O mês de maio vem carregado do amor de mãe por nós, vislumbrar um mundo
melhor e mais puro tem sido a missão de muitos aqui na terra, quer através da
oração, quer através de ações simbólicas de amor ao próximo! Tenho agradecido,
e renovado os pedidos diariamente, para que eu possa aceitar sem murmurações os
desígnios do Pai. Durante a última semana de Maio estive ausente da cidade por
uma opção pessoal e necessária, sem o eufemismo, as cotações por aqui estavam
em alta, era semana de Jogos Escolares; não tive dúvidas de que “minhas
jogadas” seriam melhores aproveitadas no campo para o qual foi escalada,
formando o time das seis ou das sete mulheres ! Um desfalque: uma lesionada, e
sem reservas! Mas o time do qual faço parte é muito bom, daqui, de lá, nem
mesmo as avançadas medicinas tem ganhado de nós; aliás, uso da prerrogativa de garantir
que “quem tem um bom Capitão no time
já tem metade do jogo garantido”.
Lembrei-me hoje por pura e enorme coincidência de que houve um tempo,
de certo pelos idos dos anos noventa em
que chamávamos aos colegas mais próximos de “Zecas” não sei ao certo, porém ,uma certa analogia
ao Jeca Tatu personagem Caipira baseado no trabalhador rural, virou febre, era
usada por quase todos de nosso círculo de amizade, e aos poucos saiu do cenário.
E hoje nessa travessia somos Josés, somos mães, somos irmãs, somos Marias, e
essa minha reflexão é para falar de
acolhimento , de pessoas inteiras que se doam, que não acidentalmente estão
nalgum exercício, para falar de respeito, quiçá de resiliência . Há nos ajustes de minhas falhas comportamentais
uma janela que tem servido de metáfora que impele a entrada de ares e luzes
cada vez mais otimistas , quem leu meu último post, pode perceber quantos
acontecimentos bons temos presenciado e vivido apesar da impactante história
das limitações de meu pai. Celeste, a fisioterapeuta que nos acompanha há cinco
anos nos diz da admiração que sente pela resistência de dele, e ainda nas
capacidades físicas e mentais dele e de minha mãe! Somos gratos por essa
caminhada e por otimizar através de habilidades próprias a vida útil de meu
pai, desejamos a cada amanhecer por onde passamos essa vida que não nos parece
tão obvia! Que encontremos outros profissionais assim! Na sequencia, porque é
quem mora, quem convive no dia a dia ,quem sente mais de perto nossas versões,
nos ajuda nas comedias; dias em que é mais admirável, outros nem tanto “porque também
se aborrece”, grata ao sobrinho Victor Sodré pela amizade e respeito aos avós. Muito grata, quem coloca nosso bebê no colo, segura daqui, leva para ali, é fabulosa essa convivência.
E aquele sorriso mais alto, me parece
ser para contagiar mais gente; eleva uma autoestima com o termo “destruidora” da
mesma forma que nos diz, se não dormirmos bem ou estivermos sentido algo __ “Eita
tia, hoje está destruída”!
A primeira sensação quando escrevo as primeiras linhas é a de que essa ausência de linearidade , não deixa claro para
quem faz a leitura, ou a percepção sobre
o que eu de fato pretendia dizer...meu estoque é limitado, e eu mesma fico ao
final com a mesma impressão: estarei escrevendo sobre a mesma coisa? Que nada ,
quero situar-me e situar meu leitor; penso! Minha opção às vezes é repetir
palavras, mas se examinarmos bem, não falo sempre das mesmas coisas, trago
indeléveis lembranças ou fatos como tênues antídotos para dias mais amargos!
Sobre essa semana passada , eu nunca havia dito aqui nessa página sobre nosso
pai queixar-se de dor, quando víamos sinal de lágrimas geralmente eram por
emoção de encontro ou de lembranças, mas doeu-lhe por esses dias a barriga, doeu
a inquietação na cama, doeu-lhe mais ainda a ida ao hospital... naquela sexta,
dia primeiro , em que o levamos ao médico para uma avaliação cardiológica, além
de não nos receber muito bem, disse-nos grosseiramente no primeiro momento
algumas verdades que nem precisaríamos ouvir, estávamos procurando alento por uma qualidade de vida de meu pai! Naquele
espaço de tempo, ficamos ali, eu Victor, Soraya meu pai e o senhor com o
diagnostico pronto como se fosse o Deus. Não retrucamos muito, eu mesma lhe disse,
mas o senhor está zangado? [..} Que pergunta essa minha... concluir minha fala,
dando-lhe razão, deixou-nos sós até que arrumássemos a cadeira de rodas e saíssemos
do consultório resmungando conosco
mesmos. Ele deve está certo! Meu pai tem estado tão bem! É lucido, atento, ouve
bem, os exames laboratoriais sem nenhuma alteração por que mesmo tivemos que
ser atendidos justo por essa criatura?
Ficamos tão pequenos naquela hora, mas aquela complexa recepção não nos
frustrou mais...
Assim tem sido a travessia, mas não temos deixado passar em branco as
boas coisas da vida, dia primeiro também comemoramos o aniversário de meu irmão
Robson, motivos para comemorar e agradecer temos de sobra, do quarto meu pai
ouvia as vozes dos parabéns, fica ligado quando é uma aniversario, felizmente
quando o convidamos para cantar , se souber a melodia nos acompanha, naquela
noite eu o convidei para me acompanhar no hino Senhor,
eu sei que Tu me sondas/ Sei também que me conheces/Se me assento ou me levanto/
Conheces meus pensamentos falei-lhe de outras coisas, de nossa força, daquela dorzinha de barriga que insistiu em
voltar, e os olhos lacrimejando procuravam me acompanhar mais de perto para
cessar a dor. Não há cansaço que não possa ser revertido, nesses cinco anos, graças
a Deus há mãos que trocam as fraldas, que colocam os remédios, que compram a
comida, que vestem os pijamas, que
cuidam dos asseios, que alinham os cabelos.... deparamo-nos com colegas que se
aborrecem fácil, não imaginam quantos jogos temos virado durante esse campeonato...
um helicóptero chegou em minha cidade, meu pai não tenho o mesmo medo... e quando concluo essa minha
história posso garantir somos todos Jecas/ Zecas querendo por ordens no
trabalho rural dos outros como se nosso plantio estivesse todo organizado! Meu
encanto não encerra aqui porque minha missão é maior e naquilo em que a medicina ajuda,
Maria passa na frente e cura, porque com Ela somos todas José , o homem puro
que nos ensinou sobre SER.
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