És pin! Em mim, em nós: dem(i)ais


A despeito de qualquer outro fato, há exato sete meses não escrevo nenhuma linha para meu blog, fui adiando, adotando os “status” os “stories” e quando me dei conta não sentia vontade de sentar-me à mesa para escrever praticamente sobre nada ! Há sete meses! Há nesse ínterim sete anos que estamos nesse revezamento sadio com os cuidados com meu pai ! Há “outros sete“ embutidos e imbuídos de outras histórias, não serão parte .. Nas passagens bíblicas, sete, representa a plenitude, a promessa! Tranquei-me para tratar de outro assunto, de nossas vulnerabilidades, de nosso egocentrismo, de nossa disputa por poder, de nosso empenho em sermos ou termos mais; digo, nossas, porque de um modo ou outro, em meio a tudo isso não devemos apontar apenas para o lado do outro.
No tocante à vida, inicio de Março (para nós) o orquestrador do universo acrescenta no volume das chuvas, às boas águas de Março, a vinda de um vírus desaguando por aqui, de outros continentes, e veio sorrateiro, invisível, tornou-se o primeiro inimigo do homem! Estava eu, organizada para viajar, não havia me ligado muito nos noticiários, achei no primeiro momento que não seria demais manter o planejado! Fomos! Depois quem somos nós para julgar!? Não nos adiantaria no processo da cura, apontar culpados, não é?  Em 2016 já éramos convidados através da Campanha da Fraternidade a cuidar da “Casa Comum” que desde sempre é responsabilidade nossa; e começamos a achar assombroso que o vírus nos aponte para um novo tempo; tempo de união e de distanciamento; tempo de reflexão e de ações imediatas; tempo de se encontrar nos nossos próprios lares, tempo de prolongar os diálogos e conversas nos grupos virtuais , tempo de ser sem necessariamente aparecer, tempo de rever algo que já era previsto . Ponderar respostas; e filtrar informações  ! Em mim tempo de emoção! Como escreveu alguém em sua página  “ há momentos em que eu preferia não esta na historia” ! Posso pensar agora na literatura, principalmente bíblica,  na historia , na matemática, nisso ou naquilo, meu filho mesmo quando nos explicou sobre a evolução do vírus, nos falava em “progressão aritmética e progressão geométrica”, e a gente não precisa detalhar conceitos, e qualquer que seja a dimensão de minha história, penso com equilíbrio, com sensatez, e acima de tudo apego-me a minha fé ! Do ponto de vista da estética, dos olhos de quem ama, temos contatos frequentes com pelo menos quatro: nossa mãe, primeira e melhor cuidadora de nosso pai; nosso pai, seu José, homem forte, vindo de uma avalanche de pneumonia, paradas respiratórias, perto de seus oitenta e sete anos; Maitê minha querida e amada neta que ainda não completou dois anos e nem sabe do que se trata; e de nosso sobrinho neto Theo, com apenas oito meses, a todos eles, queremos muita saúde e proteção e faremos o que estiver ao nosso alcance para protegê-los; em mim, não cabem mais medições, lido com a emoção , porém, procuro ser sensata em meus pronunciamentos ! Tudo é providencial! Não dependemos de opiniões rasas, tão pouco pretendemos espalhar o pânico, aqui a dimensão está em algo intocável, invisível e irrevogável ! Há quantos anos Raul Seixas escreveu que houve um dia em que a terra parou ?  Foi em um dia comum, desses contados pela cronologia,  foi um dia “como se fosse combinado em todo planeta , naquele dia, ninguém saiu de casa”! Chegou esse dia para nós: pais , mães, filhos,  irmãos, tios, sobrinhos, autoridades, professores, alunos, pastores, sacerdotes, artistas, ambulantes , todos foram convidados a ficarem em suas casas ! Por que essa convenção ?
No cenário mundial, quantas historias já atravessaram gerações antes das nossas?  Da convenção, há escolhidos e capacitados: médicos, enfermeiros, farmacêuticos , bioquímicos,  soldados, biólogos, guardas municipais, auxiliares de limpeza, vigilantes , técnicos de enfermagem , biomédicos, feirantes,  bancário,  gari,  faxineiro,  frentista,  ambulantes, caminhoneiros, trabalhadores informais, motoristas etc, etc ; e antes delas, nossos gestores, líderes escolhidos por nós,  que se manifestam , tentando encontrar uma saída menos dolorosa para seu povo, e principalmente,  entre aqueles que não tiveram como parar  ! Há corredores cheios em todos os lugares, há outros vazios, há vidas latentes por perto de nós; há sobreviventes,  no entanto parece que nunca nos importávamos com as pessoas, até que o vírus tenha surgido! Somos invisíveis ,  muitas pessoas eram invisíveis para nós; a pandemia, via de regra, nos apresentou isso, infelizmente: a insensibilidade ! Li os mais distintos exemplos, daqueles que nossos colegas mais próximos divulgam às diferentes conjeturas, cartas abertas, documentos oficiais de estado para definir providencias e prioridades, e nosso município não está por fora! Não nos omitimos, temos tomado os cuidados necessários! Dessa vez, não estamos com medo de nosso próximo , mas com medo de que nosso próximo seja o transmissor do vírus, e a cadeia não pare... e cada vez mais nosso pavor aumenta, de que sejamos o próximo .
Por último, não menos importante, ilustro com os filmes Epidemia, em que um vírus mortal foi levado de forma clandestina para outro país , mas quando o cientista encontra forma de ajudar a população é afastado do caso; e o  Ensaio sobre a cegueira , sobre ele, os críticos acrescentam “ não é apenas uma história, mas uma reflexão daquilo que realmente somos” e sobre esse modelo de homem que vive no agora , das coisas imediatas , dizem “ é o desmoronamento moral, traduzindo a confusão dos conceitos em um tempo em que todas as informações tem o mesmo peso” ! Assistir aos filmes é uma sensação, conviver com a carga emocional do que ditam as redes, as mídias, o sistema, as organizações, não dar para explicar em meia dúzia de palavras ! Para ser sincera, eu me encarrego de criar minhas próprias dúvidas, não responsabilizo outrem, trato de cuidar e curar meus medos, afastando de mim, essas possibilidades apresentadas, não pretendo acreditar nem duvidar de nosso Presidente,   quero ser parte dos que “achatam a curva” ! A gente nunca sabe o que a história contará depois de nós...Deixemos nossas ideologias de lado, nossas crenças, nossas opções, nossas melhores escolhas e cuidemos uns dos outros, coloquemos nossos corações em eterna oração e sobre essa linha tênue,  curva tão perigosa  “ a gente ensaiou aqui nesses dois dias, com a saída da cânula de papai”! Estamos todos, praticamente todos tão assustados com tudo isso, embora alguns de nós já vivêssemos uma grande guerra, só agora nos demos conta da ausência de paz!  E o que tem acontecido com nossa fé? Grata por mais esse ensaio, por todo aprendizado, pela chance de depois de tudo isso , tornar-me melhor; porque eu creio num novo amanhã; porém, custa-me muito dizer “ Eis-me aqui Senhor”!





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