“ A vida é assim, simples assim, gestos eternos surgem do nada”, aos
olhos de quem doa e aos olhos de quem
recebe; aos olhares de pessoas que conseguem fazer o bem sem olhar a
quem, sem fazer ‘moeda de troca’,aos que perseguem a perfeição humana e cristã,
aos sentimentos de quem sabe sobre a
vida e as relações nela contidas, de que tudo é uma passagem, nada durará para
sempre. De certo, para alguns, os gestos expostos agora talvez não tragam importância,
não deixem marcas, não façam diferença, não promovam nada na vida de ninguém;
de mim, eu sei de meu coração, faço emergir o tempo todo o perfume contido em
minhas Cartas ao Capitão. Quem o conhece? Quem sabe de sua história e o quanto ele representa em
nossas vidas, em nossas histórias?
Recentemente em conversa informal com uma amiga, contei-lhe de como se
dera a execução de nosso irmão Cabo Sodré; dela ouvi, de que não devo desperdiçar
a vida com tristezas, não posso jogar fora minha alegria nata; devo acreditar
sempre em minhas experiências e capacidades, preciso celebrar por cada vitória,
reconhecer minha beleza apesar das marcas do tempo, que não devo apresentar
semblante adocicado como se fosse um personagem; que devo ser forte para
enfrentar as fatalidades, optar por ocupar-se primeiro com o lado bom de todas
as coisas, agradecer por todas as lições ainda que escute a expressão “não sabe
de nada”, que preciso ter fascínio por algumas coisas sem apegar-me
demasiadamente, apostar a cada manhã no aprender e no ensinar de maneira
involuntária; procurar ser simples e sofisticada sem necessariamente parecer
arrogante, conter-me e posicionar-me quando achar necessário. Sou viva. Ponderações a parte, outro dia escrevi em
minha página social, algo que não é novo, refaço leituras dos grandes
filósofos: “Sorrio, (sou)rio, só rio_
mas não me basta; o choro é minha penúltima tentativa, porque dentro de mim,
embora rio, correntezas de fé!

O tempo, as lições, a velhice, os gestos, as indagações pontuais me lembram histórias similares que
paralelamente cantam glórias e espantosas surpresas, encantam com a sensatez,
com o equilíbrio, com o dom de algumas palavras. Enquanto finalizo este texto, lendo e
reescrevendo, a chuva é minha motivação, chove lá fora; e o vinho, que era apenas símbolo da Páscoa, torna-se
real nessa mesa para que eu escolha a melhor cor, a melhor arte, o melhor tom,
afinal, nesses quinze dias, da janela do quarto, acompanhei com curiosidade algumas
negligencias, outras vezes a assombrosa vontade individual de querer para mim todas as alegrias, todos os bens, todas as fantasias e poderes,como se além de
nossa casa, nossa voz fizesse sentido noutro ambiente. Enfim, minha inteligência alcançou até aqui, como
paradigma prefiro continuar sem saber de muita coisa, o rio lá fora está mais
cheio de águas mais escuras, opto em não arriscar_ por enquanto, esses gestos,
uma vida e diferentes histórias já me contentam, porque nessa passagem saltos
altos nunca me fizeram bem. Para muitos, só é esquisito o ficcional, nem sei...