Dos quatro elementos: a água; dos pássaros: pardal!

          Umas de minhas preocupações quando escrevo é justamente encontrar palavras que combinem com o momento em que escrevo, justificar a transcrição do título e provocar nos leitores o deleite e a reflexão.É impossível dizer se consigo, pois ainda agora, encontro pessoas que ao lerem a página, indagam se eu mesma a escrevo. É compreensível,porque pesa sobre mim grande responsabilidade, dos dois um: ou o texto está bom e aí não seria eu a "escritora", ou está muito ruim...Sem murmurações, cumpro o que me vem à cabeça,ao coração.
          Na festa de encerramento de São Francisco, dia 04, lembrei-me fortemente de que há bastante tempo eu havia lido sua história e trajetória de santidade, por indicação de minha mãe, interessava-me saber de sua simplicidade, do amor aos pássaros,do diálogo com a mãe natureza,da doação aos pobres e aos doentes; depois reli. Pensei em ser franciscana! Convivi e percebi que estava muito longe de compreender com decência a dádiva de Francisco. Leio infinitas histórias sobre o amor do Santo aos bichos, às florestas,aos doentes,aos irmãos, aliás, a todas as criaturas de Deus.Naquela noite, para nos presentear, Ele coroou seus irmãos com chuvas de bênçãos, conduzindo-nos a reflexão de que nossa coerência é do tamanho de nossa fé.Cantamos, oramos,agradecemos para encerrar a festa. Era véspera de eleição...Choveu, molhou nossa terra, nossa alma! Aos observadores comuns, era apenas mais um dia,uma data, uma chuva, uma noite.
       Parecia até outro dia, que eu era o "patinho feio" porque na minha cabeça  era impossível conviver com algumas limitações, em certas horas, pelo comportamento até pela convivência,  contradigo com meu ideal cristão; no entanto, para meu bem continuo ignorando coisas absurdas,a vaidade e arrogância ora disseminada por outrem não passam de especulações, evito dissimulações para ter uma postura menos reprovável, procuro ouvir e refletir para confiar mais,o "lugar comum" ainda é meu melhor espaço, e nele todos os motivos que tenho são para agradecimento, nele sempre estou mais segura. Tenho uma grande mãe, um pai herói; um brilhante filho, irmãos sabedores de nossa missão, um precocemente chamado pelo Pai  e eu embora com o complexo do "patinho", procuro acreditar que é possível ter uma " vida de Francisco", sem artifícios, sem ostentação, sem austeridade. Uma vida  em que se valoriza as águas dos rios, o cabelo molhado, o rosto sem maquiagem, as visitas aos amigos,  as companhias saudáveis e desinteressadas, as folhas secas, as chuvas que caem, o canto  das rolinhas, o riso fácil ; a felicidade espontânea. 
       E por mim, desconhecendo um pouco a história dos pássaros, numa tarde, em que a água do rio era tão boa companheira, fria e silenciosa, ouvi o canto de uma rolinha " fogo apagou", retomei uma pequena passagem: "só rio, sou rio". Ora, ainda é possível alegrar-se com as simplicidades da "irmã natureza", nesse mês, nesses dias, um outro "pássaro" tão querido e amado por todos nós, pousará em seu habitat natural; é o canto e o encanto em pessoa, às vezes dribla a vida com a síndrome do palhaço...mas é quem consegue o riso mais alto e mais espontâneo de nosso pai. E é assim, que termino minha reflexão, nem águia, nem galinha; o que certamente diminuirá ainda mais meu complexo de "patinho" será o riso, o canto e a voz do pequeno Pardal, e a lembrança certa de que a minha natureza mesmo pequena produz milhares de cantos, a capacidade de também alçar grandes voos e conviver com outras emoções. São Francisco de Assis, dos quatro elementos: a água; do canto dos pássaros: Pardal! 

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