“Nem sempre precisamos de confetes para colocar o bloco na rua”,
era bem assim mesmo que eu começaria a contar essa história, porque ela não é
pontual; há alguns dias, em conversa virtual com meu primo, perguntava a ele
quantos abadás teriam encomendado no primeiro ano do Bloco NTI, ele dizia que
no máximo duzentos, e o número de brincantes não chegou a 120, ainda assim , as
pessoas brincaram, brindaram, fizeram seu melhor Carnaval, contaram belas
versões das festas e folguedos do melhor
lugar para alguém brincar, na região.
Isso dito, pensei em prestar uma homenagem ao bloco em seus quase
dez anos de existência, porém protelei, para trazer apenas as iniciais, algumas
citações, reconsiderar minhas falas, provocar a diretoria, reuni outros
elementos... Precisarei lembrar de que algumas pessoas ( até com tom de
maldade) associavam a sigla ao meu nome e aos nomes de duas pessoas queridas e
amigas, salvo engano! Continuei daqui , escrevendo minhas “baboseiras” e não
deixei de gostar mais ou menos dos membros dessa Associação, constatei que
nosso nível de autoestima não está associado às impressões pessimistas dos que
pretendem nos ver desfigurados, tenho
amigos fortes que até ontem sairiam em minha defesa para o caso de surgir uma
briga assim sem sentido. Pulo toda essa parte, (já é ritual) para dizer que dia
28 de janeiro, já são cinco anos e oito meses do assassinato de nosso irmão
Cabo Sodré, e claro, as respostas nunca convenceram, dia 31, domingo próximo o
celebrar a vida com o primeiro filho de nosso primo Thargo e mais alguns anos
de nosso irmão mais velho, nesse ano, são dez anos do lançamento de meu
primeiro livro, o Confissões (in)versos,
tudo parecia tão óbvio até aqui, porém preciso dizer que uniformidade não
existe! De meu lado, sinto um melhor desempenho ao escrever e descrever
emoções, minha autoimagem captada por diferentes leitores tem me tornado menos
arrogante, embora não viva dessa profissão, minha vaidade e um enorme orgulho
assediam minha existência. Em minha defesa, pela força do hábito em ler e
escrever, não citarei nomes, no entanto quanta gratidão distribuída até aqui?
Quantas pessoas adotam, divulgam e “adoram” esse jeito de escrever? Muito
obrigada!
e como será o nome do bloco? |
Até aqui tudo bem, o meu rio é de lágrimas de alegrias, de
gratidão, de muita gratidão, quando salvo “minhas peles envelhecidas e feias”
sou otimista, porque outras menos mencionadas terão também sido salvas, anuncio,
porém que sou lenta demais na captação de alguns dados,(e eu rio de mim mesma)
tenho dificuldade em engatar a primeira e colocar de vez o pé no acelerador, e
isso não é fantasia, tampouco divagações. Nisso, opto pelo silencio! Minha
criatividade, algumas vezes deselegante está nesse meu jeito de reinventar
“histórias”, para alguns colegas é como se eu estivesse conversando mansamente
ou “com preguiça” de pensar mais, para
outros, não passa de um teste e raramente conto com aprovação! E para minha
sorte, não é essa profissão que me sustenta. Lembrei hoje de como eu fazia para
que outras pessoas lessem meus primeiros textos, lembrei consequentemente dos mais de dez
anos de entrega, naquela minha bicicleta verde do Jornal Mundo Jovem; por
coincidência feliz uma querida ex-aluna trouxe uma forte lembrança para rede
social... mais de dez anos! Ninguém consegue
escrever assim, como estou escrevendo agora, nenhuma outra pessoa faria essas
observações que cito nessa minha tentativa de poucas emoções. Ninguém! Sabe por quê? Porque fantasiada ou não,
organizei esse “bloco e coloquei na rua”!
É singular! Os dez anos da escrita de meu primeiro livro não me credenciam totalmente
para dizer isso, porém, posso notar e preciso dizer, por onde passam os
momentos de motivação da escrita e que incitam outros e por onde ficam minhas
sensações de constrangimento! Dia desses, ouvi alguém dizer bem assim: “eu
queria era ver sicrano em sala de aula..” uma crítica a atuação do outro como
se ele não pudesse avançar em estratégias e letramentos...Já ouvi dessas!
Precisei dizer essas coisas para evocar o espírito da bondade,
ainda dizer que não deixemos que nossas vaidades excessivas maculem o que há de
pureza em nossos corações; para compartilhar que esse exercício que agora veem
pronto, dá trabalho, me faz chorar, outras rio, me faz trasmutar para lugares distintos e longínquos, me faz toda vez
lembrar dos sacrifícios de meus pais e das impotências com que convivem hoje, escrever assim concede-me oportunidade de
lembrar com quem convivo todos os dias, de mãos que ajudam e compreendem que
ajudam outras milhares de mãos , nesse exercício, tenho aprendido demais, e uma eventual prolixidade não me diz se tenho
competência para ensinar mais ou saber mais; tenho clareza de que em meus
argumentos não trago impropérios. Mais certeza de minhas limitações! Ao final você, meu leitor, podia até me dizer
NTI (não te interessa) sei que não fará, eu realmente não sou “essas coisas que
escrevo”! E como tudo é uma questão de fé: há quantos andam as suas dores? Porque
eu guardarei as minhas, nem contarei mais sobre elas, entenderei as nossas! Por
uns instantes eu precisei das serpentinas, das fantasias, das maquiagens, das
máscaras e dos confetes porque em minha cidade, melhor lugar para se viver, alguém
me reconheceu: sou um grande nome! Que bom!