De meu quintal : um 13 maior que o mundo


Ouço as palavras , ouso nalgumas ,  uso-as como parte do papel para compor a outra parte de meu silencio , recorri a  Manoel de Barros para falar de minhas crendices e narrar mais uma experiência  e antes de qualquer manifestação contrária houve um tempo em que eu acreditava nessa onda de “treze número do azar, do medo ou  da superstição, numero da derrota ” , ficou para trás , embora seja familiar  para quase todos nós o que dizem as teses na teologia cristã“o treze representa o número de discípulos presentes na última ceia, faz ainda  uma referencia ao que chegou por último e  traiu nosso Mestre ! Pensemos nas somas dos números como resultados positivos; pensemos nos números sem que a eles tenhamos de associar nossas ilusões...
Pois bem seria exaustivo falar de outros antecedentes ou analogias por quais passei relacionadas ao treze, de testemunhos, depoimentos, prefiro pois falar das positividades , das conquistas, das melhorias e quando alguém pergunta sobre qual meu número da sorte, digo-lhe que número 13, para não ser apenas vitrine , por muito pouco ano passado quando saímos do  Maranhão para conhecer as águas lindas do Velho Chico, não era um  dia treze;  contudo, para quem tem fé não há essa de ter mais ou menos sorte, se  é dia de lua cheia, se o gato é preto, ou a escada esta virada ... a gente segue! Em 2018 quando fui motivada a conhecer os Cânios do Xingó, atravessando todos os estados nordestinos para chegar ao Sergipe , meu irmão que mora em Porto Velho estava no Maranhão e tão logo eu chegava , retrucava entre si  “Ir bem ali em Porto Velho me visitar não quer”, fiquei por ali matutando!  Tem razão, o  mundo é tão pequeno , e não vale mais a velha desculpa do medo de avião , há sempre alguém na poltrona ao lado par nos dar a mão ... e assim nesse ano, por incentivo de meus tios  Jesus e Sueli que moram em Brasilia , logo no inicio desse ano começamos a dizer: esse ano vamos visitar Pardal e a família dele, sim iremos , sim podemos ,`se Deus permitir`! E Ele permitiu!Trouxe a lembrança os motivos pelos quais meu irmão viajara para  o estado do Amazonas há trinta e cinco anos , lembrei-me de ter ido com meu pai até a rodoviária para que começasse sua maratona ate chegar a capital , porque havia um percurso de embarcação , trouxe a memória alguns anos que meu  irmão deixara de dar noticias , das saudades, dos desencontros, `viver longe bate uma saudade , pegou malária dezenas de vezes, engrossou os couros, sofreu grave  acidente,  rotinas bem diferentes e pouco mais rígidas tivemos naquele inicio da década de oitenta! Meus pais acreditavam que saindo de nossa terra ` indo para uma Capital maior era sinal de “conseguir um emprego, uma perspectiva de vida melhor “, essa era uma das justificativas e  a capital que meu irmão morava foi ficando cada vez mais longe, mas desafiador.... Nesses anos todos de longas e duras experiências  alguma coisa foi sendo transformada dentro de nós, e porque a vida por si só se justifica, nos apegamos às alegrias,  às chances de encontros e reencontros
Por aqui, não prego algo que não tenha vivido, em nossa infância e adolescência tivemos limites, para perder os medos  , para ter grandeza no “ser”; para saber quanto valia um sim ou um não! [...] E assim, me organizei para a viagem e fiz o convite ao meu sobrinho Victor para que diminuísse em mim aquele impacto que é  fazer voos tão longínquos , de tabela , na semana que antecedeu a viagem tive uma crise de gripe seguida de tosse, e fiquei  visivelmente  abatida ... e nossa viagem seria dia 13 de julho  pela manhã, chegamos a Brasília e uma tão boa recepção nos aguardava, desfilamos um pouco pela capital , descansamos, ao final da tarde fomos à  Igreja de São Francisco, à noite nos preparamos para o voo, mais três horas à base do Dramim, com a sensação de que diminuiria  os enjoos e os medos, do alto me pegava às orações para evitar que “aqueles silêncios ” virassem destroços ! Ali não era um turismo comum, era um sonho pessoal nosso : de irmãos e sobrinhos para encontrar-se nas selvas amazônicas  e poder contar como nos disse o Mario: aqui não são só os matos, viu tia ! Sim , entendemos que há sangue de índios, há nosso sangue correndo por aqui e  são especiais para nós !  Ao chegar na capital, começamos a nos dar conta de algumas diferenças, a começar pelo fuso horário; depois ao descer do voo, a noticia congelada de que minha mala não havia embarcado, mas nem de longe me aborreci, ou associei isso ao nosso dia treze, dia de benção, dia de gratidão; fizemos uma viagem tranquila.  Antes de dormir, aquela pequena reunião da noite para um lanche: Juntaram-se a nós, nosso irmão, sua esposa Dora, seus “meninos Mateus, Marcio e Mario”, tudo era novidade e alegria, em tudo faziam uma piada ... dia seguinte fomos conhecer o balneário Cachoerinha; ali o sol nasce bem mais tarde, ainda assim , para todos.
E a nossa rotina naqueles cinco dias de viagem já estava mencionada: era a alegria do encontro, de conhecer novos membros, de vê a beleza do Pierre Gael , neto de nosso irmão, de citar com as frequências o nome da Maitê, minha neta amada ; das menções de nossos pais, sempre com uma citação, um exemplo...no outro dia pegamos a estrada até chegar em Guajará Mirin e  atravessar ”o pequeno Rio Mamoré”  para conhecer a cidade  do pais vizinho, para mim, seria aquela travessia, porém deu tudo certo, desfilamos na avenida daquela cidade, confundindo as vozes de outra cultura, empatamos nosso tempo, olhando uma coisa ou outra, retornarmos para almoçar do lado do Brasil , pondo em dúvidas as culinárias do país vizinho; mas registrei  tudo;   à tarde o percurso de volta mais quatro horas de viagem ate a capital !Ao chegar, repouso para o dia seguinte conhecer um pouco da historia de desbravamento de Marechal Rondon, em seu memorial, diferentes recortes  a respeito de suas viagens, de conquistas, lá a gente conhece sobre a  capela de Santo Antonio que fica com vista para  o Rio Madeira, e a nova  Usina Hidrelétrica do Santo Antonio, e aquele percurso no trem para saber outras narrativas com o maquinista; fizemos os nossos caminhos   e ao chegar ao Mercado Central encontramos uma conterrânea (nordestino a gente encontra em toda parte, firme e forte) ao que ela dizia: o mundo é muito pequeno, sim, pois é ! Quando de volta, chegando em  Brasilia, na mensagem, meu irmão disse: ficou a saudade, uma parte de mim vai sempre está ai com vocês! Sou grata, grata demais a Deus porque há eventos em nossas vidas que são tão instantes, mas tão especiais ; grata aos incentivos e companhias dos tios Jesus e Sueli e da prima Gessiana; grata ao apoio moral e o riso frequente do Victor; grata a toda recepção de carinho de nosso mano , esposa e nossos sobrinhos ... demos até breve a todos , nos despedimos de nosso irmão com aquele nó , de que eu não contaria todas as partes; as fronteiras são muitas e a nós cabe a decisão de acolher, de agradecer...
Essa foi a minha história, ela é impar, podia ter se encerrado dia 13 ou mesmo 31 de Julho, no entanto, sou gente de fé! E a gente se coloca no lugar do outro, daquele  que vive distante dos pais, dos irmãos, de sua terra natal; porém constituiu uma linda família à base dos ensinamentos cristãos , que aprendeu os sentidos dos “sim e dos não” para adquirir maturidade ; a gente perde uma coisa aqui outra ali, e vai aprendendo , e tudo que nossos pais, nos ensinam é para nosso bem...quando cheguei em Brasília já de volta para casa, dei por mim que meu treze foi mais uma vez o número da benção; da aventura consciente e necessária; trouxe comigo um pedacinho de cada , com a  sensação de saudade, de esperança , e que nesse mundo tão pequeno cabe a cada um de nós ousar e voar quando perceber a necessidade ou ficar em nosso conforto sem vistas a crer noutros encontros  , e quando nossa conterrânea nos disse : esse mundo é tão pequena , mas tão pequeno; pensei “daqui de meu quintal tenho  a chance de avistar o mar” ! Na plaquinha do Memorial Rondon, estava Mario de Andrade : estive aqui,  e em seu livro  O turista aprendiz deve ter feito boas transições ... saibam todos que também estive ; de todas as fronteiras: em encanto, o encontro, a superação e o meu coração com um TREZE que é minha oração de vitória! Instigo em todos a condição de compreender que minhas ideias fora do lugar dão sempre feição ao agradecer!



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