A graça da última palavra, dos últimos gestos, do último café...


“A
  gente é a soma de nossas decisões”, até  o dia do último adeus, é assim que começo, remonto  minha escrita. Dia 14 de Outubro , digo, há um mês, ainda estava entre nós; cada um de nós é um “ser sem previsão de manuais” ...ainda é possível ler com frequência : depois o café esfria, a rota muda, a dor cessa, a hora passa, tudo passa . Por obra e graça todos nós somos cientes disso; levantar hipóteses com ou sem medo de errar faz parte da natureza humana; cuidar das sementes porque sabiamente alguém nos alertou “não é sobre quem recebe é sobre quem semeia”. Cuidemos. Copiemos e espalhemos as boas sementes.  Quantas?  __As respostas não estão conosco.

De uns tempos, não sei precisamente, opto por essas ideias de compartilhar chá, café, mingau de milho, aqui acolá eu mesma ”apronto”,  e fica aprovado, mas via de regra, conto com outras mãos , e assim tem sido nos diferentes espaços ... em Julho de 2020 em que tudo era tão sombrio e incerto com a ajuda de minha nora Naryele fizemos um creme de frango e mingau de milho para entregarmos aos avós de nossa rua, foi uma gota , tudo pode ser uma gota, no dizer de Madre Teresa...enquanto escrevo, lembro-me de quanto éramos amedrontados sobre a grave doença! Sacrifícios!  Convivências restritas! Manifestações de apoio, de solidariedade, muita coisa acontecia ao mesmo tempo que certamente ajudaria em nossas transformações. Era fácil , bem mais fácil falar em empatia . Era seguro. Era a melhor escolha. Pois bem, e quem foi a pessoa inesquecível e mãos caprichosas com que mais essa centésima vez eu pude contar? Quem era o ser humano alegre e disponível que fazia tudo e para todos com os mesmos sabores e ofertava o mesmo aconchego? Quem esteve presente na organização da mesa posta, da seleção dos pratos, com a própria mão na massa? Quem por dezenas de vezes se colocou a disposição para servir? Quem esteve presente quando nos organizamos para o chá literário virtual em 2020, aproveitou o por do sol, e num poético inconsciente organizou o melhor espaço? Alinhar essas minhas falas e voltar há mais de vinte anos; reparar pelas frestas, os banhos de rio, as saídas, os passeios, as conversas sem discórdias, com ponto de vistas diferentes, e o amanhã nos aguardava ...

foto cedida por Janete Bastos
Era dia um em que estávamos promovendo um Café no Emporium da Terra ; o bolo de milho pronto, a disponibilidade como fazia para tantas outras pessoas , era cristã ; contei com suas mãos por milhares de vezes, nesse dia quando devolvi-lhe as vasilhas, disse-me que estava cansada, devia ser da própria rotina, mas contou também a outras pessoas ; “mulher tivesse me dito eu mesma faria o bolo, não ficaria assim... saboroso”. Eu não sei explicar, aliás, não sabemos, conjeturar depois dos fatos consumados não adiantará. Sei de igual modo que homenagem póstuma não dirime dor, não merece detalhes, não salva escritor, nem fará diferença nas vidas dos que atravessam o luto... Ficam as lembranças vivas, os testemunhos em vida, a maneira como tocou e reagiu diante de cada coração; ficam as saudades, isso e a gente busca resposta para algo que naturalmente acontece com todos os seres humanos  Conversamos, contei-lhe de que viajarei a São Vicente para o velório de meu primo Edson, foi tão rápida sua morte, era tão novo, assim transcorria o diálogo! Contei-lhe ainda que Dindinha Rosa havia estado internada, não estava bem, idosa ,      debilitada ... “pois é, indo a São Luís, esses dias,farei uma visita”, assim foi cumprido. Do terraço, avistamos as paredes altas, e alegria no rosto,  no coração de poder construir uma casa ao seu modo, ampla, “para realizar minhas festas, meus encontros”, fazemos uns planos e nosso Criador nos surpreendeu com outro. E encerrou sua participação aqui na terra, deixando uma grande marca em gesto concreto para servir ao outro, para tocar o coração de quem sempre esteve por perto...em seus status pode-se ler na manhã de 20 de Outubro “ a felicidade está nas pequenas coisas, nos pequenos gestos, sinceros, ah, como Deus é bom, sempre colocando pessoas maravilhosas em nossas vidas #soufeliz”. Esse foi seu adeus, as últimas palavras, antes, do último café. Enquanto escrevia, veio a noticia de falecimento de seu Oscarlito, grande amigo, pai de nossos amigos Nonato, Lucicleia, Cleia, Zezinho... e sogro de seu irmão Jailson Bastos. Tudo é uma gota! Um sopro! Um piscar! E se não se parece comigo essa pessoa que aqui escreve, essa é a minha ideia sobre quem espalha sementes: permanece no coração. Viva está DARLING com toda graça. Obrigada por toda doação e disposição. OBRIGADA.

 

 

 

 

 

 

Preâmbulo ou percalços : o óbvio sendo dito

                                                                                      

Não se admire se um dia...” eu começar a contar a mesma historia;   preâmbulos e pretextos previsíveis são parte do repertorio de quem passa muito tempo sem escrever uma linha. Deixarei aqui um ícone: Interessante! Eu devia escrever sobre a subjetividade do
voto ou da superficialidade do fato do voto .
   Eu devia escrever outras folhinhas a mais. Essa contabilidade não importa mais.

Pois bem... Julho de 2022, relendo as legendas e olhando as lindas fotos, tenho a leve sensação de que foi ontem, trago um viés simples  , sem detalhes e embora tenha um histórico de pedaladas leves e sem muitas aventuras; esse ano, provocada e incentivada bastante pela amiga Dulciane Araújo, no mês de aniversario dela, comecei uns treinos para acompanha-la . Treinamos, fomos ali na estrada que liga a Barreirinhas, até   o Povoado Vertente, fizemos as fotos nas máquinas, na passagem do rio, tomamos banho. Sondamos a quantas a andava a construção da estrada.  Foi um sonho bom ! Botando aqui a roupa do Pilates , indo perto de gente linda, ficando linda;  outras aventuras foram acontecendo. Para cada percurso novo, o entendimento de um desafio ; de uma feita fomos até ao o Sitio João Ivo, na estrada de São Benedito ...  pedalar deixam marcas nada convencionais; é um acertar as contas consigo mesmo/a para sentir-se mais empolgante e abrir espaço para novas astucias.

Talvez eu não siga a ordem cronológica, nem mesmo pretendo transcrever todas as sensações porque são inúmeras , pelas minhas contas o percurso mais longínquo para o qual fiz foi ao Povoado Surrão, saímos de casa às 5:00 , ainda turvo, divagar nas estradas ; parando num canto ou noutro para fazer o registro, bebendo um gole d água , enxergando outras cores pelo percurso ; ouvindo depoimentos, apreço pelas contrarias acomodações ; recebi incentivo logo dentro de casa : até o Surrão é longe, será de dar conta de ir ... fomos ! Nesse dia, com um carro de suporte , levamos um café da manhã reforçado, tomamos banho, fizemos vídeos , altas risadas , performances. A vida sempre nos chama para algo lá fora  , nos dando  a chance de continuarmos enxergando por mais perto de nós mesmos.  Historias inesquecíveis tenho extraído de minhas idas aos pedais , no retorno do Surrão, dei conta com minhas próprias energias ate o Povoado Fortaleza, admirada, pedir pra sentar um pouco e voltar no carro de apoio. Na verdade , aleguei que seria por conta da hora.. quase dez horas da manhã... Solidariedade, e gente por perto me esperando foi possível contar. Chegando em casa, tantas memorias e admiração! Pedalar é um exercício para a mente, uma tarefa que como todas as demais fica tão divertida quando encontramos outras energias, outras mãos, outras vozes. A mente se renova, ouvi um pouco dos depoimentos da Dulciane, envolvendo a saúde, contei sobre os meus ... a amiga Maria Gomes veterana e grande incentivadora disse logo “ pedale todos os dias , e deixe de lado as medicações.” Tenho seguido esse ritmo; as sequelas do COVID não são poucas, minha mente se amedronta em ouvir falar em casos graves de ansiedade e de depressão. Faço um pedal. Antes, passei uns dois meses na bike emprestada de minha irmã Soraya, em Setembro fui agraciada pelo incentivo de meu filho com uma nova bike! Que alegria ! Ele se parece muito com meu pai : tem que cuidar, zelar, limpar rsrsrs. Temos fotos lindas , registros maravilhosos. Um outro cafezinho da manhã ali no Povoado Vertente, água linda, corrente, tempo bom... nesse dia Amanda e Vanessa ficaram um pouco pra trás por conta da bike, pois é, as maquinas dão problemas, faz parte da aventura.

Ao decorrer, nos demos conta de que outras pessoas já tinham rotinas de pedaladas , grupos maiores, menores, históricos de grandes aventuras, fomos organizando nossos roteiros, ida ao Povoado Pau Ferrado, com um delicioso café da manhã ; lá com direito a banho; fomos ao povoado Sapucaia , direito a café , banho e pescaria, a amiga Nevinha levou seus instrumentos e pescou de primeira; no retorno uma batida entre ela e Soraya causou leves ferimentos; ponderações e cuidados a parte , chegamos em casa são e salvos ... antes aquele cansaço natural, na chegada da cidade . Aqui faço uma reflexão e a amiga e enfermeira Layde Ramos pode responder : minha saúde sendo testada ou sendo alimentada ? Façamos as escolhas.

 

Em Setembro participamos do Ciclismo da Natividade um lindo momento,  grata a Nossa Mãe por tantas maravilhas e cuidados; fizemos um percurso dentro da cidade! A sensação, associada à vontade de pedalar todos os dias e avançar em quilometragem é tão boa! É a continuidade que nos iguala ou nos individualiza , como lembra a amiga Dulciane “cada um tem seu ritmo , seu tempo, sua predisposição”. Organizamos um Pedal do Professor com direito a carro de som, acompanhamento da Guarda Municipal, fotógrafo, encerrando com café da manhã no Espaço Reviva. Viva  !  Viva ! Pedale! Tropece ! Volte a pedalar, para cada incentivo em que recebo, uso o dobro para incentivar . Final de Outubro , participamos do Pedal Outubro Rosa canal de incentivo e cuidados para com a mulher , promoção das secretarias do município , uma parceria saudável , proposito maravilhoso. OBRIGADA ao Criador do Universo, obrigada por todas as condições por que passo e me dou ao prazer de pedalar. Obrigada a todos ao meu redor pelo incentivo diário ! Obrigada às parcerias , aos empurrões e puxadas . OBRIGADA! Eu já vou me despedir, antes, dizer que fomos até a linda Praça da cidade de Belagua... me despeço agora , há dias não pedalo e todos os dias repito para mim mesma : aNILME-se ,todas as manhãs a vida te chama com algo de novo lá fora.







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