Sempre
que volto a escrever sobre esse assunto, mesmo depois de tantos anos ainda me
vem a memoria o momento fúnebre, a triste despedida, a indignação, as
controvérsias apresentadas, não tivemos como apresentar contraprovas, depois, é
fato que passei a aprimorar meus pensamentos, em lugar das constantes raivas
sobre a barbárie, dei lugar às lembranças bonitas, ao comportamento de
gratidão; substituindo as tristezas pelas saudades de alegrias, de conquistas,
muita coisa boa continuaria viva dentro de nós! E é bem mais aceitável que
nosso irmão tenha morrido por nós, e outra missão nos seria apresentada. E
nosso mês de Maio começou como os
demais, mês de nossa Mãe Maria, nossa
protetora, e há quase cem dias estamos nesse embate , sem saber de que lado
pode vim o ataque, o vírus é invisível, poderoso, e seja qual for o evento
previsto, ele se antecipa e ataca, havíamos planejado uma Missa porque é de nossa cultura e faz
parte de nossa fé, no entanto os planos de Deus prevalecem sobre os nossos,
toda vez; adiamos e nos empenhamos com as orações em nossas próprias casas,
todas as coisas tem a cada dia pertencido a um futuro bem distante e mais
desconhecido de nós. Não há o que dizer , o que sentir o que fazer ! Retomei uma
canção de Osvaldo Montenegro , há dez anos quantas canções que você não cantava
\hoje assobia para sobreviver ? Há dez anos com que entusiasmo “você
liderava” e hoje quantos se espelham em você? Sonhar ! Sondar! Saudar! Quantas
providencias! Quantos diálogos? Em quantas construções de mudança? O que era
essa a normalidade que todos nós falávamos e começamos a sentir falta? Nesses
quase cem dias, será se já tivemos tempo de nos desfazer de nossas corriqueiras
insensibilidades? E há dez anos nosso
irmão fora executado e continuamos sem respostas.
E
nesse mês de Maio, celebramos a vida, relembramos em oração os 7 anos dessa
inovada vida de nosso pai, e nossas; celebramos a passagem de meu irmão para a
eternidade; porém , foi um mês de
despedidas, de novos passageiros desceram e ou de seguirem suas próprias viagens,
foram dias infinitamente tristes, já não era o famoso de
longe, o da tv , o palhaço, o bêbado, o
equilibrista, o politico, o petista o bolsonarista... em nossa cidade “mãe gentil” choram Marias, Luzas,
Raimundas, Franciscas, Josés, Pedros,
Claras, Éricas, Franciscos, Darcys,
Lauras, Marias, choram os filhos, as
esposas, os netos, os amigos... num dia, amanhecemos com a partida de dona Raimundinha,
num outro de nosso amigo Francisco das Chagas, o Nego, lutou por alguns dias
contra o vírus, mas não venceu; as famílias enlutadas nem ao menos se despediram,
era até outro dia, nossa cultura, nem ao
menos 24 horas partiu seu Pedro Mendonça, e em dias seguidos seu José Ventura, dona
Odete, nosso amigo José Rodrigues, aquele que era a referencia da ponte, ajudou
“na travessia” de muita gente; quer dando abrigo, quer oferecendo uma palavra. Todos
aqui citados tem uma família, tem uma
historia, tem um vínculo, tem um amor, uma conquista; nenhum de nós sabe o que
se passa sobre o outro ; e esse vírus infelizmente, sem uma palavra vem nos
dizer isso, somos mais uma vez sem aquelas chamados dos comerciais convidados a “ mais
empatia por favor”. E uma cruz vazia nos diz tudo sobre isso porque só quem tem
muito amor pelo outro, doa sua própria vida. E nosso mês de Maio vai se
encerrando, os dias não tem sido fáceis, pelas manchetes dos jornais, do lado
de onde esperamos uma sensata opinião (ao menos) vem o desequilíbrio; dos noticiários
a quem não me atento muito sobre tantas fatalidades vem os números e não são
poucos, dos compartilhamentos das notas de nossa cidade, ora números, e a
dolorida hora dos nomes; perdemos o Tio Dedé Izidorio e as sensibilidades vão chegando perto de nós, de quem tivemos contato, de quem sabemos os nomes
e endereços..
E nosso dia 28 de Maio,
sobre quem comecei falando , começa para nós com “a vida continua”, otimismo e
fé, (fiz essas plaquinhas aqui em casa por causa do José e de uma Maria) e em minha rede social
havia escrito dias desses, uma passagem “
na guerra não nos é permitido chorar”, temos vivido esses dias, presenciando a
guerra sendo mais arquitetada nos gabinetes e nas redes sociais, estamos
nos fortalecendo para vencer esse embate, precisamos nos manter munidos de
nossa fé, porque é muito triste não
poder chorar . Antes de concluir minha escrita, soubemos da partida de Dona Maria
do Aflitos, dona Fl)ritinha, retiro das
mensagens do professor Jurandi , a minha homenagem “ quando professora lá no
povoado Bom Jesus, ensinava por amor, enquanto reinava no resto do país o
ensino mais tradicional de nossa história nos anos 70 e 80 , ela ensinava
brincando, uma professora leiga, com visão além de seu tempo”; professor,
professora o entusiasmo nos segue! Que
tenhamos tempo, mais tempo, para deixarmos legados ! Talvez eu não tenha ensinado
muita coisa, há quem me diga que perdi minha identidade, descarto a hipótese,
mas tenho aprendido muito e sei que repetidas ou não, minhas escritas me
acalentam. Além dessas reflexões, o depoimento da neta, “da
avó que se desdobrava para que não lhe faltasse nada”... E nossos dias não tem
sido fáceis, tenho de forma responsável estado dias aqui, dias ali; e todos os
dias com o mesmo pensamento “ quem cuida de nós não dorme” porque só Ele é o
Salvador. Feitas essas considerações, há dez anos convivemos com o fato da
execução de nosso irmão; há sete, temos tido a chance de aprender e saber mais
sobre a força da oração com nossa Maria e nosso José; e quando Maitê fizer dois anos, limpo as
louças e arrumo a casa para meus cinquentas,
embora tenha medo de foguetes, saindo dessa, tocarei foguetes, celebrarei, e
continuarei agradecendo; “tecendo as manhãs” todos os dias, com outras mãos;
não haverá a festa de São João, porém sigo o pensamento de GP “ a cura esta no
coração”. Saudações Marianas, saudações ecumênicas! O bem vencerá.
4 comentários:
Sábias palavras, quaisquer que sejam os motivos sempre nos empolgam a lê-las, eu mesmo com toda preguiça não pisquei os olhos até devorar o texto inteiro... compartilho os sentidos, tanto de tristeza quanto de fé que "dias melhores virão". Parabéns pela bela reflexão que nos traz nesses dias difíceis.
Sábias palavras, quaisquer que sejam os motivos sempre nos empolgam a lê-las, eu mesmo com toda preguiça não pisquei os olhos até devorar o texto inteiro... compartilho os sentidos, tanto de tristeza quanto de fé que "dias melhores virão". Parabéns pela bela reflexão que nos traz nesses dias difíceis.
Tecendo as manhãs, com a sensibilidade de quem acredita de que novos dias, novas pessoas teremos, daqui para frente!
Vivemos em tempos sombrios, tem sido dias difíceis a todo mundo, principalmente àqueles que ainda choram por seus queridos amados que "partiram". Ótima sua reflexão!
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