Porque Maria mãe, de um até logo: aDeus

 Eu bem começarei com uma afirmativa, mas: não me importa se não houver compreensão, é uma conversa delicada, sobre uma

Depois de um corte de cabelo
vida, atitudes de quem quer bem, sobre cuidar, zelar, valorizar quem cuidou de nós, ser humana, ser cristão... O ano era 2021, um sinal de Deus, creio que tenha sido isso, fui chamada para uma missão; eu poderia ter dito não, no entanto que naquele momento eu havia sido chamada para o sim...

Enquanto meu pai partia para o plano celestial, em Abril de 2021, o meu aceite saía do lugar comum , para uma grande tarefa de desafios, de experiências das condições humanas , do prenuncio de que minha fé , minha força eram bem maiores; daria um livro inteiro toda essa minha escrita, mas contarei em uma página . Grata a Deus que me fez merecer toda essa passagem, e grata a toda família pelas recorrentes vezes em que precisei devolver-me a mim mesma.  Aqui contando um pouco de como foi o compromisso “de cuidar”, esses três anos de minha tia Maria Rodrigues, ela já era diagnosticada com Parkinson, e mais outras graves limitações que a cercavam, fazia “as coisas dela sozinha”, embora já tivesse uma pessoa que morava com ela há mais de 15 anos, e em um outro momento minha tia que mora mais próximo saía correndo até lá com o chamado de alguém de que ela havia caído, caía no banheiro, no quarto,  levantava-se , cuidava ali das feridas, dados os depoimentos por minha tia Dindinha, minha mãe e mais outros tios se reuniram e nos convidaram a ajudar nessa tarefa e  daqui começaria nossa caminhada ; encontramos uma pessoa por nome Jesus que aceitou cuidar dela com exclusividade , dia e noite, foi um alivio para minha mãe, para minha tia, para todos nós...


encontro de irmaos, sobrinhos
Casa de meus avós

Não é fácil escrever essa história, seu esposo, por inúmeras vezes não aceitava nossas sugestões, não concordada de que ela precisava de uma cuidadora, às vezes desestimulada, conversava com mamãe, que dizia,  “vai dar tudo certo, vamos manter nossas orações” , embaracei a voz por muitas vezes, cansei de parecer inútil ao que eu havia sido escolhida para fazer,  terminava cada dia, agradecida a Deus porque estava realmente dando certo; depois encontramos outra pessoa para que ficasse aos finais de semana e dar um descanso para Jesus, tudo para nossa tia era recomeço, nosso papel daqui de perto nunca deixamos de fazer; nas escolhas , na imperfeição, nas labutas , os dias iam sendo um após o outro. Seu esposo já com limitações também circulava de um lado para o outro em sua cadeira de rodas, e nós ali por perto fazendo nosso papel. Ainda em 2021, precisou fazer uma cirurgia que a deixou por alguns dias, na capital, na casa de sua irmã; as rotinas e protocolos seguiam, medicação e cuidados; nesse sentido minha distração era pouca, tinha que saber como passou o dia, se faltava-lhe alguma coisa, como estavam as demais pessoas; tive durante esses três anos a chance de testemunhar muita transformação. Em tempo, celebramos meu aniversário com ela, num simples café da manhã, celebramos seu aniversário de 79 e de 80 anos respectivamente, tivemos a chance de levarmos ao Povoado São Bento , de uma vez no encontro de irmãos e sobrinhos, de outras do Festejo em Julho, inclusive esse ano, o filho dela mais novo a levou e tantas outras celebrações , ano passado foi homenageada pela Igreja Católica por seus serviços prestados nas missões de evangelizar e porque Maria é nome de  tia mas também é mãe , a história se encarrega de outras intempéries, nesse movimento continuo, o cotidiano de nossa missão, contando, seria infinito...

mantendo a vaidade 

Logo em Março de 2022, depois de quase uma semana internado seu esposo veio a óbito, ainda perguntamos se gostaria de ir ao velório que foi realizado em São Luis, ela se emocionou bastante, mas disse que preferia não ir na despedida... a partir daqui um novo capitulo, mas seguirei a narrativa: organizar documentos, ir atrás da pensão, uma viagem daqui outra dali e graças a Deus tudo deu certo. Aprendi tanta coisa, algumas renuncias, não era fácil fazer intervenção em um “lar” que não era o meu; expulsa por imprudência continuava a missão de contemplar e valorizar a missão para que fui capacitada. Convidei o amigo e psicólogo Everson Sousa que ajudou bastante nos momentos de luto, enérgico e determinado dizia : “vamos tirar dona Maria desse sofá” e tiramos; argumentando , usando outros exemplo; convidei igualmente a Fisioterapeuta Tarsila Barbosa, com dinamismo acompanhou durante muito tempo sua evolução; de igual modo, a Fonoaudióloga Andressa da Mata , esses três profissionais traziam alegria, renovavam seu espírito e seu imaginário trazia muitas lembranças à tona  e porque Maria era quase minha mãe mas foi minha tia , eu precisei honrar com o testemunho para que o Senhor me preparou ...  Obrigada Norma Silva, minha gratidão irmã Luciana Maria, Obrigada Padre James.

Trato aqui de uma doce vida , que foi mão estendida quando era costureira de profissão, quando servidora pública; ajudou nas missões religiosas, quando teve cargo comissionado, trago aqui um pouco da história de minha tia, que foi uma grande irmã, mãe, mulher dedicada e tão abençoada enquanto esteve nesse plano; que tem parte na minha memória de infância e muita parte nesses três anos de cuidados .Cuidei de conflitos, de progressos pessoais, do olhar depressivo e de frustração que  carregava consigo e aqui, não trago textualmente todas as questões porque conversei com nosso Deus e sei que não foi por acaso que fui escolhida para essa transição . Valorizar aqui e reconhecer os cuidados de dona Inês, Laiane, de Dona Ana, Rosa, dona Sandra, Lina, Raquel, Jesus, dona Laudelina, Dedé porque precisávamos de seu sim, diariamente, ...Registro de igual modo a querida Ana Livia Fisioterapeuta que cuidou dela até dia 08 de Agosto, a psicóloga Vitoria Simões , cuidadosa profissional...assim  quinta-feira dia 08 de Agosto eu me despedi de minha tia, dizendo as mesmas expressões quando eu viajava “vou ali, mas volto já já, as meninas estão ai cuidando de você”. Pude em seu olhar perceber a tristeza na despedida ... dessa vez, não foi um até logo, na manhã do dia 09, sem dizer uma palavra, sem sofrimento de maus tratos, minha tia, deixava a todos nós e voltava para junto do Pai. Aqui nosso afeto, nossa troca, nossa expressão de amor e gratidão se encerrava. Por último, e com a mesma importância a gratidão ao amigo, vereador Edinilson Moura, que nos atendeu nos primeiros socorros, aos filhos dela, ao enteado; a todos os meus familiares sem nenhuma exceção, e excepcionalmente meu filho, Tio Bento, Dindinha, e minha mãe. O meu sim do início da missão, traz uma grande simbologia, e se encerra com o sim do Tadeu Junior, que a acolheu nos braços nos últimos suspiros, a levou ao hospital, à funerária, ao sepulcro. Aqui não é sobre ser procuradora. Fique bem por ai, minha tia! Gratidão por tudo. De um dia de até logo, porque Maria mãe: aDeus.

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