Erguer as mãos e agradecer : e não é lugar comum


 

Já venho fazendo isso com muita tranquilidade desde que iniciamos o novo ano, mas a partir de hoje, entro literalmente no processo de transição para recomeçar e com o comportamento que a condição humana me permite de que no processo, o desejo de muito êxito e grandes conquistas para quem assumir a pasta da Educação em nosso Município ! Escrevo baseada no principio da gratidão pela oportunidade, Grata a Deus ; e  com as particularidades à Prefeita Iracema Vale, ao seu esposo Herlon Costa, aos companheiros de militância, Clemilton Barros, Raimundo Santos, Iran Avellar, Julia Almeida, Wilson Souza, Paulo Costa, e toda a Câmara de Vereadores pois através de todos foi possível a aquisição de mais valores pessoais e profissionais, certamente por mais difícil que tenha sido lidar com os desafios, encerramos com muito mais crescimento, com mais empatia.

Muitas coisas boas aconteceram, muitas conquistas coletivas, oportunidades e motivações para outros companheiros, experiências compartilhadas, “administração de egos”, equilíbrios, dificuldades e muita serenidade, assim defino esses anos na Secretaria de Educação , e quando eu não colocava em prática minhas palavras , porque para todos nós  “ dizer não é fazer “; acompanhei a alegria de quem podia compartilhar sua própria experiência. Não é unidade, tão pouco consensual entre todos os trabalhadores de educação, mas foi em nossa chance que tivemos mais condições de voz, de nossa vez alcançamos  mais pessoas; não somente na construção de paredes, porque saímos de taipas ( e são muitas), porém no acesso e construção de pontes : em motivação profissional, formação, graduação, cumprimento dos direitos, sensação de que grandiosa foi nossa contribuição.   Todo ambiente é desafiador, como diz um amigo  “ fazer  poesia é mais fácil”, guardo essa lição, no entanto posso dizer que a busca pela qualidade é constante; e não a fiz sozinha; em todos os meus descuidos da função, repetia aos quatro cantos: sou professora, e a responsabilidade desse trabalho e de resultados é de nossa equipe  ! Ganho os mais diferentes e estranhos apelidos, outros nomes; alguns até desqualificam meu trabalho, proliferam a discórdia; no entanto descarto mensagens e opiniões pessimistas para acatar somente a daqueles que nos dizem que o “terreno está fértil, deixamos boas sementes “! Assim eu mencionava minha antecessora professora Ivanildes Marques quando eu a substituir.    “Deixe a pasta com a sensação de dever cumprido”;  disse-me uma colega; de outra mensagem “ cumpriu sua missão com sabedoria”;  “ ficaremos com muitos aprendizados”  alegra-me outra colega; são centenas de mensagens alegres e de gratidão  de quem me viu passar, de quem me estendeu a mão. Não será diferente: agradeço .

Não tratarei de problemas, nem farei comparações,  trago comigo as anotações do cotidiano, as lembranças alegres, os risos espontâneos, as  importantes chances de viver e conviver , as particularidades dos “sim” e as tantas vezes dos “não”; sairei outra pessoa! Agradeço o carinho, a dedicação e respeito com que todos de nossa equipe me trataram, cada um aos seu modo, em seu campo de atuação dar orgulho para nossa profissão; agradeço as deferências dos meus amigos gestores de escolas; aos amigos coordenadores, aos professores, a todos os profissionais de educação, aos alunos, aos pais de alunos, é enorme essa responsabilidade!  Agradeço a todos os demais colegas Secretários, em nome de nosso Prefeito  Professor Clemilton Barros a quem desejo êxitos e uma gestão promissora ! Não citarei todas as nossas realizações, mais uma vez direi que não as fiz sozinha, todos, nossa enorme equipe que é competente e compromissada é protagonista nessa história ! Guardemos as conquistas na memoria e não são poucas : Francinete Borges, Aldineide, José Reginaldo, Francenildes, Vagneia, Joerbson, Agliberto, Bia Simões, Aline, Clesia, Nonny, Gracineth, Joelia , Daiane, Gracilene, Laura Correia, Laurilene, Lucivania, Jordania  Weryson , Vilccileide, Graciely,  Murilo, Soraya, Mônica, , Jorlane, Manoel Santos, Kaio Sousa, Marcia, Mirian, Luis Veras, Brida, Raimundo Nonato, Naryelle, Dulce ! Há outras conquistas esperando por nós, e sei que nosso município estará mais uma vez em boas mãos e teremos muito orgulho de continuar fazendo parte; o significado dessa transmissão de cargo não se resume ao fechamento de ciclos, pelo contrario, encerro essa minha manifestação não como despedida, mas com as saudações de que a próxima pessoa gestora da pasta  consiga registrar enormes vitórias. Proteção em nossas vidas, sabedoria, serenidade, deixo meu abraço em todos e todas, minha gratidão. Foi uma experiência rica , e grande satisfação ter participado dessa gestão !Obrigada  Prefeita Iracema Vale !Obrigada Vereador Edinilson Moura ! Obrigada Prefeito Clemilton Barros!


Feliz Natal, um Ano Novo de felizes realizações!
                    

Abraços fraternos

Professora  Nilma da Silva Sodré

 

  

Cem dias, sem datas ... “ tecendo manhãs”


A vida é como um trem há sempre um lugar vazio deixado por alguém”  temos repetido ou ouvido essas expressões mais vezes , um passageiro de longe, de mais perto, uma pessoa especial de nossa vida,  tem  sido assim.. há dez anos, por exemplo, em Maio, fomos acordados na madrugada com a triste noticia do falecimento de nosso irmão, era sua última viagem; em minha cidade estávamos eu, meu filho, meus pais e fomos avisados através de um policial amigo . Por que não avisariam aos meus irmãos que tem domicilio em São Luís?  Em que estaria envolvido meu irmão para que fosse morto a tiros daquela forma ? Tantos porquês e nenhum deles tiveram respostas e dentro de nós viraram cálice... Não havia o que ser questionado.  Naquele ano, havia dez anos que meu irmão estava  “ a serviço” de um Secretário de Estado , sendo que  naquele ano, estava exercendo o mandato de Deputado !  Em que isso faria diferença? Com que apoio contaríamos para averiguar em que circunstancias nosso irmão fora assassinado? As evidencias falavam por si sós,  via de regra,  seria mais um homem, um policial executado, uma operação litigiosa, comando equivocado,  e no final virou uma estatística; para nós: um filho amado, um pai idolatrado, um irmão querido, um cidadão... Sim, nosso irmão foi executado e nunca houve explicação sobre o caso! Há dez anos!
Sempre que volto a escrever sobre esse assunto, mesmo depois de tantos anos ainda me vem a memoria o momento fúnebre, a triste despedida, a indignação, as controvérsias apresentadas, não tivemos como apresentar contraprovas, depois, é fato que passei a aprimorar meus pensamentos, em lugar das constantes raivas sobre a barbárie, dei lugar às lembranças bonitas, ao comportamento de gratidão; substituindo as tristezas pelas saudades de alegrias, de conquistas, muita coisa boa continuaria viva dentro de nós! E é bem mais aceitável que nosso irmão tenha morrido por nós, e outra missão nos seria apresentada. E nosso  mês de Maio começou como os demais, mês de nossa Mãe  Maria, nossa protetora, e há quase cem dias estamos nesse embate , sem saber de que lado pode vim o ataque, o vírus é invisível, poderoso, e seja qual for o evento previsto, ele se antecipa e ataca,  havíamos planejado  uma Missa porque é de nossa cultura e faz parte de nossa fé, no entanto os planos de Deus prevalecem sobre os nossos, toda vez; adiamos e nos empenhamos com as orações em nossas próprias casas, todas as coisas tem a cada dia pertencido a um futuro bem distante e mais desconhecido de nós. Não há o que dizer , o que sentir o que fazer ! Retomei uma canção de Osvaldo Montenegro , há dez anos quantas canções que você não cantava \hoje assobia para sobreviver  ? Há dez anos com que entusiasmo “você liderava” e hoje quantos se espelham em você? Sonhar ! Sondar! Saudar! Quantas providencias!  Quantos diálogos?  Em quantas construções de mudança? O que era essa a normalidade que todos nós falávamos e começamos a sentir  falta? Nesses quase cem dias, será se já tivemos tempo de nos desfazer de nossas corriqueiras insensibilidades? E há dez anos nosso irmão fora executado e continuamos sem respostas.
E nesse mês de Maio, celebramos a vida, relembramos em oração os 7 anos dessa inovada vida de nosso pai, e nossas; celebramos a passagem de meu irmão para a eternidade;  porém , foi um mês de despedidas, de novos passageiros desceram e ou de seguirem suas próprias viagens,   foram dias  infinitamente tristes, já não era o famoso de longe, o da tv ,  o palhaço, o bêbado, o equilibrista, o politico, o petista o bolsonarista...  em nossa cidade “mãe gentil” choram Marias, Luzas, Raimundas, Franciscas, Josés,  Pedros, Claras, Éricas,  Franciscos, Darcys, Lauras, Marias,  choram os filhos, as esposas, os netos, os amigos... num dia, amanhecemos com a partida de dona Raimundinha, num outro de nosso amigo Francisco das Chagas, o Nego, lutou por alguns dias contra o vírus, mas não venceu; as famílias enlutadas nem ao menos se despediram, era até outro dia,  nossa cultura, nem ao menos 24 horas partiu seu Pedro Mendonça, e em dias seguidos seu José Ventura, dona Odete, nosso amigo José Rodrigues, aquele que era a referencia da ponte, ajudou “na travessia” de muita gente; quer dando abrigo, quer oferecendo uma palavra. Todos aqui  citados tem uma família, tem uma historia, tem um vínculo, tem um amor, uma conquista; nenhum de nós sabe o que se passa sobre o outro ; e esse vírus infelizmente, sem uma palavra vem nos dizer isso, somos mais uma vez sem aquelas chamados dos comerciais convidados a “ mais empatia por favor”. E uma cruz vazia nos diz tudo sobre isso porque só quem tem muito amor pelo outro, doa sua própria vida. E nosso mês de Maio vai se encerrando, os dias não tem sido fáceis, pelas manchetes dos jornais, do lado de onde esperamos uma sensata opinião (ao menos) vem o desequilíbrio; dos noticiários a quem não me atento muito sobre tantas fatalidades vem os números e não são poucos, dos compartilhamentos das notas de nossa cidade, ora números, e a dolorida hora dos nomes; perdemos o Tio Dedé Izidorio e as sensibilidades vão chegando perto de nós,  de quem tivemos contato, de quem sabemos os nomes e endereços..
E nosso dia 28 de Maio, sobre quem comecei falando , começa para nós com “a vida continua”, otimismo e fé, (fiz essas plaquinhas aqui em casa por causa  do José e de uma Maria) e em minha rede social havia escrito dias desses, uma passagem  “ na guerra não nos é permitido chorar”, temos vivido esses dias, presenciando a guerra sendo mais arquitetada nos gabinetes e nas redes sociais, estamos nos fortalecendo para vencer esse embate, precisamos nos manter munidos de nossa fé,  porque é muito triste não poder chorar . Antes de concluir minha escrita, soubemos da partida de Dona Maria do Aflitos,  dona Fl)ritinha, retiro das mensagens do professor Jurandi , a minha homenagem “ quando professora lá no povoado Bom Jesus, ensinava por amor, enquanto reinava no resto do país o ensino mais tradicional de nossa história nos anos 70 e 80 , ela ensinava brincando, uma professora leiga, com visão além de seu tempo”; professor, professora o entusiasmo nos segue!  Que tenhamos tempo, mais tempo, para deixarmos legados ! Talvez eu não tenha ensinado muita coisa, há quem me diga que perdi minha identidade, descarto a hipótese, mas tenho aprendido muito e sei que repetidas ou não, minhas escritas me acalentam.   Além dessas reflexões, o depoimento da neta, “da avó que se desdobrava para que não lhe faltasse nada”... E nossos dias não tem sido fáceis, tenho de forma responsável estado dias aqui, dias ali; e todos os dias com o mesmo pensamento “ quem cuida de nós não dorme” porque só Ele é o Salvador. Feitas essas considerações, há dez anos convivemos com o fato da execução de nosso irmão; há sete, temos tido a chance de aprender e saber mais sobre a força da oração com nossa Maria e nosso José;  e quando Maitê fizer dois anos, limpo as louças e arrumo a casa para meus  cinquentas, embora tenha medo de foguetes, saindo dessa, tocarei foguetes, celebrarei, e continuarei agradecendo; “tecendo as manhãs” todos os dias, com outras mãos; não haverá a festa de São João, porém sigo o pensamento de GP “ a cura esta no coração”. Saudações Marianas, saudações ecumênicas! O  bem vencerá.

De algumas construções às saudações finais


Medalha de Honra 
“Não se admire se um dia” você tiver que partir, deixar alguns sonhos para trás ouvir a canção e seguir; começa minha parte nessa historia desde que em 2000 quando fui provocada verbalmente por uma autoridade que exigia de mim que eu fosse candidata a vereadora naquele ano, não deu para mim! Papai intimado a participar da decisão, usou esse proverbio “quem meu filho beija minha boca adoça”. Depois compreendi que os riscos das carnes são de derme são de pele, só quem as tem cortadas, sabe contar sobre...   Claro sofreria retaliação, mas já era esperado, e nada disso mais me deixa ressentida, trabalhei um pouco mais de um ano no Munícipio de Belágua onde fui muito bem recebida, aprendi lições, conservo amizades até hoje, inclusive extensivas ao Povoado Piquizeiro, foi um bem enorme. E em 2002, graças a Deus, houve concurso público para professores do Ensino Médio e fui aprovada e em tudo concluo de que já  deixei passar algumas oportunidades, no entanto agarrei inúmeras e todas para meu bem, assim entendo por isso, agradeço!
     Dali em diante,  novas construções, tive inúmeros apoiadores, mas todos começaram dentro de casa, preciso reconhecer isso, e quando eu decidir filiar-me ao PT não  era uma aprovação unânime... em 2002 já escolhi em votação o Presidente  de nosso país, seguindo, em nosso município e em 2004 em Convenção Própria decidimos lançar nossas candidaturas com Julia Almeida candidata a Prefeita do Município sabíamos de nosso potencial, e da qualidade de nossos candidatos, por isso  não hesitamos, íamos cumprindo nossas agendas de reuniões e conversas,  ocupando os espaços conforme a legislação eleitoral, visitamos os povoados, fizemos intervenções e conquistas a citar ,por exemplo, através do Luz para Todos; fizemos nossa campanha com as propostas, isso nos motivava a chegar mais longe, éramos taxados de lunáticos,  e nesse contexto , uma cena nos marca nessa época : véspera das eleições , eu , meu filho, professor Raimundo, Wilson Souza, Iran Avellar, Julia Almeida,  Manoel, Mazinho saímos às ruas para de alguma forma deixar nosso material de campanha nas ruas ! Cada um numa garupa de moto e seguíamos, aos nossos opositores não fazíamos diferença, nem fomos para as estatísticas, contudo para nós, fizemos sim, votamos em nós mesmos e estávamos tranquilos quanto a isso,
Novos cenários foram surgindo, em 2008 por convenção, nos coligamos com o PDT, com o Prefeito Aldenir Santana que ia para reeleição, a quem sou grata, nessa campanha tínhamos três candidatos a Prefeito, fomos derrotados nas urnas, no entanto elegemos pelo PT nosso companheiro professor Raimundo, dali em diante, uma nova fase, subtração de direitos, cenário desafiador , nesse ano, nosso município já contava com um Núcleo Sindical atuante e nossa classe a primeira a ser atacada, foi para o campo. Nesse mandato, Vereador Professor Raimundo, foi nome forte e decisivo para todos nós durante a gestão, através dele, conseguimos assegurar alguns direitos, com apoio dos demais, claro. Muito obrigada! Depois das eleições, foram dois anos e meio em debate com a justiça para cassar o mandato do eleito, havia contas reprovadas e fazia parte de nosso cotidiano acordar ou dormir com as notas do judiciário  até que em meados de 2011 , nosso município ficou sob nova administração; os resultados foram novos nomes, outros protagonismos em nossa cidade , para nós um diferente parâmetro seria retomado a partir de agora , as projeções passaram a ser outras; consideráveis  reações ,do lado de dentro da politica social  já estávamos todos nós de nosso partido. Nossos esforços não foram em vão, em 2013 elegemos para Prefeita de nosso município Iracema Vale pelo Partido dos Trabalhadores, senti-me honrada em poder ter sido escolhida para ser gestora da Educação de nosso município, sentimento de gratidão extensivo a todos os companheiros de longevas datas que apoiaram essa empreitada. Nesse mandato, contamos com os vereadores Professor Raimundo  e Paulo Costa eleitos pelo PT. De lá para cá viemos construindo liderança, serenidade, sensação de dever cumprido; norteamos alguns trabalhos em caráter coletivo; espirito público, numa perspectiva de agradecer a oportunidade e de servir; com as falhas da pessoa e da personalidade.  Nesses anos, nunca me faltou convicção do papel que exerço, fui acolhida de forma sadia e de algum modo, minha contribuição ajudou para que eu fosse convidada a permanecer no cargo, no novo mandato de nossa Prefeita ; durante o percurso, há dez anos perdemos nosso irmão Cabo Sodré, numa ação equivocada que culminou em sua execução;  em tempos e espaços diferentes, eu e a Prefeita Iracema enfrentamos de perto a debilitação de nosso pai, de forma serena e consciente fomos vencendo; o dela foi chamado para eternidade ...
Por tudo isso que aqui coloquei omitindo alguns fatos para não tornar-me (mais) repetitiva há quase vinte anos fui filiada ao Partido dos Trabalhadores, aprendi com seu José Martins, Itevaldo, Domingos Dutra, agradeço as diversas experiências adquiridas , defensora de nosso ex Presidente Lula sim, defendi e torci para que nossa ex Presidenta Dilma não fosse cassada, legenda em nível nacional e municipal da qual me comprometi em atuar; defendi, comunguei com ideias, eu as vi virando matéria,   felizmente, assim como um dia me sentir a vontade para ingressar no partido, hoje venho dizer que eu pedir para sair, no entanto,  mantenho acesa em meu coração, minha gratidão aos ex gestores de meu município com quem não tive grandes relações de amizade mas adquiri o respeito de cada um, nesses processos de deveres e direitos , de direitos, quando ouvi certa vez:
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“aqui quem manda sou eu” , hoje eu diria está certo, não me caberia ter razão ! Mantenho vivo o legado de todos os ensinamentos, de todas as consequências de escolhas precipitadas, sair de uma legenda não me tornará uma pessoa mais ou menos preterida, pois em todo tempo tudo é processo, tudo muda! Para mim, perseguir a saúde, poder ir e vir sem a assombração dessa pandemia, e daqui a um mês completar meus cinquenta,  procurar no campo de minha atuação ser mais humilde. Essência de amizades, de gratidão, de reconhecimento de méritos deixo aqui em nome de meus companheiros Clemilton Barros, Professor Raimundo, Paulo Costa, Wilson Souza, Iran Avellar, Mazinho,  Julia Almeida, Anita Batista, Vereador Edinilson Moura,  afinal, comungando  da crônica do escritor José Sanches “ nenhuma conquista é mérito isolado de seu próprio dono...”  Aos demais companheiros sintetizo meus agradecimentos em nome de Iracema Vale Prefeita de nosso município, a quem reconheço e enalteço os trabalhos através de nossa pasta ...”   Por enquanto eu canto “ um dia a gente chega no outro vai embora” e posso dizer que meu partido agora é uma razão, um coração, uma saudação! Noutras voltas,  quem sabe ... obrigada a todos pelas conquistas conjuntas, o Partido continua sendo importante para nosso município deixá-lo agora tem um preço afetivo... contudo, bençãos divinas me fazem trilhar outros  percursos com os pés no chão...a todos meu respeito, minha gratidão, minhas saudações !






Tempo de oração, de gratidão





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Era o ano de 2020, carnaval, festa e tal, todos comemoram as alegrias , brindam , cantam, ninguém quis saber dos noticiários ..  Até que Março chegou trazendo a avalanche de informações e a triste notícia de que um vírus se espalhara pelo mundo ... De repente, não havia mais tempo de fechar as portas, então o vírus adentrou as casas, sem escolher nomes endereço ou situação. Ele não pediu licença, não ouviu os apelos, fosse de um ou de uma multidão!  Avassalador, impiedoso e cruel, com os fortes bate de frente e os mais fracos lhe serve o fel, o amargo gosto da impotência e da vulnerabilidade diante do inimigo invisível, que de repente entra num corpo qualquer e faz do medo um rosto conhecido. Eu nunca havia, em meus 33 anos, ouvido um grito silencioso tão aterrorizante! Clamar tão alto como no interior das residências que tiveram seus entes queridos arrancados sem dó, sem piedade, sem velório, sem dignidade... por lá? Lá não teve despedida, só a dor da partida que teve, o silêncio implorava de volta o que foi tirado, o silêncio gritava e gritava insistentemente... mas a pressa estava ali! Agora, outro lar invadido, outro irmão espera uma vaga/vala...um adeus que não houve tempo de dar.
  Não deu tempo de fechar as portas, “ porque nada é em nosso tempo”  mas e o coração deu tempo abrir? Houve tempo para a gratidão?  Para tempos de horror a empatia e a fé hão de servir!  Para o momento: portas fechadas cidades vazias, mãos estendidas,  mais  corações  abertos e joelhos no chão... orar é um bem necessário... ah, quão lindo é poder da oração! Da gratidão, da oração e ambas de mãos dadas darão vida a nova humanidade !
Sairemos dessa!
                                                    Professora Ilma Cristiny

De Domingo a Domingo: das lutas ao LUTO


"Há muito mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”, pensador esta muito certo , porque não cabe a nós humanos, controlarmos nada, definir sobre o que pode ou não acontecer, nunca coube! Aqui no Estado do Maranhão, o governo tem seguido as orientações da OMS  desde meados de Março, decretou isolamento social, estabeleceu critérios para o funcionamento de comercio local, abre diálogo, determina , enfim...  e a pandemia tem “enfurecido “  o mundo , os dias por mais diferentes que sejam se parecem iguais: nas manhãs, nas expectativas , nas sensações de deveres e obrigações !  E sobre nossos direitos quase não temos falado. Era isso que Colasanti nos disse “ a gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora, se acostuma mas não deveria...”  Com quais  compromissos poso conviver hoje se não de meu próprio lar? Como tenho enxergado aos que não tem para aonde irem? Em cada amanhecer ao abrimos os olhos, um novo Domingo! Um novo amanhecer! Outro Domingo!  Os dias são de lutas, agora intrínsecas: nossas fobias, nossas limitações; desequilíbrios, solidariedades, sem as preocupações dos trabalhos convencionais, exceto para os que cumprem a quarentena com trabalhos remotos ou estão nas linhas de frente, nos serviços essenciais! Pelos canais de comunicação, tem sido cada vez mais assombrador quando se falam de números de infectados com  o vírus letal.
E a vida segue, assim dizem alguns companheiros, perdemos uns aqui, outros ali, quer seja desse “novo mal”, quer seja de outros, inclusive tão graves quanto,  que já tem levado tanta gente nossa, e   a gente “devia se acostumar” mas não há como ! Ninguém se acostuma! Ninguém quer perder um ente querido! Há chavões que se repetem nas literaturas “enquanto uma pessoa chora, outra ri, é a lei do mundo, a perfeição universal”, e nosso Domingo , dia 26 de Abril foi um desses dias de tristeza, partia para o plano celestial nossa irmã, nossa amiga Laura Alice, antes de ser a mãe do Dr. Christian Guzman, foi mulher de fibra, determinada, atemporal; não se deixou levar pelo preconceito;  conquistou o respeito e amizade de centenas de pessoas, sem pressa! Eu ainda nem era adolescente, conheci Laura através de minha mãe, ela era uma das mais jovens daquela primeira turma de ginasial...Sobre os filhos, dizia : “quero que cresçam, conquistem seus próprios espaços e tomem conta de suas vidas, fiz o que pude”  ! Desde março de 2014 quando seus exames acusaram  a gravidade do problema, convivia com gratidão cada dia,  de suas saídas do Hospital para os passeios;  trocava os dias de dores por mais sorrisos no rosto, não se abalou por inteiro; embalou-se ao som de suas músicas preferidas, dos ritmos que seus filhos adotavam, visitou em 2017 o Santuário de Aparecida , entoava o Hino como os demais  romeiros “ é de sonho e de pó, o destino de um só”! Mas Laura Alice em presença física nunca esteve só,  Liv de Lara, Assistente Social, boa filha viveu de perto toda luta, reforçaram os cuidados e nosso amigo Christian, médico e bem conceituado filho sempre presente “ dei em vida os presentes mais preciosos para minha linda mãe, mais conforto, muitas alegrias, porque somos de origem pobre e tive a chance de formar-me em Medicina; netos lindos e amorosos”, acrescenta “ minha mãe merecia porque foi guerreira em toda sua trajetória de vida” 
Varias homenagens ganharam as redes sociais, através de bonitas fotos, de mensagens, de hinos , de aplausos, apenas a Allian que graças aos esforços da mãe e dos irmãos também faz Medicina fora do país , não veio despedir-se;  mas o abatimento natural deve ser brevemente preenchido pelo orgulho que tem uns dos outros ! Dr. Christian, Dra. Liv de Lara. Dra. Alian  , essa é a verdadeira graça da presença de vida da Laura, nada há de mais empolgante, de orgulhoso do que isso ! Sua visita a Urbano Santos deu-se pela última vez em vida dia 08 de Março e pouca gente soube, mas deve ter ido com aquele sentimento que sempre teve enquanto guerreava contra a doença “aqui esteve uma Mulher forte, guerreira, abençoada,” reverenciar esse dia com as doses de esperança, de oração! Na missa, à tarde, agora apresentada nas redes sociais, todos rezavam por sua alma, por sua família e o refrão entoou “ Fica conosco Senhor é tarde e a noite já vem, fica conosco Senhor, somos teus seguidores também!
Não houve tempo para despedidas mais sólidas, não haveria tempo para dizer adeus, por aqui Liv de Lara não saía de perto e como nosso querido Christian, não é nosso, é cidadão do mundo, correu de onde estava, viajou quilômetros,  para segurar a mão de sua mãe e dar-lhe o último adeus...Na madrugada, nos avisou “ minha linda mamãe partiu, sinto dizer”! E embalados pelo anacronismo atual,  seu cortejo seguiu para o interior sem os “adeuses”, sem a visibilidade, sem a homenagem merecida, sem os cantarolar, mas todos os corações da cidade, ouviram “ o soluçar de dor " de seus filhos queridos, de seus familiares , de seus amigos, Laura cantou a paz, cantou a alegria, e os choros eram de saudades, e de bonitas lembranças, e minha transgressão , nesse dia foi ir pra cozinha, fazer pratos especiais, com pouco sal, e ouvi de minhas irmãs, outra vez a mesma observação... transgredir agora para mim, é dizer que a graça da vida estão nessa dores diárias, no suor do rosto, nas lágrimas que escorrem, nas restrições, nas gratidões; “ a gente somos essa soma”.  Toda graça nos é dada em cada caminhar; são sete dias de sua partida , enquanto isso, seus netinhos mesmo  perguntando  por você em suas inocências, brincam e alegram-se para dar novos risos aos seus filhos, aqueles que foram seus pais, na enfermidade! ! “ Os oios se enche d’agua que até a vista se atrapaia”. Em sua despedida, o adeus dos bons filhos, da boa mãe, dos cuidadosos irmãos , no Bom Jesus de sua infância, de sua origem ! Por aqui, extraio essas poucas partes, com participação de seus filhos, para dizer-te que foste rica de muito... e tua herança ficou bem distribuída! Com afeto, nesse Sétimo dia !

Das Águas mansas do Rio Mocambo às inquietações dos “Ribeirinhas “




Até outro dia mesmo, pelas leituras que fazemos, todas as coisas estavam em conformidade, tudo nos “eixos” ou estariam para confundir os leitores “fervendo aos noventa graus, tal qual um ângulo reto, segundo anedota contada por Ariano Suassuna ? Remontar esse texto, inclusive para mim mesma, mais parece uma sequencia, um conteúdo linear que prefiro concluir;  porém começo de outro ponto, sob outro aspecto, noutro tempo e local! Para mim, as definições de ali e de aqui , convergem! Só quem nos acompanha de perto, sabe por onde estou... Há uma leitura que fiz de Lya Luft  “ O tempo é um rio que corre” nele a autora traça as mais distintas relações, traz consigo uma suscitação de para “onde encaminhamos nossas vidas e tantos “afazeres e obrigações” que é comum ouvirmos ou dizermos: Me faltou tempo! Se eu tivesse tempo! No meu tempo! Foi-se o tempo! Já era tempo! E sobre essa última expressão tenho pensado um pouco.Há sete dias fiz minha penúltima postagem
Nossas mãos
Em se tratando de tempo, dos rios e das águas, nosso poeta José Antonio Bastos, publicou logo após a pequena enchente que houve nas nascentes de nosso rio em seu poema “ O rio Mocambo de memorias e esperanças / o mesmo Rio que ultrapassa as páginas da história e do tempo”! Daqui de onde escrevo, trazendo a cronologia, nem tudo são poesias: houve um tempo em que tínhamos nosso próprio rio no fundo de nosso quintal; ao lado do nosso; o rio de dona Biluca,(com uma canoa ancorada) mais adiante o rio de dona  Minuca; outros tantos rios com donos e denominações... e quando nos deparamos com os rios ocupando seus espaços, assustados , tentamos comprar brigas com ele ! Mas quantos de nós temos as lembranças saudáveis dos banhos demorados em nossos  rios? E se hoje , me ligo nas noticias , calendários e agendas tudo isso é atemporal, o que há são minhas memorias , minhas histórias e reinvenções! Para mim, tanta coisa que parece que foi ontem, ficou muito tempo para trás: do triste fato da noticia do assassinato de nosso irmão cabo Sodré que já completará dez anos;  da feliz aprovação de meu filho no concurso do INSS , há oito anos; das doses contadas de desafios e possibilidades na est(r)ada na função que estou e se  confundem com a recaída de nosso pai, há sete anos; as viagens que tive oportunidade de fazer com meu filho, com sobrinhos, com minha nora, com minha neta, com meus amigos, todas, todas  muito especiais; da publicação de meu segundo livro que já completa cinco anos; do casamento de meu querido filho, do nascimento de minha adorável neta  Maitê, já olho bem ali na frente fazendo dois anos; do nascimento de nosso pequeno Theo que breve, muito breve fará um ano;  outras tantas  memorias e as contextualizações de fatos que não caberia nessa página!  E o tempo não parou, aliás “ o tempo não para”, não dar trégua, continua sendo o rio que corre !
Estamos nos reinventando porque os tempos exigem de nós, respondemos quando somos perguntados sobre qualquer assunto, vivemos tempos sombrios, respondem outros quando perguntamos como estão; nas páginas vimos algumas alternativas sendo apresentadas, por aqui, através dos status, dos canais de Youtube, nos Facebook, nos Instagran ! Para qual tempo esse vírus invisível nos encaminhou?  Por coincidência ou providencia recebi esse Salmos hoje:  do  SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios. Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo?  E  nessa nossa reinvenção, mesmo quando usamos as passagens bíblicas , temos tido surtos de sofisticação, disse-me uma amiga! Temos visto as nossas imposições através de nosso cargos e  posições; temos assistido  às arbitrariedades, as contravenções, os desapontar,  as idolatrias, as conspirações, entre outros dissabores,o inflar dos egos,  no entanto,  a mim caberia repetir Papa Francisco “ QUEM SOU EU PARA JULGAR? Porque caberá nesse espaço, dizer que há sinais de solidariedades, e não são poucas.
Rio Mocambo: foto cedida
Volto para algumas releituras para não perder os costumes, no início da década de oitenta, fomos surpreendidos com as águas do Mocambo invadindo as ruas, deixando muitos  desabrigados, algumas famílias da Rua Monsenhor Gentil abrigaram-se na escola Chagas Araújo, bem aqui perto de nós,  em nossa imaturidade de adolescentes, parecia tão normal e natural, não senti a inquietação que sinto agora; há um medo estranho que nos ronda , estamos sendo vigiados por onde formos , sem ao menos saber por quem, nossas vidas , embora protegidas de máscaras permanecem numa linha tênue! Há máscaras caindo, outras que não cabem nos rostos; há outras que sobram; embora metáfora, a confiança no outro não é mais a mesma, o inimigo invisível anda de mãos dadas conosco! E quem somos nós? Além de nosso nome, de nosso sobrenome, de nosso CPF, quem somos nós? Perguntei-me por aqui, por essas horas enquanto digitava... Enquanto isso “um velho cruza a soleira” ,em duas rodas,  de olhos vivos, sem poder fazer seus rastros, (porque já deixou milhões), amparado por quatro mãos; aqui ele não é invisível , tal qual a canção é indivisível! E nosso nome é gratidão! Nosso velho, é nosso pai, nosso bisa, nosso avô! Meu ringo, meu ringo... saio da palavra certa , porque esse apelido... Está nas mãos certas!  Limpemos as mãos e os corações; essa minha inscrição, vem daqui de uma fonte em  que as águas são profundas!




Ajudas a disseminar esperanças!?




Cedida Pela Paróquia
Naquele tempo não é o meu tempo...li recentemente numa crônica de Adelia Prado que “ a memoria é contraria ao tempo, ela traz de volta aquilo que realmente importa”; em tempos de pandemia, puxei conversas dia desses com minhas irmãs , lá em casa , das lembranças da casa de nossos avós lá  no interior; lembrei também de que na minha primeira infância morávamos à Rua Monsenhor Gentil  (que era de meus avós) e houve uma briga , nas vizinhanças, envolvendo balas , e papai pediu que todos nós ficássemos debaixo da cama até que tudo se acalmasse (éramos quatro) ! Dentro de mim, por esses momentos, ainda guardo a sonoridade de sua voz: Há cuidados, há proteção! Se hoje abrirmos as páginas sociais uns dos outros, em boa parte delas teremos a mensagem do Pai : “Meu povo vão para suas casas e tranquem as portas; escondam-se...” ´Ecoar essas vozes agora  que há tempos vem sendo dito para nós: há os mais diferentes sinais! Quem teve o devido tempo para ouvir as inúmeras recomendações que nos foram enviados ?
crédito Naryelle
Quando de quinta para sexta-feira, arquitetei esse projeto de escrita, havia pensado em falar dos judas que existem em nós, porém em tempos insurgentes , e dada nossa ansiedade atropelada pelas mídias com cargas de informações, pendurei essa escrita para um momento de vitória ! Quero deixar na memoria algo mais produtivo, de meu convívio, de minhas leituras, e de minhas reflexões! Quando em Março publiquei És pin! Em mim, em nós: dem(i)ais tive naquela momento a sensação de uma desordem enorme no mundo inteiro de que tão pouco ou nada sobraria para contarmos historias , estava meio desanimada, coisa de momento para aquele escrita, pensei! Depois , ouvi , vê ou ouvir dizer de que o Papa Francisco rezou sozinho na Praça São Pedro para milhões de pessoas, que estendeu sua bênção, seu perdão, auscultei mais de perto para poder dizer: sim , nos preparemos para um novo mundo ; de que os mais diferentes líderes religiosos clamaram entre seus fiéis de que era momento de muita oração pela cura do mundo, fieis se prostraram para clamar a misericórdia, algo está fora da normalidade , tenho lido sobre isso! Li, vi e acompanhei varias cenas no mundo inteiro! Orações pedindo pela contenção do vírus; outras tantas pedindo saúde e proteção a todos aqueles que diretamente estão na linha de frente atendendo aos pacientes, orações pelos mais vulneráveis, orações por nossas autoridades para o verdadeiro equilíbrio e serenidade! O mundo inteiro (parece) que parou para agradecer! Agradecer porque todos voltamos a ser dos mesmos tamanhos, a ter a mesma importância! Agradecer porque compreendemos agora que a onipotência não nos pertence! Agradecer por sermos exatamente do tamanho que somos! Agradecer porque tantas vezes nos foi dada a chance de olhar para dentro ou olhar para os lados, mas nos faltava tempo! Agradecer para admitir nossa (i)mortalidade; ninguém está imune! E esse é o meu tempo, nosso tempo! Tempo de ouvir com sensatez para disseminar a esperança! Tempo de filtrar toda informação! Tempo de se reinventar!   Que a mídia e o vírus se espalhem se for da natureza delas, mas que entre nós haja tempo de reflexão e compaixão; que a histeria e o medo acenem para nós, no entanto que eles nos encontrem vestidos de nossa fé!Não deixemos o ódio nos contaminar!  Não nos assustemos mais; há(via) tanta coisa fora da normalidade e nem por isso manifestamos  pânico ! Se não souber bem  o que fazer porque sucumbiram todos os seus afazeres , as suas posições sociais: leia um livro, cante, dance, invente, escreva, demonstre solidariedade só não se desespere, esse deve ser o último imperativo
 Não inventei tudo isso que escrevi antes para dizer que eu mesma negligenciei a quarentena para passar uns dois dias aqui perto de minha neta Maitê, se eu contar os detalhes de minha vinda para Urbano Santos após vinte dias em São Luis onde vivem meus pais, debaixo de todos os cuidados, sou instigada a repetir as mesmas coisas... em nossa casa há sete anos , nosso respirador são nossas mãos, um nebulizador portátil , muito cuidado e atenção ! Enquanto isso ouço os depoimentos positivos, os números são bem menores, as redes sociais não sabem, a mídia nacional não tem interesse em publicar em “garrafais “ que está havendo pessoas que saem curadas “porque preferem vender as mazelas humanas “ poucas vezes temos visto exemplos do achatamento da curva apresentados por elas quer seja através da empatia , da generosidade quer seja por algum medicamento paliativo! É tempo de Pascoa, de renascimento, de ressurreição, se não entendermos que é preciso oferecer o que houver de melhor dentro de nós, de que fomos chamados a celebrar de outros modos, e se imbricados das velhas práticas  para satisfação de nosso ego, não adiantará clamar por um novo mundo, para que renasçam novos homens  após pandemia ! Que eu comece o exercício, porque a missão sempre fora maior do que a convenção! Tenho compreendido, sobremaneira nesses sete anos, na doce vida de cuidados com meu pai, que nossa purificação é alcançada mediante nossa fé, estivemos perguntando a ele sobre tudo isso que esta ocorrendo no mundo, já nos disse que não seremos atingidos: estamos dentro de casa, dessa vez sobre a cama, embaixo da proteção do Pai!
Crédito Naryelle
Enquanto isso, aguardando aqui na porta, a procissão passar , fico com o diálogo que Maitê provocou com o pequeno Pedro, ao modo dela, dizendo o motivo da cruz ali na porta , a gente já vem de outras cargas de emoção, fora a parte o medo (imposto pelas más noticias) quando de longe ouve o refrão do hino   Prova de amor maior não há, maior não há que doar a vida pelo irmão...a sensibilidade não vem só, em seguida a imagem do Cristo morto para que nos transformemos verdadeiramente , porque foi por nós, por todos nós que Ele deu a vida ! Em minha memoria, um tempo que não volta, (há dez anos nosso irmão fora chamado por nós) mas um presente que pode ser refeito; e a procissão seguiu por varias ruas da cidade, os Padres pararam defronte o Hospital para conclamar bênçãos dos céus aos pacientes, aos cuidadores, aos munícipes , às autoridades ! Uma lembrança que marcará por longos tempos essa geração! Por aqui diante dessa pandemia, nem devia ter a distinção entre quem prega o Evangelho de uma forma ou de outra, todos, sem nenhuma exceção, porque creem  entoam a mesma canção  “ Porque Ele vive, eu posso crer no amanhã, porque Ele vive temor não há. Mas eu bem sei que o meu futuro está nas mãos de meu Jesus que vivo está”. Estamos tendo mais uma chance, penso assim, e que essa disputa entre as mídias, as vocações religiosas e os poderes não sejam um  infortúnio para todos nós ! É tempo de desapegar, e o epílogo precisa ser a nova versão do ser humano. E até que a empatia contamine a todos, fiquemos em casa e “com a beleza das respostas das crianças, é bonita, é a vida ”! E o sentido da vida está nessa reinvenção, me perdoem se sou repetitiva... por novas Páscoas em que desapareça o Judas e permaneça: “ajudas”, a solidariedade, a esperança, o afeto! Criemos coragem e compartilhemos nosso Ovo da Páscoa com aqueles que não assimilam  o sentido dessa convenção!  Compondo laços com as escrituras e com a vida para que a Páscoa seja todo dia!





És pin! Em mim, em nós: dem(i)ais


A despeito de qualquer outro fato, há exato sete meses não escrevo nenhuma linha para meu blog, fui adiando, adotando os “status” os “stories” e quando me dei conta não sentia vontade de sentar-me à mesa para escrever praticamente sobre nada ! Há sete meses! Há nesse ínterim sete anos que estamos nesse revezamento sadio com os cuidados com meu pai ! Há “outros sete“ embutidos e imbuídos de outras histórias, não serão parte .. Nas passagens bíblicas, sete, representa a plenitude, a promessa! Tranquei-me para tratar de outro assunto, de nossas vulnerabilidades, de nosso egocentrismo, de nossa disputa por poder, de nosso empenho em sermos ou termos mais; digo, nossas, porque de um modo ou outro, em meio a tudo isso não devemos apontar apenas para o lado do outro.
No tocante à vida, inicio de Março (para nós) o orquestrador do universo acrescenta no volume das chuvas, às boas águas de Março, a vinda de um vírus desaguando por aqui, de outros continentes, e veio sorrateiro, invisível, tornou-se o primeiro inimigo do homem! Estava eu, organizada para viajar, não havia me ligado muito nos noticiários, achei no primeiro momento que não seria demais manter o planejado! Fomos! Depois quem somos nós para julgar!? Não nos adiantaria no processo da cura, apontar culpados, não é?  Em 2016 já éramos convidados através da Campanha da Fraternidade a cuidar da “Casa Comum” que desde sempre é responsabilidade nossa; e começamos a achar assombroso que o vírus nos aponte para um novo tempo; tempo de união e de distanciamento; tempo de reflexão e de ações imediatas; tempo de se encontrar nos nossos próprios lares, tempo de prolongar os diálogos e conversas nos grupos virtuais , tempo de ser sem necessariamente aparecer, tempo de rever algo que já era previsto . Ponderar respostas; e filtrar informações  ! Em mim tempo de emoção! Como escreveu alguém em sua página  “ há momentos em que eu preferia não esta na historia” ! Posso pensar agora na literatura, principalmente bíblica,  na historia , na matemática, nisso ou naquilo, meu filho mesmo quando nos explicou sobre a evolução do vírus, nos falava em “progressão aritmética e progressão geométrica”, e a gente não precisa detalhar conceitos, e qualquer que seja a dimensão de minha história, penso com equilíbrio, com sensatez, e acima de tudo apego-me a minha fé ! Do ponto de vista da estética, dos olhos de quem ama, temos contatos frequentes com pelo menos quatro: nossa mãe, primeira e melhor cuidadora de nosso pai; nosso pai, seu José, homem forte, vindo de uma avalanche de pneumonia, paradas respiratórias, perto de seus oitenta e sete anos; Maitê minha querida e amada neta que ainda não completou dois anos e nem sabe do que se trata; e de nosso sobrinho neto Theo, com apenas oito meses, a todos eles, queremos muita saúde e proteção e faremos o que estiver ao nosso alcance para protegê-los; em mim, não cabem mais medições, lido com a emoção , porém, procuro ser sensata em meus pronunciamentos ! Tudo é providencial! Não dependemos de opiniões rasas, tão pouco pretendemos espalhar o pânico, aqui a dimensão está em algo intocável, invisível e irrevogável ! Há quantos anos Raul Seixas escreveu que houve um dia em que a terra parou ?  Foi em um dia comum, desses contados pela cronologia,  foi um dia “como se fosse combinado em todo planeta , naquele dia, ninguém saiu de casa”! Chegou esse dia para nós: pais , mães, filhos,  irmãos, tios, sobrinhos, autoridades, professores, alunos, pastores, sacerdotes, artistas, ambulantes , todos foram convidados a ficarem em suas casas ! Por que essa convenção ?
No cenário mundial, quantas historias já atravessaram gerações antes das nossas?  Da convenção, há escolhidos e capacitados: médicos, enfermeiros, farmacêuticos , bioquímicos,  soldados, biólogos, guardas municipais, auxiliares de limpeza, vigilantes , técnicos de enfermagem , biomédicos, feirantes,  bancário,  gari,  faxineiro,  frentista,  ambulantes, caminhoneiros, trabalhadores informais, motoristas etc, etc ; e antes delas, nossos gestores, líderes escolhidos por nós,  que se manifestam , tentando encontrar uma saída menos dolorosa para seu povo, e principalmente,  entre aqueles que não tiveram como parar  ! Há corredores cheios em todos os lugares, há outros vazios, há vidas latentes por perto de nós; há sobreviventes,  no entanto parece que nunca nos importávamos com as pessoas, até que o vírus tenha surgido! Somos invisíveis ,  muitas pessoas eram invisíveis para nós; a pandemia, via de regra, nos apresentou isso, infelizmente: a insensibilidade ! Li os mais distintos exemplos, daqueles que nossos colegas mais próximos divulgam às diferentes conjeturas, cartas abertas, documentos oficiais de estado para definir providencias e prioridades, e nosso município não está por fora! Não nos omitimos, temos tomado os cuidados necessários! Dessa vez, não estamos com medo de nosso próximo , mas com medo de que nosso próximo seja o transmissor do vírus, e a cadeia não pare... e cada vez mais nosso pavor aumenta, de que sejamos o próximo .
Por último, não menos importante, ilustro com os filmes Epidemia, em que um vírus mortal foi levado de forma clandestina para outro país , mas quando o cientista encontra forma de ajudar a população é afastado do caso; e o  Ensaio sobre a cegueira , sobre ele, os críticos acrescentam “ não é apenas uma história, mas uma reflexão daquilo que realmente somos” e sobre esse modelo de homem que vive no agora , das coisas imediatas , dizem “ é o desmoronamento moral, traduzindo a confusão dos conceitos em um tempo em que todas as informações tem o mesmo peso” ! Assistir aos filmes é uma sensação, conviver com a carga emocional do que ditam as redes, as mídias, o sistema, as organizações, não dar para explicar em meia dúzia de palavras ! Para ser sincera, eu me encarrego de criar minhas próprias dúvidas, não responsabilizo outrem, trato de cuidar e curar meus medos, afastando de mim, essas possibilidades apresentadas, não pretendo acreditar nem duvidar de nosso Presidente,   quero ser parte dos que “achatam a curva” ! A gente nunca sabe o que a história contará depois de nós...Deixemos nossas ideologias de lado, nossas crenças, nossas opções, nossas melhores escolhas e cuidemos uns dos outros, coloquemos nossos corações em eterna oração e sobre essa linha tênue,  curva tão perigosa  “ a gente ensaiou aqui nesses dois dias, com a saída da cânula de papai”! Estamos todos, praticamente todos tão assustados com tudo isso, embora alguns de nós já vivêssemos uma grande guerra, só agora nos demos conta da ausência de paz!  E o que tem acontecido com nossa fé? Grata por mais esse ensaio, por todo aprendizado, pela chance de depois de tudo isso , tornar-me melhor; porque eu creio num novo amanhã; porém, custa-me muito dizer “ Eis-me aqui Senhor”!





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