Dois gestos, uma vida, diferentes histórias!

“ A vida é assim, simples assim, gestos eternos surgem do nada”, aos olhos de quem doa e aos olhos de quem  recebe; aos olhares de pessoas que conseguem fazer o bem sem olhar a quem, sem fazer ‘moeda de troca’,aos que perseguem a perfeição humana e cristã,  aos sentimentos de quem sabe sobre a vida e as relações nela contidas, de que tudo é uma passagem, nada durará para sempre. De certo, para alguns, os gestos expostos agora talvez não tragam importância, não deixem marcas, não façam diferença, não promovam nada na vida de ninguém; de mim, eu sei de meu coração, faço emergir o tempo todo o perfume contido em minhas Cartas ao Capitão. Quem o conhece? Quem sabe de sua história e o quanto ele representa em nossas vidas, em nossas histórias?
Recentemente em conversa informal com uma amiga, contei-lhe de como se dera a execução de nosso irmão Cabo Sodré; dela ouvi, de que não devo desperdiçar a vida com tristezas, não posso jogar fora minha alegria nata; devo acreditar sempre em minhas experiências e capacidades, preciso celebrar por cada vitória, reconhecer minha beleza apesar das marcas do tempo, que não devo apresentar semblante adocicado como se fosse um personagem; que devo ser forte para enfrentar as fatalidades, optar por ocupar-se primeiro com o lado bom de todas as coisas, agradecer por todas as lições ainda que escute a expressão “não sabe de nada”, que preciso ter fascínio por algumas coisas sem apegar-me demasiadamente, apostar a cada manhã no aprender e no ensinar de maneira involuntária; procurar ser simples e sofisticada sem necessariamente parecer arrogante, conter-me e posicionar-me quando achar necessário. Sou viva.  Ponderações a parte, outro dia escrevi em minha página social, algo que não é novo, refaço leituras dos grandes filósofos: “Sorrio, (sou)rio, só  rio_ mas não me basta; o choro é minha penúltima tentativa, porque dentro de mim, embora rio, correntezas de fé!
Quanto a isso, quando recebo uma observação de que aquilo que escrevo não soou bem ou de que parece plágio, (sim, já ouvi isso) limito-me a dizer, por exemplo, de que esse texto que aqui aparece “pronto” eu o construo há quinze dias, desde que meu pai viera  para passar a Semana Santa, dias em que falamos da distribuição do vinho, da partilha do pão, do verdadeiro sentido da Páscoa, da Ressurreição; dias em que ele falava “que em nossa casa é outra moral”, ali somos os donos, em que recebeu amigos, que compartilhou de prosas e de ensinamentos entre nós, em que sempre ao amanhecer, dizia  que estava melhor, havia dormido bem. Nossa, é tanta coisa! Mas lembro da reflexão dele ao dizer que em nossa casa, nós somos os chefes, ali sim, podemos ser respeitados, é nosso; nisso há pelo menos um amigo meu que veio visitá-lo nesse período e pode falar de alguma lição; depois do encontro o capitão disse de que havia dado uma orientação pra ele (achamos incrível). Com ele, aguço minha capacidade de ver e compreender diferentes gestos,  sei que estou e conduzo todas as minhas proposições na perspectiva de que o essencial é a aproveitar a utilidade da pessoa humana;parecer estranha quando todos nós precisamos ser iguais;  ser professor, aliás, está acima do “ato de dar aulas”.Remontar ou reescrever nossos diálogos é meu melhor desafio, porque apesar dos oitenta, da fragilidade da doença, das limitações encontra na memória tempo para cuidar das sementes,para contar “graças”,para apresentar novos conceitos,disseminar diferentes histórias.
O tempo, as lições, a velhice, os gestos, as indagações pontuais  me lembram histórias similares que paralelamente cantam glórias e espantosas surpresas, encantam com a sensatez, com o equilíbrio, com o dom de algumas palavras.  Enquanto finalizo este texto, lendo e reescrevendo, a chuva é minha motivação, chove lá fora; e o vinho, que era apenas símbolo da Páscoa, torna-se real nessa mesa para que eu escolha a melhor cor, a melhor arte, o melhor tom, afinal, nesses quinze dias, da janela do quarto, acompanhei com curiosidade algumas negligencias, outras vezes a assombrosa vontade individual de querer para mim todas as alegrias, todos os bens, todas as fantasias e poderes,como se além de nossa casa, nossa voz fizesse sentido noutro ambiente.  Enfim, minha inteligência alcançou até aqui, como paradigma prefiro continuar sem saber de muita coisa, o rio lá fora está mais cheio de águas mais escuras, opto em  não arriscar_ por enquanto, esses gestos, uma vida e diferentes histórias já me contentam, porque nessa passagem saltos altos nunca me fizeram bem. Para muitos, só é esquisito o ficcional, nem sei...

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