SINERGIA: entre o prelúdio, a impressão e a harmonia

Adiei, assuntei, alinhei e, adiei mais uma vez , depois vi que em dias chuvosos os sapos são uns bichinhos com quem me dou muito bem, mas não são só os sapos; para dar ênfase a minha escrita e leitura , não posso me reclamar também dos grilos...aliás,  em dias de chuva, dias de sol, atrapalhar a sabedoria popular para que? Tristes  seríamos ainda mais se não contássemos com as presenças desses “bichinhos” em nossas vidas,  e qual seria a graça para essa minha ilustração (quase descabível ) no prenuncio do que eu considero sinergia? Há alguma relação com as minhas escritas em rede social nesses dois primeiros meses de 2017? _Nenhuma certamente. Esse texto não nasceu hoje. Escrevo porque entre as voltas que dou, as impressões, as histórias que escuto, as motivações do dia a dia fazem com que eu reinvente algumas passagens. Mas que os bichinhos são presenças garantidas mesmo que não gostemos, são!
 Absorvo mais precisamente a sabedoria das águas, nessa onda de chuvas fortes e breves inundações é bom que se teça algum comentário somente depois que as águas passam; lá na frente, bem na frente,  quando eu nem mesmo me fizer mais presente essas minhas histórias terão produzido algum efeito e lugares e convicções não serão mais os mesmos. Abro parênteses : viajo com muita frequência no ônibus que faz linha para Urbano Santos, marco na agenda ida e volta ,”sento na janela”, gravo todas as paisagens , escrevo longas histórias, remonto enredos enormes, algumas ficam por lá mesmo... numa dessas encontrei um colega que havia lido alguns de meus “ensaios” aqui nessa página e fez um comentário muito parecido com algo já dito por um conterrâneo : “_ eu adoro as pontuações de teus textos!” Essa de pontuação pode até ser uma ironia, tenho mania de vírgulas e reticencias.  Agradeci . Absorta em meus valores advindos da família,  resguardei aquilo só em pensamento, lembrei-me de ter dito há bem pouco tempo, que sei pouquíssima coisa de matemática, mas guardo na mente, algo aprendido na geometria ou na filosofia, talvez na sala de professores antes do horário iniciar,  o nome da ciência é que faz o fuxico, “a menor distancia entre dois pontos é dada por uma reta”! Lembrei-me disso numa metáfora para a busca de nossos objetivos, lembrei-me e ainda da colheita de que tanto falamos ” para todos nós é a primeira coisa mais certa antes da morte”; não há como fugir! “Semear e Colher”! E o que a reta tem a ver com isso? O mesmo que os rios, que as águas, as chuvas , as minhas sandálias, os sapos e os grilos citados nesse embrulhado de palavras. ”Papai, eu não aprendi a enrolar  tento um embrulhar, rsrsrsrsr”. Ponto Fecha parênteses.
Fiquei aí durante muito tempo sem escrever uma linha nessa página, não que me faltasse assunto, motivações ou expectativas mais otimistas, é que o retrato por conta do digitalismo não me dá o tempo necessário para a captura de um ângulo melhor. Na vida real, como me diz um amigo meu “as travessias não são prerrogativas da poesia”. Está todo mundo por aí com algumas ideias, conectados com o mundo, nada patenteado, mas  (não) compartilhar é uma questão de honra; as condições e as maneiras de ver a vida passam por um crivo e cada vez menos acreditamos naquilo que temos dito! Nessa onda de diálogos nas redes sociais, de grupos e privacidades eu vou escolhendo a quem devo dar bom dia, a quem devolvo uma resposta, a quem eu acuso como recebida; de outro lado , há quem saiba se aquilo que postamos em nossa página é verdadeiro ou não; tudo passa a ser uma questão de julgamento. Porque nos expomos demais por muito pouco. Nos expomos nas redes pra evitar desencantos  Mas a gente caminha para a humanização, com a intenção clara, naquilo que escrevemos de fazer o bem; com polidez, com diplomacia .  E  quando falo sobre isso , aponto os primeiros dedos para mim; porque não sou apenas vidro, sou vidraça;  já falei aqui de “canteiros semeados”, de  “flores, frutos e intenção das sementes”; de minhas provações diante dos dias com nosso pai, das portas e janelas,  já falei de tantas coisas que deviam servir de lições para mim mesma,  tenho falhado, economizado nas gentilezas e  sido áspera “quando devia oferecer a outra face”, todavia ,  combinemos aqui: “semear não é tarefa fácil, exige discernimento, resistência e paixão”; semear requer firmeza nos pulsos pra lidar com as ferramentas... Apoio num dizer de uma colega com grifo meu “estamos todos, sinceramente tão precisados de atitudes, tão precisados”. Estamos aí diante de fenômenos da multimídia que exigem de nós que sejamos menos humanos; nessas horas minha esperança se esvazia e esse poder dentro de mim de “espalhar bondades” fica estremecido... Destoam infelizmente entre todos nós, nossas falas , nossas palavras de nossas atitudes , retiro tudo isso, para usar um eufemismo e parecer mais otimista com a humanidade, usando a lei da relatividade.
Talvez essa minha escrita não queira dizer nada, seja apenas umas impressões desarmônicas de uma mente torta que não apreendeu a criar ficções, quiçá algumas repetições infundadas sem nenhum caráter de reflexão, mas em mim multiplicam-se as tentativas de esvaziar-se da perplexidade diante dos eventuais alertas que nos rondam; aqui sou eu, recebi um chamado para escrever e essas “minhas divididas cuidadosas “  parecem trazer mais indagações ou dúvida, não é a intenção! Quando pretendo terminar... o que me ocorre é que devo aprender ou por amor ou pela dor e ilustro com o que diz a parábola do semeador em Mateus “por essa razão eu lhes falo em parábolas: porque vendo eles não veem  e, ouvindo, não ouvem nem entendem”. Enquanto isso, cada um com sua impressão! Eu com os sapos que saem do terraço percorrem a casa toda pra gente ficar brincando e brigando como se eles nos ouvissem! É o que sinto, o que observo, o que escrevo, nem me espanto mais... esse meu exercício não é solitário, outras pessoas o fazem: isso não é poesia!

2 comentários:

professorraimundo53@gmail.com disse...

Se não me disseres com quem andas eu não a conhecerei...Mas quanto ao texto um ótimo embaralhar de cartas....

Antônia Rodrigues disse...

Professora Nilma que coisa heim! Viajo em suas palavras, visualizei diversos lugares e momentos lendo seu texto. Só me resta aplaudir... Bravo!!!

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