Idealizar essa escrita me remete à lembrança da minha primeira viagem de avião, indo à Brasília, não abri os olhos nem para olhar para os lados, sensação estranha de medo e de náuseas, e quando aterrissamos quase “botei os bofes” ... depois tornou-se o sonho bom, a viagem esperada, o casamento de meu primo, e , outras lindas viagens pude realizar, para outros lugares embora com as sensações bem parecidas
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Na igreja da Sé |
Não tracei objetivo
para contar sobre monumentos, historias e memoriais, mas contarei e farei
alerta sobre alguns passeios, e a necessidade de informar-se sobre as previsões
do tempo antes de “navegar”! No primeiro dia de nosso passeio, conhecemos um
pouco do centro Histórico, Elevador Lacerda, Mercado, Igrejas, Santuarios,
Pelourinho, Memorial de Irmã Dulce, Farol da Barra cada destino bonito,
escondia outro mais lindo, íamos descobrindo umas histórias dali, perguntando
quando ficávamos na dúvida, debatendo, concordando , aprendendo, nos sentindo à
vontade para não cairmos nas ciladas... mas ninguém tem “mapa da alma de ninguém” e com a natureza por mais
previsível que seja, não cabe ao homem definir ! Refletir muito sobre esse nosso
passeio, pensar nas escolhas, e não se punir quando algo parecer está contra
nós, noutras vezes, seguir a ordem do
coração. Há todo momento recebemos sinais. De um filme, tive a oportunidade de
conhecer de perto o Memorial de Irmã Dulce e suas obras, ouvir os relatos, além
das simbologias exibidas nas telas , a espiritualidade da presença, vê de perto
suas vestes intactas, conheci não apenas a rebeldia da irmã ante as autoridades
do convento, mas o amor se revelando em cada ação que ela praticava, ali estava
presente a Santa, eu senti: na exposição a cadeira em que ela dormiu por quase
trinta anos, cumprindo uma promessa; nos anos 80 a benção do Papa João Paulo II
em seus dias finais, agora já sei o que a Bahia tem: uma Santa que intercede por todos que recorrem a
ela ! Saímos de lá renovadas! Entregamos nosso dia seguinte nas mãos do
Senhor...
E nosso
Novembro apresentara os prenúncios de um futuro incerto; doce e inseguro ao tempo
em que atravessamos a Baía de Todos os Santos rumo a Ilha dos Frades;alegria contagiante, felicidades em poder viver aquele momento impar, atentas às informações do Guia, Ilha linda, lá subimos
a escadaria para visitar a Igreja de Nossa Senhora de Gaudalupe... e para cada travessia, uma Ave Maria, pensei comigo mesma por que não para cada
alegria? Em meus cinquentas foi emoção demais pra um dia só! Quanto posso estender
a mão, evoluir além das formas quando estou em perigo? Nosso retorno, incluía
outra Ilha, a de Itaparica, e de lá, até chegarmos em terra firme “ o vento
balançou nosso barco em alto mar”; sussurro de que um vento sul estava vindo em
nossa direção, antecipou nosso retorno. E minhas crenças iam diminuindo quando
vi que as pancadas de água eram cada vez maiores, fugiu de mim por alguns
minutos a capacidade de discernir, pânico; concentração do comandante a cada
declínio de nosso “barco” transportavam-nos
para outro local, foram os quarenta minutos mais intensos, divididos entre os
choros, os gritos, expressões de desespero...
fomos escutados em nossa oração, até que o mar tenha se acalmado, e
naquele hoje por questão de segundos , não havia esperança de um amanhã !
Naquele dia, julgamos que nosso guia bem que devia ter nos poupado de passar
essa enorme travessia, emoções fortes podiam ter se transformado em uma enorme
tragédia, um filme de histórias e lembranças vieram à tona em minha memoria,
estranho saber que “somos instantes”, depois em terra firme, trouxemos para o
centro de nossa conversa a lição da senhora da banca que nos atendeu e deixou
de cobrar um item: “ dinheiro não compra vida” , ontem mesmo, o filho de
deputado Y estava aqui, à noite num acidente veio a óbito... as algazarras de
outros turistas desdenhando das forças da natureza, e por vezes ate ironizando
nosso nordeste deram espaço para outro som, divagando em outros pensamentos, vi
a Laura se transformando em várias para conter as irmãs que ao seu redor sentiam
cada vez mais pavor! Era essa historia que eu pensei em contar em Novembro...
Laura, Lene, Ozelita e porque só “temos
o hoje” outras sensações nos ocorreram, mas Novembramos
e de uns dias pra cá quando me perguntam como estou, digo: cheia de vida, agradecida, “ testando
possibilidades” para fazer referencia a quem lembra-se de chamar pelo meu nome! Sem aliteração, e por menor que seja a fé: nossa gratidão!