E quando teu filho cai... e teus braços estão distante




De poesia , de textos e contextos,  de contos , de quase crônicas que falam de amores e transmitem dores, de assuntos, de eventos , de homenagens... de outras tantas, meu contosetal  está quase cheio ! Uso praticamente as mesmas cores e formatos: verde e amarelo, azul e branco, rosa do mês de Outubro e tenho acompanhado e aprendido com a Maitê na onda do pretinho básico , por mim, a catarse não se resume nas escolhas de cores, nem ao menos na definição do dia, quando revisito meus capítulos e materializo minhas idas e vindas, nesses cinco anos de cuidados com nosso pai; quando releio minhas escritas na pergunta há oito anos: Para que mataram nosso irmão? quando busco em mim mesma as respostas de por que ou para que nos afastamos de pessoas tão ‘amigas e queridas ” , quando falo de confiança  apenas no discurso porque na prática ajo de  forma contraria , e  quando admito que fora à parte nossa melhor performance , sendo espelho, na caminhada , nos exercícios, todos nós somos vidraças. Minha obra, minha inspiração não vai para lápide. Minha vocação para o escrever me aproxima do ser mais cristã e qualquer sinal de limitação é que na trajetória da escrita... quando engasgo nas falas, travo no teclar das palavras...
Esse bocado que aqui escrevo, fala de dor, trata-se da saudade e extravasa toda e qualquer explicação de cristão fiel , temeroso a Deus ! “Esse meu bocado” fala de afeto, de partida, da triste e dolorida separação, esse meu escrito versa do quanto dói saber que nosso filho caiu e nas vezes que estamos tão distantes para lhe estender a mão... Hoje dia do professor, eu havia planejado dentro de mim, uma homenagem baseada em nossas convivências, com base nas leituras, em nossas aulas, nossos históricos, buscando na memória um filme sugestivo, uma analogia que pudesse ser lida por essa geração mais nova do que eu e que de forma substancial sentissem o mesmo orgulho que sempre sentir por aqueles com quem aprendi minhas primeiras lições, com quem desvendei meus primeiros cálculos... sim pensei em escrever para tratar da importância do professor na sala de aula, que  a despeito de  qualquer outra tecnologia, é peça fundamental para nos dar noção de valores , para nos ajudar na formação do caráter, para nos orientar (em parceria com os pais) nas busca de novas aptidões, escreveria sobre minha linda viagem à Aparecida há um ano,  das bonitas lembranças , contaria desses dias que nosso pai está aqui na cidade ...mas fomos todos surpreendidos, surpresas sobretudo porque nunca estamos preparados para as despedidas, porque não cabe a nós saber até quando estaremos aqui para cumprir nossa missão ( eu voltava da zona rural  quase 22:00 h) quando soube da partida precoce do Pedro Lucas.. nos status, nos perfis, nos murais,  nas mais diferentes manifestações de rede social, não havia um só conhecido que não tenha se sensibilizado com a partida do jovem conterrâneo ! Que triste dor para os pais! Quão difícil será para eles perder o amor daquele único filho, partiu tão precocemente, escrever pensando na dor, escrever com a sensação permanente de tristeza, se colocando no lugar dos pais são abstrações que não cabem aqui nessas minhas linhas, porém , consigo deduzir e a mim, sou responsável por essas observações  que não são respostas, quando todos comemoram o dia dos Professores meus escritos  falam de que todas as mães, seja qual for a idade do filho quer sempre está por perto para evitar que ele se machuque.

Ao conversar com os pais, sentimos o quanto PEDRO fora amado, naquele acidente de moto, em que as chances pareciam mínimas, mas ele forte e destemido viveu tudo que desejaria viver, era 08 de março, de nossos poemas e homenagens , de todos os nossos depoimentos, as melhores lembranças ... ele voltou, retomou as atividades, sorridente, brincalhão, intenso, assim os colegas o definiram. Na festa de Nossa Senhora da Natividade ai estava a pequeno Pedro, ora menino, ora gigante, na noite do São Gonçalo  deu o ar de sua graça, servindo de par entre as conhecidas ... infelizmente , dia 08 de Setembro dia  antes da procissão de nossa Padroeira, dessa vez, de uma outra forma, nosso pequeno desavisado voltara para seu último mergulho, segundo ele, seria o último para voltar para casa, naquele rio já tão perto... Trágico mergulho, que lhe deixou mais de trinta dias acamado, impossibilitado de mover-se, apresentando as chances mínimas de sobrevivência, de um coma induzido para o coma final... segundo a própria mãe, ela permanecia confiando em um milagre para que se restabelecesse daquele estado, nesse ínterim, apareceram mãos cristãs que se mobilizaram para que esses materiais de higiene que ele usava todos os dias, saíssem mais leve para os pais dele, a campanha cresceu, centenas de pessoas se colocaram a disposição, que lindo gesto , ações somadas que ao final dão uma satisfação enorme ! Era véspera da festa das crianças, dia em que celebramos na igreja Nossa Senhora Aparecida, na leitura do dia, falava do momento em que ao final da festa a  água se transformou  no melhor vinho , e quando tudo pedia um pouco mais da alma,  nossa amiga , Professora Dade, mãe , firme e forte teve o tempo para consolar os demais ! Que lição eu traria para esse dia em que fui ali comemorar o  nosso dia no Povoado Cocal do Zeca Costa?  Que aprendizado posso levar para minha casa, minha escola, meus amigos, meus colegas de grupo  de Whatsapp? E lá no evento , fizemos menção ao seu nome professora, através de nosso professor Jurandi, de nossa solidariedade, de nossa amizade, de nosso respeito , que não nos falte a capacidade se importar com a dor do irmão,  que não nos falte a disposição para amar,  que não nos percamos em nossos egoísmos,  e sobre cair , aprendemos com os mais velhos que quando nossos filhos caem não se deve deixar dormir  logo em seguida: seria mito!?  Só sei e sinto que não há nada que possa dirimir o tamanho da dor, porque não é fácil, sou professora e uma das lições que possivelmente nenhum de nós tenha ensinado ou aprendido  é essa de dizer adeus a quem amamos! Em nossa mensagem, uma homenagem do amigo no grupo de whatsapp: “vá na paz irmão, fica com Deus”!
Queridos professores, nossa missão é grandiosa, nessa minha lição que a mim cabe outras melhores aprendizagens, é necessário evitar a queda ainda que os braços estejam por perto, como disse o poeta “ cuidemos do broto para que vida dê flor, fruto e fé”  a propósito  estejamos irmanados com a família do menino Pedro, em força e oração, em gestos e atitudes, porque nos faltariam todas as palavras... achei lindo, a criança  Andreia cantar " professora que corrige os erros meus, me ensina a dizer te amo, mas não me ensine a dizer adeus” ! Fui bem ali, para aprender , porque dar aulas sempre foi muito fácil... e quando nossos  filhos caem , são as mãos de Deus que nos ajudam a levantar-se, e quando nossos  filhos caem e já não são mais aquelas inocentes crianças, ainda há tempo de oferecer um colo! Professores, professoras, cuidadoras , protetoras das crianças de nosso país .... não se trata da catarse, seria nosso sonho que não houvessem quedas!? Deus é conosco!






Um comentário:

Nilma da Silva Sodre disse...

obrigada por nos ajudarem na compreensão da dor da perda! Obrigada aos leitores

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