o que pode ou não acontecer, nunca coube! Aqui no Estado do Maranhão, o governo tem seguido as orientações da OMS  desde meados de Março, decretou isolamento social, estabeleceu critérios para o funcionamento de comercio local, abre diálogo, determina , enfim...  e a pandemia tem “enfurecido “  o mundo , os dias por mais diferentes que sejam se parecem iguais: nas manhãs, nas expectativas , nas sensações de deveres e obrigações !  E sobre nossos direitos quase não temos falado. Era isso que Colasanti nos disse “ a gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora, se acostuma mas não deveria...”  Com quais  compromissos poso conviver hoje se não de meu próprio lar? Como tenho enxergado aos que não tem para aonde irem? Em cada amanhecer ao abrimos os olhos, um novo Domingo! Um novo amanhecer! Outro Domingo!  Os dias são de lutas, agora intrínsecas: nossas fobias, nossas limitações; desequilíbrios, solidariedades, sem as preocupações dos trabalhos convencionais, exceto para os que cumprem a quarentena com trabalhos remotos ou estão nas linhas de frente, nos serviços essenciais! Pelos canais de comunicação, tem sido cada vez mais assombrador quando se falam de números de infectados com  o vírus letal.
E a vida segue, assim dizem alguns companheiros, perdemos uns aqui, outros ali, quer seja desse “novo mal”, quer seja de outros, inclusive tão graves quanto,  que já tem levado tanta gente nossa, e   a gente “devia se acostumar” mas não há como ! Ninguém se acostuma! Ninguém quer perder um ente querido! Há chavões que se repetem nas literaturas “enquanto uma pessoa chora, outra ri, é a lei do mundo, a perfeição universal”, e nosso Domingo , dia 26 de Abril foi um desses dias de tristeza, partia para o plano celestial nossa irmã, nossa amiga Laura Alice, antes de ser a mãe do Dr. Christian Guzman, foi mulher de fibra, determinada, atemporal; não se deixou levar pelo preconceito;  conquistou o respeito e amizade de centenas de pessoas, sem pressa! Eu ainda nem era adolescente, conheci Laura através de minha mãe, ela era uma das mais jovens daquela primeira turma de ginasial...Sobre os filhos, dizia : “quero que cresçam, conquistem seus próprios espaços e tomem conta de suas vidas, fiz o que pude”  ! Desde março de 2014 quando seus exames acusaram  a gravidade do problema, convivia com gratidão cada dia,  de suas saídas do Hospital para os passeios;  trocava os dias de dores por mais sorrisos no rosto, não se abalou por inteiro; embalou-se ao som de suas músicas preferidas, dos ritmos que seus filhos adotavam, visitou em 2017 o Santuário de Aparecida , entoava o Hino como os demais  romeiros “ é de sonho e de pó, o destino de um só”! Mas Laura Alice em presença física nunca esteve só,  Liv de Lara, Assistente Social, boa filha viveu de perto toda luta, reforçaram os cuidados e nosso amigo Christian, médico e bem conceituado filho sempre presente “ dei em vida os presentes mais preciosos para minha linda mãe, mais conforto, muitas alegrias, porque somos de origem pobre e tive a chance de formar-me em Medicina; netos lindos e amorosos”, acrescenta “ minha mãe merecia porque foi guerreira em toda sua trajetória de vida” 
Varias homenagens ganharam as redes sociais, através de bonitas fotos, de mensagens, de hinos , de aplausos, apenas a Allian que graças aos esforços da mãe e dos irmãos também faz Medicina fora do país , não veio despedir-se;  mas o abatimento natural deve ser brevemente preenchido pelo orgulho que tem uns dos outros ! Dr. Christian, Dra. Liv de Lara. Dra. Alian  , essa é a verdadeira graça da presença de vida da Laura, nada há de mais empolgante, de orgulhoso do que isso ! Sua visita a Urbano Santos deu-se pela última vez em vida dia 08 de Março e pouca gente soube, mas deve ter ido com aquele sentimento que sempre teve enquanto guerreava contra a doença “aqui esteve uma Mulher forte, guerreira, abençoada,” reverenciar esse dia com as doses de esperança, de oração! Na missa, à tarde, agora apresentada nas redes sociais, todos rezavam por sua alma, por sua família e o refrão entoou “ Fica conosco Senhor é tarde e a noite já vem, fica conosco Senhor, somos teus seguidores também!
Não houve tempo para despedidas mais sólidas, não haveria tempo para dizer adeus, por aqui Liv de Lara não saía de perto e como nosso querido Christian, não é nosso, é cidadão do mundo, correu de onde estava, viajou quilômetros,  para segurar a mão de sua mãe e dar-lhe o último adeus...Na madrugada, nos avisou “ minha linda mamãe partiu, sinto dizer”! E embalados pelo anacronismo atual,  seu cortejo seguiu para o interior sem os “adeuses”, sem a visibilidade, sem a homenagem merecida, sem os cantarolar, mas todos os corações da cidade, ouviram “ o soluçar de dor " de seus filhos queridos, de seus familiares , de seus amigos, Laura cantou a paz, cantou a alegria, e os choros eram de saudades, e de bonitas lembranças, e minha transgressão , nesse dia foi ir pra cozinha, fazer pratos especiais, com pouco sal, e ouvi de minhas irmãs, outra vez a mesma observação... transgredir agora para mim, é dizer que a graça da vida estão nessa dores diárias, no suor do rosto, nas lágrimas que escorrem, nas restrições, nas gratidões; “ a gente somos essa soma”.  Toda graça nos é dada em cada caminhar; são sete dias de sua partida , enquanto isso, seus netinhos mesmo  perguntando  por você em suas inocências, brincam e alegram-se para dar novos risos aos seus filhos, aqueles que foram seus pais, na enfermidade! ! “ Os oios se enche d’agua que até a vista se atrapaia”. Em sua despedida, o adeus dos bons filhos, da boa mãe, dos cuidadosos irmãos , no Bom Jesus de sua infância, de sua origem ! Por aqui, extraio essas poucas partes, com participação de seus filhos, para dizer-te que foste rica de muito... e tua herança ficou bem distribuída! Com afeto, nesse Sétimo dia !

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