Essa lição trazida aqui deve ter vindo das leituras feitas de Adelia
Prado, outros também, digo dela porque é de sua autoria o pensamento que diz
: ” Não quero a faca, nem o queijo,
quero a fome”. Assim, percebo que com essa passagem posso aprender inúmeras
coisas, apresentar diferentes olhares; penso, por exemplo, a respeito de meus alunos da rede
pública, na responsabilidade que assumo com eles em construir um mundo mais
justo, com menos opressão, penso em meus pares ...
Comecei a compreender através de gráficos imaginários e desenhos feitos
por mim, sobre as múltiplas formações, das disponibilidades de ferramentas, das
experiências práticas e acadêmicas, dos diálogos para a construção de um
ambiente mais saudável, da disseminação de tecnologias, das construções, das pontes... e infelizmente da
transformação massificadora dos valores humanos e cristãos, valores que mais
parecem epidemias espalhadas na sociedade contemporânea. E,se em mim houvesse
o desejo de contentar-se facilmente com a possibilidade posta pela “faca” e ou
o pelo “queijo” de que adiantaria se desconheço a fome?
Em relação a isso, quando tenho oportunidade de viajar, para conhecer
novas culturas e experiências, já aconteceu de ficar perplexa ao registrar
exemplos mínimos, algumas vezes em terrenos mais áridos, capazes de fazer
alguma diferença, quando acontece, traço vôos enormes, sonho com pequenas
realizações, em pensamentos faço mágicas e malabarismos com os espaços e tempo
disponíveis. Remonto-me, não pretendendo infringir as leis, exponho idéias e
quantas vezes não consigo tirá-las
do plano do imaginário;no máximo, retiro de cada leitura centenas de palavras para a
composição de meus textos e ao editá-los posso perguntar: o que trago de profissional nisso? Qual a dimensão histórica ,
o caráter científico, a solidez para quem o lê? Lembro mais uma vez da fome, de
que a sente, de quem a vê e muitos casos de que a toca. Sobre isso, conhecer literatura, saber de crônicas,
romances,poemas ou de ter lido O quinze, Vidas Secas, Geografia da Fome não me habilita a registrar conhecimento
suficiente sobre o tema; logo, sem apresentar nenhuma aspereza, digo às pessoas que
aquilo que está óbvio não precisa ser dito ou reeditado.
Espero finalmente mais do que tudo, que meus leitores desejem extrair
outras versões, novos olhares, novos desejos, porque o que escrevo não oferece abastecimento
suficiente àqueles que aguardam fatias maiores e com mais qualidade. Não
discrimino as limitações, recrimino antes o saber contido, escondido em “grades”,
as irresponsabilidades éticas, criando fronteiras para os milhares animados em
busca de alternativas para saciar-se; por último encerro com o desejo de que
todos nós, nas mesas em que sentarmos, ofertemos mais do que ferramentas, providenciemos
igualmente as vontades e realizações ou terei reescrito o que parece provérbio, o queijo do homem, o bicho nem vê, nem come, afinal o comer, segundo Rubem Alves começa na fome de comer o queijo. (Aos que almejaram mais, eta texto besta, meu Deus!)
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