Meu querido, meu voto, meu amigo!











Mais uma vez estou comprometida com as eleições municipais, sem nenhum constrangimento; vejo  proximidade do dia 07 de outubro e não tenho dúvidas quanto ao meu voto para prefeito e para vereador, entendo perfeitamente que há críticas e alguns critérios devem ser levados em conta na hora da escolha, mas as analogias devem ser úteis para o avanço e não o contrário. Nesse período, todos nós de alguma forma temos alguém envolvido, comprometido; conhecidos, amigos, parentes... que pleiteiam uma vaga na Câmara de Vereadores e devo fazer uma reflexão sobre amigos para perceber nossa inclinação a votar neles.

Por parte, há uma passagem bíblica em relação à amizade “ um verdadeiro amigo é  mais chegado  que um irmão” ; encontraremos também sobre amizade, na obra de Shakespeare o protagonismo de Hamlet ao testemunhar que “ o mérito de uma amigo está no valor em ser um humano distinto e especial”; buscando sua origem no latim, encontramos “amigo é o que quer bem”; outros tantos exemplos, reportagens, matérias e pesquisas sustentam que a amizade é nobre e saudável, sendo extinta afeta alguns órgãos. Ademais, não pretendo dissertar sobre amizade nem apresentar modelos antigos para defender meu voto.
Sucintamente, refleti sobre amizade e amigo foi apenas uma das razões para que eu começasse a falar de minha escolha, portanto não falarei só sobre “isso”, procuro escrever sobre eleições e voto. Afinal, votar em alguém pelo fato de ser seu amigo, justificaria seu voto? Estará ele realmente comprometido com a cidade, com as causas e necessidades dos cidadãos que a habitam? Entendo que por mais egoísta que pareça a campanha partidária e os interesses políticos, minha escolha só será efetivamente segura se minha paixão pessoal estiver guiada inteiramente pelo reto raciocínio. Eu particularmente tenho inúmeros conhecidos que são candidatos a vereador, no entanto, possuo um amigo e deve haver nesse meio todo, pessoas com virtudes iguais às dele, porém o amigo sobre qual falo e escolhi para votar, exerceu com seriedade seu mandato, apresentou proposições visando o bem comum, destacou-se por sua voz fundamentada na tribuna; tem suas obscuridades (não é santo) é ser humano e quem não as tem?
 Acredite amigo Raimundo, em mim quase pairavam dúvidas em quem votar  para vereador, depois de algumas incitações resolvi escolhê-lo mais uma vez por esses dois motivos, nessa ordem: por ter sido um bom representante para nossa classe e por ser meu amigo; descartadas outras hipóteses, colocando tuas virtudes prontifico-me mais uma vez em multiplicar votos, confiando mais em tua capacidade de legislar. Logo, caros (e)leitores dia 07 de outubro, oPTe pela vontade e capacidade de legislar, escolha Professor Raimundo 13000, com sua participação esse nome fará ainda mais diferença.

Parafraseando Meu querido, meu voto amigo
Setembro de 2008


A Literatura pode ser útil e gostosa


Celso Sistoescritor, especialista em Literatura Infantil e Juvenil e doutor em Teoria da Literatura.

Quando mudanças curriculares são planejadas para as escolas, por vezes se discute o que é importante e o que pode ser deixado de lado. A bola da vez tem sido a Literatura, cuja permanência vem sendo questionada. E apesar de hoje se buscar a universalização da leitura e da escrita, muitos estudantes terminam o Ensino Médio sem saber ler e escrever plenamente. Essa realidade pode ser transformada quando a escola encarar a Literatura como um ato criativo e prazeroso para crianças e jovens. A fim de provocar uma reflexão sobre essa atividade tão fundamental, conversamos com o escritor carioca Celso Sisto.
  • É possível dizer que fazer literatura é um ato de criação?
    A literatura não só é um ato de criação como é um ato de recriação, um ato de leitura de mundo. Quando produzimos um texto, isso nos leva a praticar uma série de outras coisas, a fazer descobertas sobre nós, sobre o mundo, sobre as possibilidades da linguagem, sobre as possibilidades de se comunicar com o outro. Isso tudo é um ato de criação. Mas a literatura enquanto ato de criação requer do escritor um conhecimento, uma imersão nesse universo para que ele possa ser suficientemente estimulante e para que cada um possa descobrir o seu jeito de lidar com a língua, com o texto e com a literatura.
  • Ler também é um ato criativo?
    Exatamente. Porque você cria junto com o que está criado. Ler literatura é sempre um exercício de colocar em xeque a sua própria vivência, a sua própria história, o seu próprio conhecimento da vida. Na verdade, ler é um exercício de compartilhamento. É por isso que podemos ler o mesmo livro e não estarmos lendo a mesma obra. Porque cada leitor é único e cada leitor traz para essa leitura a sua bagagem de leitura, a sua própria história. Isso é sempre um ato também de interpretação. Ler e interpretar é criar. Então, para quem escreve, para quem lê, para quem ouve, esse vai ser sempre um exercício de criação.
  • Então, produzir ou ler um texto pode ajudar a amadurecer a pessoa?
    O exercício literário é sempre um exercício de autoconhecimento. Criar literatura, escrever um livro, um texto, é sempre um exercício. E é preciso ter um projeto e investir nele. Para escrever alguma coisa nova é preciso um ponto de partida que venha ao encontro das angústias, das ansiedades, da necessidade de comunicação com o mundo. Seria, por exemplo, questionar-se: o que eu quero falar nesse momento da minha vida para as pessoas? Como posso contribuir para este mundo através da minha arte maior, que é o uso da linguagem, para que vivamos num mundo melhor?
  • A pessoa já nasce para ser escritor ou todos podem ser escritores?
    Um escritor não nasce pronto, de jeito nenhum. Não acredito nisso. Determinadas habilidades do ser humano podem estar com uma latência maior dentro do sujeito, mas tudo é o exercício. A vida é que vai colocando experiências nas quais se vai exercitando determinadas habilidades. Acho que a leitura como um ato positivo e a escrita como um exercício permanente de criação e de descobertas são valores que podem ser experimentados na vida de qualquer pessoa. É preciso, sim, que tenhamos cruzado na vida com alguém que percebe a validade disso e leve as pessoas a exercitarem essas coisas. Acredito que todo mundo pode escrever, que todos podem ser grandes leitores, mas é preciso exercitar essas questões. É necessário estar atento para o desejo, porque, na verdade, o que move o ser humano é o desejo. Se tenho o desejo de ser um escritor, e eu corro atrás disso, leio muito, exercito, vou melhorando o meu fazer, eu tenho possibilidade de ser bom naquilo que faço. Então, isso é um exercício de experimentação. Não é um dom que caiu do céu.
  • As oficinas literárias, pela sua experiência, são uma boa estratégia para incentivar o surgimento de leitores e escritores?
    Na oficina que realizo, que se chama Laboratório de Autoria, o grande barato é que é um trabalho de troca. Os alunos produzem textos e leem seus textos. Todos dão palpite, participam. E acabamos passando por um processo quase que de uma escrita coletiva. Ou seja, o texto é individual, mas todos têm a possibilidade de dar sugestões, de apontar melhorias a serem feitas no texto do outro. As pessoas que querem ser escritoras devem estar voltadas para o público ao qual querem escrever. Existe toda uma linguagem diferente, recursos da língua. Nas nossas oficinas, especificamente, vejo que muitas vezes os alunos querem escrever para criança, eles têm uma certa paixão pela literatura infantil, mas conhecem pouquíssimo dela. Antes de tudo, é preciso trazer para esse aluno um conhecimento do que está sendo produzido na literatura infantil contemporânea, não só no Brasil como em outros mercados editoriais. E acho que a oficina faz bem isso. Mantemos contato permanente com grandes escritores e com grandes obras. Isto é fundamental: que os alunos conheçam essa literatura e esse mercado, os estilos que estão sendo explorados.
  • Então, antes de ser escritor, é preciso ser um bom leitor?
    Um bom escritor tem que ser, sobretudo, um bom leitor. É impossível que um escritor se forme se ele não for um bom leitor. Tem que ser um leitor muito atento. É preciso frequentar bibliotecas, ir nas livrarias, ver as pessoas manipulando livros, ouvir comentários dos leitores. E, no caso da literatura infanto-juvenil, é importante ir às escolas, conversar com o leitor para o qual você escreve. É claro que é um leitor hipotético, mas ele não pode ser um leitor fantasma na vida do escritor. Você precisa estar presente na vida do leitor, você precisa saber que está escrevendo para um público do século 21, um público moderno, que pode ter acesso à literatura das mais diferentes formas. É preciso que o escritor esteja atento para poder perceber de que forma o seu texto está chegando nesse leitor, o que está fazendo vibrar esse leitor, para que possa estar sempre se aprimorando. Outra coisa muito importante nesse contato do escritor com o público é desmistificar a figura do escritor. O escritor não é um ser de outro mundo, não é um ser que vive encastelado, isolado do mundo. É um ser de carne e osso, comum, como qualquer outro profissional.
  • A presença do escritor para a criança e o jovem também é algo marcante?
    A presença do escritor na vida de uma criança que foi marcada por uma obra é sempre muito benéfica, muito positiva. Lembro de uma experiência minha quando estava na sexta série, quando li uma obra que fazia muito sucesso naquela época, O menino de asas, de Homero Homem, escritor consagrado na década de 1970. A professora de literatura levou nossa turma da escola na casa de Homero. Ele recebeu a turma inteira, preparou um lanche, autografou nossos livros, respondeu às nossas perguntas. E isso foi determinante na minha vida. Naquele momento descobri que eu queria ser um escritor. E a experiência e o contato com aquele escritor abriram em mim uma veia que jamais foi esquecida. Então foi fundamental na minha vida ter contato com um escritor de verdade, de carne e osso. Eu pude ver naquele momento que isso não era uma coisa de outro mundo. E acredito que o meu papel hoje é também de desmistificar para outras crianças e jovens essa figura do escritor.
  • O que você tem a dizer sobre sua experiência como professor de Literatura?
    Eu invisto, antes de qualquer coisa, em estabelecer uma relação de afeto com os meus alunos. E procuro fazer isso mediado pela literatura, pela excelência do texto, pela beleza da poesia, pela sedução que as imagens podem efetuar em mim, pela canção, pela letra de uma música. Acho que a linguagem das artes é sempre uma possibilidade de diálogo e de aproximação de qualquer universo. Quando temos dificuldade de nos relacionar com qualquer grupo, a primeira opção é trazer um objeto de arte que possa estabelecer essa aproximação, tanto de lá quanto de cá. Vejo como os jovens de hoje experimentam muito mais a escrita do que os meus colegas de escola. Porque hoje existe a possibilidade de usar essa escrita no telefone celular, no computador, no tablet, nesse aparato tecnológico que não existia antes. A sociedade em que vivemos hoje estimula o uso dessa tecnologia, que envolve o uso da escrita o tempo todo. Acho muito legal essa possibilidade que o jovem tem de utilizar todo esse aparato para exercitar a escrita das suas ideias, do seu pensamento. E tenho certeza de que com isso temos possibilidades de descobrir muitos novos escritores. Muitos escritores começaram a aparecer hoje através de escritas em blogs, escritas em sites da internet. Há até casos em que os textos de blog depois viraram livro. Acho isso um excelente sinal dos tempos.

    Entrevista publicada no Jornal Mundo Jovem, nº 429, Agosto de 2012

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