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Cedida Pela Paróquia |
Naquele tempo não é o meu tempo...li recentemente numa crônica de Adelia Prado que “ a memoria
é contraria ao tempo, ela traz de volta aquilo que realmente importa”; em
tempos de pandemia, puxei conversas dia desses com minhas irmãs , lá em casa ,
das lembranças da casa de nossos avós lá
no interior; lembrei também de que na minha primeira infância morávamos
à Rua Monsenhor Gentil (que era de meus
avós) e houve uma briga , nas vizinhanças, envolvendo balas , e papai pediu que
todos nós ficássemos debaixo da cama até que tudo se acalmasse (éramos quatro) !
Dentro de mim, por esses momentos, ainda guardo a sonoridade de sua voz: Há
cuidados, há proteção! Se hoje abrirmos as páginas sociais uns dos outros, em
boa parte delas teremos a mensagem do Pai : “Meu povo vão para suas casas e
tranquem as portas; escondam-se...” ´Ecoar essas vozes agora que há tempos vem sendo dito para nós: há os
mais diferentes sinais! Quem teve o devido tempo para ouvir as inúmeras recomendações que
nos foram enviados ?
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crédito Naryelle |
Quando de quinta para sexta-feira,
arquitetei esse projeto de escrita, havia pensado em falar dos judas que existem em nós, porém em tempos
insurgentes , e dada nossa ansiedade atropelada pelas mídias com cargas de
informações, pendurei essa escrita para um momento de vitória ! Quero deixar na
memoria algo mais produtivo, de meu convívio, de minhas leituras, e de minhas
reflexões! Quando em Março publiquei És pin! Em mim, em nós: dem(i)ais tive naquela momento a sensação de uma
desordem enorme no mundo inteiro de que tão pouco ou nada sobraria para
contarmos historias , estava meio desanimada, coisa de momento para aquele
escrita, pensei! Depois , ouvi , vê ou ouvir dizer de que o Papa Francisco
rezou sozinho na Praça São Pedro para milhões de pessoas, que estendeu sua
bênção, seu perdão, auscultei mais de perto para poder dizer: sim , nos
preparemos para um novo mundo ; de que os mais diferentes líderes religiosos
clamaram entre seus fiéis de que era momento de muita oração pela cura do mundo,
fieis se prostraram para clamar a misericórdia, algo está fora da normalidade ,
tenho lido sobre isso! Li, vi e acompanhei varias cenas no mundo inteiro!
Orações pedindo pela contenção do vírus; outras tantas pedindo saúde e proteção
a todos aqueles que diretamente estão na linha de frente atendendo aos
pacientes, orações pelos mais vulneráveis, orações por nossas autoridades para
o verdadeiro equilíbrio e serenidade! O mundo inteiro (parece) que parou para
agradecer! Agradecer porque todos voltamos a ser dos mesmos tamanhos, a ter a
mesma importância! Agradecer porque compreendemos agora que a onipotência não
nos pertence! Agradecer por sermos exatamente do tamanho que somos! Agradecer
porque tantas vezes nos foi dada a chance de olhar para dentro ou olhar para os
lados, mas nos faltava tempo! Agradecer para admitir nossa (i)mortalidade;
ninguém está imune! E esse é o meu tempo, nosso tempo! Tempo de ouvir com
sensatez para disseminar a esperança! Tempo de filtrar toda informação! Tempo
de se reinventar! Que a mídia e o vírus se espalhem se for da
natureza delas, mas que entre nós haja tempo de reflexão e compaixão; que a
histeria e o medo acenem para nós, no entanto que eles nos encontrem vestidos
de nossa fé!Não deixemos o ódio nos contaminar! Não nos assustemos mais; há(via) tanta coisa fora da normalidade e
nem por isso manifestamos pânico ! Se não souber bem o que fazer porque sucumbiram todos os seus
afazeres , as suas posições sociais: leia um livro, cante, dance, invente,
escreva, demonstre solidariedade só não se desespere, esse deve ser o último
imperativo
Não inventei tudo isso que escrevi antes para
dizer que eu mesma negligenciei a quarentena para passar uns dois dias aqui
perto de minha neta Maitê, se eu contar os detalhes de minha vinda
para Urbano Santos após vinte dias em São Luis onde vivem meus pais, debaixo de
todos os cuidados, sou instigada a repetir as mesmas coisas... em nossa casa há sete anos , nosso
respirador são nossas mãos, um nebulizador portátil , muito cuidado e atenção !
Enquanto isso ouço os depoimentos positivos, os números são bem menores, as
redes sociais não sabem, a mídia nacional não tem interesse em publicar em “garrafais
“ que está havendo pessoas que saem curadas “porque preferem vender as mazelas
humanas “ poucas vezes temos visto exemplos do achatamento da curva apresentados por elas quer seja através da
empatia , da generosidade quer seja por algum medicamento paliativo! É tempo de
Pascoa, de renascimento, de ressurreição, se não entendermos que é preciso
oferecer o que houver de melhor dentro de nós, de que fomos chamados a celebrar
de outros modos, e se imbricados das velhas práticas para satisfação de nosso ego, não adiantará
clamar por um novo mundo, para que renasçam novos homens após pandemia ! Que eu comece o exercício,
porque a missão sempre fora maior do que a convenção! Tenho compreendido,
sobremaneira nesses sete anos, na doce vida de cuidados com meu pai, que nossa
purificação é alcançada mediante nossa fé, estivemos perguntando a ele sobre
tudo isso que esta ocorrendo no mundo, já nos disse que não seremos atingidos:
estamos dentro de casa, dessa vez sobre a cama, embaixo da proteção do Pai!
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Crédito Naryelle |
Enquanto isso,
aguardando aqui na porta, a procissão passar , fico com o diálogo que Maitê
provocou com o pequeno Pedro, ao modo dela, dizendo o motivo da cruz ali na
porta , a gente já vem de outras cargas de emoção, fora a parte o medo (imposto
pelas más noticias) quando de longe ouve o refrão do hino Prova de amor maior não há, maior não há que
doar a vida pelo irmão...a sensibilidade não vem só, em seguida a imagem do
Cristo morto para que nos transformemos verdadeiramente , porque foi por nós,
por todos nós que Ele deu a vida ! Em minha memoria, um tempo que não volta, (há
dez anos nosso irmão fora chamado por nós) mas um presente que pode ser refeito;
e a procissão seguiu por varias ruas da cidade, os Padres pararam defronte o
Hospital para conclamar bênçãos dos céus aos pacientes, aos cuidadores, aos munícipes
, às autoridades ! Uma lembrança que marcará por longos tempos essa geração! Por
aqui diante dessa pandemia, nem devia ter a distinção entre quem prega o Evangelho
de uma forma ou de outra, todos, sem nenhuma exceção, porque creem entoam a mesma canção “ Porque Ele vive, eu posso crer no amanhã,
porque Ele vive temor não há. Mas eu bem sei que o meu futuro está nas mãos de
meu Jesus que vivo está”. Estamos tendo mais uma chance, penso assim, e que essa
disputa entre as mídias, as vocações religiosas e os poderes não sejam um infortúnio para todos nós ! É tempo de desapegar, e o epílogo precisa ser a nova versão do ser humano. E até que a empatia contamine a todos, fiquemos em casa e “com a beleza das respostas das crianças,
é bonita, é a vida ”! E o sentido da vida está nessa reinvenção, me perdoem se sou
repetitiva... por novas Páscoas em que desapareça o Judas e permaneça: “ajudas”,
a solidariedade, a esperança, o afeto! Criemos coragem e compartilhemos nosso
Ovo da Páscoa com aqueles que não assimilam o sentido dessa convenção! Compondo laços com as escrituras e com a vida
para que a Páscoa seja todo dia!
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