Com
isso, em 1993, mais uma vez com oportunidade ofertada pelo estado, tive a
chance, através de vestibular, de ingressar na Universidade Estadual do
Maranhão, no curso de Letras, em vagas exclusivas para professores em
exercício. Era um curso intensivo em períodos de férias. Celebrei com muita
alegria mais essa vitória. Foram alguns anos de idas e vindas, apertos físicos
e emocionais, restrições, dificuldades em algumas disciplinas, notas baixas e
uma vontade constante de desistir. Foram quatro anos, e mais um até a defesa da
monografia. Época de muita acolhida por parte de meus pais e irmãos. Uma fase
boa, mas também difícil, na qual fiz novos amigos, realizei muito estágio,
aproveitei boas chances e, aos poucos, compreendi o sentido da superação.
O
tempo passou e a mim foram ofertadas algumas conveniências. Entre elas, destaco
o fato de minha madrinha, professora Nona Oliveira, em 1997, mesmo vindo de uma
campanha contrária, me enxergar para assumir a função de gestora de uma escola.
Na época, percebi que, apesar do discurso de carta branca, todas as decisões,
por menores que fossem, precisavam passar por sua autorização. Após dois anos,
decidi renunciar. Custou-me caro: ameaças verbais, medos, desatinos e até
ofensas direcionadas ao meu pai. Contudo, talvez tenha sido a melhor escolha
naquele momento. Embora tenha soado como arrogância, foi uma tomada de
consciência política que me trouxe maior conhecimento e uma postura de
representatividade.
De
alguma forma, já ultrapassei muitos percalços e, no cotidiano, trago sementes
de vitória. Abracei a oportunidade de ser promotora de leitura, com formações,
rodas de leitura e compartilhamento de livros. Sem uma orientação prévia,
publiquei meu primeiro livro em 2006, com recortes do meu dia a dia. Não
patenteei grandes feitos, mas sei que não fui omissa nos projetos em que me
comprometi. Em 2001, despertei a ira de uma autoridade local quando surgiram
vagas para professor de Telensino em nossa cidade, programa do governo do
estado. Não fui selecionada, mas, para minha alegria, fui chamada para a cidade
de Belágua, que me acolheu tão bem. Lá aprendi muitas coisas, conheci estradas,
pessoas, políticos e amigos, e aprendi a distinguir verdadeiros amigos. Cada
viagem me trazia cenas duvidosas na mente. Até que, no início de 2002, mais uma
vez apta ao concurso do estado, fui aprovada para a disciplina de Língua
Portuguesa, compondo as primeiras turmas de Ensino Médio em nosso município.
Fomos pioneiros.
Percebi
que cabia mais gratidão. Outras pessoas tentaram o mesmo concurso e não
obtiveram êxito. Posso dizer que, especialmente naquele ano, recebi respostas
vindas do Criador. Eu precisava me comprometer em oração e gratidão. Recebia
tanto, tanto! Presentes que me ajudavam a compreender que “nada era meu, embora
estivesse sob meus cuidados”. Parei para agradecer.
Hoje
compartilho parte dessa trajetória, marcada por cicatrizes, estruturas
enfraquecidas e bloqueios que não combati. Persisti, descobri características
que me chamavam ao protagonismo, vivi divisores de águas, conheci dezenas de
pessoas que me colocaram em campo: amigos de promessas e amigos de permanência.
Caminhos que percorri "sozinha", mas que fortaleceram minha fé. A
verdade é que nunca estive só.
Em
2013, com chances vindas através de companheiros de partido — Júlia, Iran,
Wilson, Clemilton, Paulo, Raimundo —, e com o aval de Dona Iracema Vale,
ampliei minha linha de protagonismo. Exerci o cargo de Secretária Municipal de
Educação, numa fase de contemporaneidade com tantos profissionais bons,
rompendo limites, abrindo turmas para cursos superiores, criando condições para
que colegas pudessem ser formadores e revelassem seus potenciais. Foram oito
anos de muito aprendizado, registros, amizades e posicionamento. Ao encerrar o
ciclo, entendi que havia deixado minha contribuição. Tudo é troca. Quanta
gratidão!
Em
2021, um ano difícil, marcado pela perda de nosso pai, pelo luto e pela minha
contaminação por COVID poucos dias depois, fui chamada à resiliência e à
ressignificação. Em 2022, compreendi mais sobre autoconfiança, política,
amizades, propósitos e missão. Recriei enredos, me fortaleci em cada conquista
e percebi o quanto a proteção divina sempre esteve presente. Hoje, tenho quatro
livros autorais, participei de três antologias, sou membro fundadora da
Academia de Letras de minha cidade e membro correspondente de mais três
academias circunvizinhas. Faço parte de uma equipe de ciclismo, na qual motivo
e promovo eventos com frequência.
Assim,
reforço diariamente meu protagonismo feminino. Minha missão nesta terra tem
sido oferecer suporte, incentivo, servir de ponte e cultivar a cultura. Que eu
continue corajosa, como me disse Norma
Silva com disposição para despertar outras centenas de mulheres a conquistarem
seus espaços e compreenderem seus potenciais. Que, nessa troca, sejamos muito
mais que um simples cadastro de pessoa física, mas mulheres vitoriosas aos
olhos Daquele que cuida de nós todos os dias.
Este
é o meu relógio, e os nossos tempos não dependem somente de nós.
Um comentário:
Maravilhosa 👏👏quanta sabedoria com as palavras, muito sucesso e longevidade... Deus abençoe
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