De Domingo a Domingo: das lutas ao LUTO


"Há muito mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”, pensador esta muito certo , porque não cabe a nós humanos, controlarmos nada, definir sobre o que pode ou não acontecer, nunca coube! Aqui no Estado do Maranhão, o governo tem seguido as orientações da OMS  desde meados de Março, decretou isolamento social, estabeleceu critérios para o funcionamento de comercio local, abre diálogo, determina , enfim...  e a pandemia tem “enfurecido “  o mundo , os dias por mais diferentes que sejam se parecem iguais: nas manhãs, nas expectativas , nas sensações de deveres e obrigações !  E sobre nossos direitos quase não temos falado. Era isso que Colasanti nos disse “ a gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora, se acostuma mas não deveria...”  Com quais  compromissos poso conviver hoje se não de meu próprio lar? Como tenho enxergado aos que não tem para aonde irem? Em cada amanhecer ao abrimos os olhos, um novo Domingo! Um novo amanhecer! Outro Domingo!  Os dias são de lutas, agora intrínsecas: nossas fobias, nossas limitações; desequilíbrios, solidariedades, sem as preocupações dos trabalhos convencionais, exceto para os que cumprem a quarentena com trabalhos remotos ou estão nas linhas de frente, nos serviços essenciais! Pelos canais de comunicação, tem sido cada vez mais assombrador quando se falam de números de infectados com  o vírus letal.
E a vida segue, assim dizem alguns companheiros, perdemos uns aqui, outros ali, quer seja desse “novo mal”, quer seja de outros, inclusive tão graves quanto,  que já tem levado tanta gente nossa, e   a gente “devia se acostumar” mas não há como ! Ninguém se acostuma! Ninguém quer perder um ente querido! Há chavões que se repetem nas literaturas “enquanto uma pessoa chora, outra ri, é a lei do mundo, a perfeição universal”, e nosso Domingo , dia 26 de Abril foi um desses dias de tristeza, partia para o plano celestial nossa irmã, nossa amiga Laura Alice, antes de ser a mãe do Dr. Christian Guzman, foi mulher de fibra, determinada, atemporal; não se deixou levar pelo preconceito;  conquistou o respeito e amizade de centenas de pessoas, sem pressa! Eu ainda nem era adolescente, conheci Laura através de minha mãe, ela era uma das mais jovens daquela primeira turma de ginasial...Sobre os filhos, dizia : “quero que cresçam, conquistem seus próprios espaços e tomem conta de suas vidas, fiz o que pude”  ! Desde março de 2014 quando seus exames acusaram  a gravidade do problema, convivia com gratidão cada dia,  de suas saídas do Hospital para os passeios;  trocava os dias de dores por mais sorrisos no rosto, não se abalou por inteiro; embalou-se ao som de suas músicas preferidas, dos ritmos que seus filhos adotavam, visitou em 2017 o Santuário de Aparecida , entoava o Hino como os demais  romeiros “ é de sonho e de pó, o destino de um só”! Mas Laura Alice em presença física nunca esteve só,  Liv de Lara, Assistente Social, boa filha viveu de perto toda luta, reforçaram os cuidados e nosso amigo Christian, médico e bem conceituado filho sempre presente “ dei em vida os presentes mais preciosos para minha linda mãe, mais conforto, muitas alegrias, porque somos de origem pobre e tive a chance de formar-me em Medicina; netos lindos e amorosos”, acrescenta “ minha mãe merecia porque foi guerreira em toda sua trajetória de vida” 
Varias homenagens ganharam as redes sociais, através de bonitas fotos, de mensagens, de hinos , de aplausos, apenas a Allian que graças aos esforços da mãe e dos irmãos também faz Medicina fora do país , não veio despedir-se;  mas o abatimento natural deve ser brevemente preenchido pelo orgulho que tem uns dos outros ! Dr. Christian, Dra. Liv de Lara. Dra. Alian  , essa é a verdadeira graça da presença de vida da Laura, nada há de mais empolgante, de orgulhoso do que isso ! Sua visita a Urbano Santos deu-se pela última vez em vida dia 08 de Março e pouca gente soube, mas deve ter ido com aquele sentimento que sempre teve enquanto guerreava contra a doença “aqui esteve uma Mulher forte, guerreira, abençoada,” reverenciar esse dia com as doses de esperança, de oração! Na missa, à tarde, agora apresentada nas redes sociais, todos rezavam por sua alma, por sua família e o refrão entoou “ Fica conosco Senhor é tarde e a noite já vem, fica conosco Senhor, somos teus seguidores também!
Não houve tempo para despedidas mais sólidas, não haveria tempo para dizer adeus, por aqui Liv de Lara não saía de perto e como nosso querido Christian, não é nosso, é cidadão do mundo, correu de onde estava, viajou quilômetros,  para segurar a mão de sua mãe e dar-lhe o último adeus...Na madrugada, nos avisou “ minha linda mamãe partiu, sinto dizer”! E embalados pelo anacronismo atual,  seu cortejo seguiu para o interior sem os “adeuses”, sem a visibilidade, sem a homenagem merecida, sem os cantarolar, mas todos os corações da cidade, ouviram “ o soluçar de dor " de seus filhos queridos, de seus familiares , de seus amigos, Laura cantou a paz, cantou a alegria, e os choros eram de saudades, e de bonitas lembranças, e minha transgressão , nesse dia foi ir pra cozinha, fazer pratos especiais, com pouco sal, e ouvi de minhas irmãs, outra vez a mesma observação... transgredir agora para mim, é dizer que a graça da vida estão nessa dores diárias, no suor do rosto, nas lágrimas que escorrem, nas restrições, nas gratidões; “ a gente somos essa soma”.  Toda graça nos é dada em cada caminhar; são sete dias de sua partida , enquanto isso, seus netinhos mesmo  perguntando  por você em suas inocências, brincam e alegram-se para dar novos risos aos seus filhos, aqueles que foram seus pais, na enfermidade! ! “ Os oios se enche d’agua que até a vista se atrapaia”. Em sua despedida, o adeus dos bons filhos, da boa mãe, dos cuidadosos irmãos , no Bom Jesus de sua infância, de sua origem ! Por aqui, extraio essas poucas partes, com participação de seus filhos, para dizer-te que foste rica de muito... e tua herança ficou bem distribuída! Com afeto, nesse Sétimo dia !

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