“Atrás do filho vem o avô”: é impossível não falar de amor!

Li recentemente uma crônica escrita pelo professor José Lemos e me senti bastante atraída pelo título: “Quando o Setembro chegar”, achei pura poesia, infelizmente versava sobre alguns descaminhos da política social do país entre o final da década de setenta até os dias atuais. Não me frustrei , nem impliquei, procurei um outro ideário para desmistificar essa de “mau agouro”  do mês de agosto; como alegação positiva não trago fotos , não marco em negrito essas minhas recapitulações que estão por trás de minha memória, “minha intuição”, minha provável inspiração. Cresci sabendo exatamente  quais coisas eram supérfluas e que em nada nos acrescentariam, nesse compartilhar, trago como experiência as boas lembranças dos três anos de imobilidade física de nosso pai, dele, extraio o indispensável vigor, a energia positiva, a força, a fé e não somente como meros figurantes nessa narrativa.
É impossível não falar sobre, porém não tenho a intenção de convencer ninguém, há quem apresente objeções, de todo modo, convenço-me de que  uma das mais ricas experiências da humanidade é justamente essa: a de cuidar do outro, colocar-se a disposição do outro sem necessariamente publicar bonitas fotos, (nada contra), sem a sequencia de um paradigma, sem fazer juras eternas. Passo a copiar  a afetividade é mais do que uma realização de sonhos. ”Orgulha-nos” passar agora por essa (a)provação, da necessidade de demonstrar em vida, amor por quem sempre cuidou de nós: nossos pais; além do significado subjetivo que aparece em meus relatos, a intensidade em saber que de condições bem mais simples já sobrevivemos; já ouvimos os depoimentos do menino que carregava carvão às costas, da criança às vezes indisposta indo à roça sem ao menos ter a primeira refeição, de ter saído de sua terra natal, com o pensamento de que pudesse “ser grande”, ser diferente em seu destino, do jovem policial desobediente ao comando, que pediu para sair, quando sentiu-se muito oprimido. Meu pai! Nosso pai! Nossos pais! De beleza e vaidade exuberante que passou para filhos, às filhas, e aos tão lindos e amados netos ... ( a roupa tinha que está impecavelmente passada). Para essas aquisições, alertava a todos nós, todo santo dia: Estudem meus filhos, estudem, eu não os quero na roça! Hoje quando comecei a editar essa página, sob as nossas mais frequentes  viagens, ouvindo excelentes músicas, escolhi Relicário, de Nando Reis... (ontem foi dia do Show dele em São Luís... ) E são dois cílios em pleno ar atrás do filho vem o pai e o avô [...] o que está acontecendo ? o mundo está ao contrario e ninguém reparou, uso-a como metáfora pra outros fins. Depois, li pelo menos umas três vezes, depoimentos de pais que vivem nos asilos, sem contato nenhum com os filhos. Um deles quando perguntado pela reportagem: “Eu mesmo escolhi vir para cá/ sinto saudades, mas eles não me tratavam bem/ não os vejo há bastante tempo”. Em dia dos pais, essa foi uma das repostas.  O que estaria acontecendo? Imaginei o que é chegar à velhice e não ter com quem contar para os cuidados mais básicos, imaginei esse nosso egoísmo, a ausência de nossa maturidade sendo substituída pelas coisas mais imediatas e supérfluas! Imaginei esses nossos jogos de interesses e vaidades exorbitantes! Quanta tristeza em nossos olhares pela ausência, pela desistência da vida!
Gratidão! Proteção! Crédito Kaio Sousa 
De lá para cá, (são muitos dias) tomei conta dessa máxima “por aqui a vida grita, e grita muito, por aqui não falta chão, não falta fé, não faltam mãos”! Quem nos acompanha sabe sobre o que falo.  E para nós quando setembro chegar é mês de celebrar a vida, mês de filho e também de irmão. E não  perdi de vista  as atividades literárias, em nosso III Chá Literário, no mês dos pais,  falamos de Morte e vida Severina, como disseram meus colegas de ‘bancada”: riquíssima apresentação, sensibilidades, provocações de que hoje se vive em uma cidade melhor e com muito mais qualidade de vida. Eu contei de minha lembrança bem remota de quando chegamos aqui nesse bairro, vendo doentes chegando em redes , trazidos por seus pares, da zona rural! De vê-los retornar mortos na mesma rede! Ninguém tem foto! Pouca gente sabe! Pouca gente viu! Onde estão e o que fazem nossos  severinos?

Além disso, preciso dizer, quando a primavera chegar estaremos celebrando Maria, a mãe, a irmã, a amiga, a filha; celebraremos ainda a vida de filho, sobrinhos queridos,
Crédito Carla Roberta: neta
de colegas, de amigos,da gratidão e de tantas bênçãos! E o nosso mês falará de gente interessante! Dirá aos pares que é narcisista, com vaidade desinteressada, sendo humilde, tendo a personalidade de quem sabe “crescer em ser”. Enquanto isso,  nesse trinta de agosto, sob o testemunho emocionante de Padre Orlando Cruz, do agradecimento e reconhecimento do milagre da vida, já posso encerrar minha “crônica” para não cansar meu leitor, e se pudéssemos todos adotar no cotidiano, o refrão do hino:  “ Maria Santa e fiel, ensina-nos a viver como escolhidos”, por zelo, por amor ao próximo! Ensina-nos a viver! E quando eu achei que já havia superado as emoções desse dia 30, quando eu ainda pensava negativo sobre as expressões  “sempre e nunca” geralmente mal colocados, veio em oração, em resposta ao que temos sido e vivido nesses três anos, em crédito para mim e todos os fiéis dessa noite: “Deus tem cuidado de vós, sim Deus tem cuidado de vós”, “tem cuidado de mim, tem cuidado de nós”, levantemo-nos todos os dias com essa certeza : Ele sempre cuidará de nós... E o nosso setembro já mostra as caras: nas vozes dos filhos estarão a voz do  pai, do amigo, do irmão, do avô, para todos os entendedores,e aos que se enxergam nesse texto,  é impossível não falar de amor. Um cálice! Um vinho! Um brinde! 

Das pontes... de algumas janelas... de pessoas que insistem em desconhecer


Nesses dias, desde o dia 30 de julho, guardo assunto e motivações para escrever. Podia dessa vez, começar do meio ou do final dessa história; tempo mais uma vez de colheitas, em decorrência dos terrenos férteis, continuar semeando! Fiz um pequeno percurso logo pela manhã rumo a convenção de nosso partido e com um justo orgulho as pessoas tomavam assento, sentiam-se privilegiadas de participarem daquele momento... e o nosso discurso era uniforme “ nenhum de nós , nessa trajetória, no cenário politico consegue grande coisa , se na hipótese de mudar de opinião , não contar com outras mãos”. No calor dos abraços, dos climas entre pessoas, nas concentrações, nos bastidores, nos palcos, é possível que haja uma diferença: há os que agradecem pela existência das pontes, e os que concentram forças em suas próprias vaidades. É uma escolha!
Depois do saboroso almoço, servido entre amigos, mais tarde, peguei minha bicicletinha , sai
Da arte sobre a arte, de mãos que pintam 
 rua acima para visitar duas pessoas especiais para mim... inicialmente uma delas não estava, adiantei uns passos; chegando lá, nossa conversa inicial foi sobre o sucesso da convenção; contei-lhe de minha frustração de quando fui candidata a vereadora há vinte anos, de minha resposta áspera e muito mal educada para uma autoridade autoritária, das lutas iniciais de classe, entre 2004 e 2007 com o Professor Raimundo e Professora Paizinha  para a criação do núcleo sindical; disse-lhe das vezes que fiquei no vácuo, compartilhei de minha leitura e releitura do livro Pollyana !Que leitura sadia! Tanta coisa boba e mal feita nesses cinquenta... vale a pena contar? Para mim, Vale... ainda teve a nossa história de 2004 quando só nós, apenas nós saímos às ruas de vermelho , na candidatura da Julia Almeida, e outras  que nem contei,  de ir e vir nas garupas de motos, para a zona rural, de adormecer na calçada até o dia clarear ; ocupei por equivoco as primeiras cadeiras, fui hostilizada por minha disposição e opção naquele período e no cenário.  Na minha história, na história do município de Urbano Santos  houve o trinta de julho, em que mais uma vez, com redundância, tive orgulho em vestir a camisa vermelha! De ouvir e ver bons nomes repetidos, de perceber a chegada de novos sangues, de somar ,de multiplicar porém, e especialmente de compartilhar ! Não trago declaração ou reclamação velada de ninguém para ninguém, eu me comprometo sozinha, nessa hora! Vesti vermelho porque tenho clareza de minha contribuição e participação no cenário. Vesti vermelho porque sei do esforço que há para o “educar e empoderar -se de politicas publicas.”  Nós perseguimos a qualidade, prosseguimos na boa hipótese de que em cada um há uma importante contribuição a ser potencializada. E como nada é consensual entre todos os pares; o que Vale sob minha ótica  é no dizer de Freire, uma “reflexão para a ação” da coletividade, da concepção afetiva sobre si mesmo e sobre os outros! Saio dali, com esses pensamentos, “tomando pé” sobre minha parcela de soma,  tomando consciência de meus comportamentos, da suposta arrogância, de decisão interior... arrisquei “ pernas, para que as quero”? _ para isso, para imprimir marcas, para apressar meus passos e encontrar condições favoráveis às relações espontâneas, às considerações sobre aquilo que desafia a humanidade.  Pegar minha bicicleta , retornar...
À noite, colori, vesti outras cores, conheci a pequena Lavinge e uma mãe atenta às descobertas, às realizações da maternidade, os anjos em vida...entendo , na conclusão da escrita, se misturo, quando falho, nas vezes em que sou omissa ou conivente com alguma inserção, mais, há controvérsias entre algumas falas e outras atitudes, no entanto , quem nessas circunstancias não convive diariamente com esse paradoxo? Agora, preciso aliar essa minha “crônica”, aos meus exercícios, às aplicabilidades, às divergências ou às promissoras ideologias, são latentes em mim. Aprendi equação muito cedo, ainda no ginasial... É disso que falo, digo, ou  faço para dirimir ressentimentos . Retomei para a minha leitura de Pollyana , no enredo traz os ensinamentos de altruísmo adquiridos nas lições com seu pai “veja sempre o lado bom das coisas”,  a ausência de telas das janelas fez com que a pequena menina visse outras belezas... porém ela perdeu os movimentos. Nessa lida , lembrei-me de minha ida para visitar meus pais, firmes e fortes, cheios de fé, dão cores às nossas vidas, dão confiança para os desafios parecerem mais cheios de graça. É sobre isso que aprendemos! É isso que valorizamos! E hoje eu dizia numa fala minha, citando minhas leituras, meu pai nos encorajava da seguinte forma: “ Quando Deus fecha uma porta, Ele abre janelas”, profecia para todos os otimistas .Nossa Maria caçula se esquece disso: de pessoas que são pontes, da abertura de janelas, e outras tantas gentes que nas primeiras chances, batem às portas, fecham as janelas.
Isso dito, levo em consideração que sou professora há mais de vinte anos , peço desculpas àqueles que negam nossos ensinamentos  por eu não ter conseguido compartilhar grandes transformações, " as vezes a gente pensa que ensina alguma coisa que sabe", fiz cinquentas e não sei se ainda terei mais vinte para reparar esse grande desperdício, por ter ocasionado um descaminho,  porém me convenço de uma coisa, essas miudezas não devem mais servir  para nós que temos espirito elevado, precisamos nesse tempo, porque ainda há tempo, “arder em caridade” como foi ensaiado pelo Apóstolo Paulo,  aliás, em todos os lugares há sujeitos anônimos precisando de nós, de nossa caridade, de nossa gratidão, de nossos reconhecimentos.  De minha gratidão a Deus por tantas mãos em minha vida, recortar Fernando Pessoa “ Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”. Trinta de julho... da arte, sobre a vida, sobre a arte, de mãos que pintam, que escrevem, de quem imprime marcas, de todas as formas de pontes, daquelas janelas... de pessoas que insistem em desconhecer. Uso outras tintas no cabelo, visto outras cores!  Sigo meus passos... PT saudações.

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